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sábado, 27 de setembro de 2008

Mais algumas experiências pessoais sobre os transportes nas cidades paulistas

Achei melhor contar essas experiências juntas, complementos da visão anterior sobre o metrô da cidade de São Paulo/SP publicado mês passado. O que incluiremos neste relato serão a visão do transporte: o pedestre, o usuário de ônibus, o motorista serão alguns dos personagens deste enredo.
Começamos pelo básico: ir a pé hoje em dia, seja na padaria ou farmácia ou mercado se torna mais difícil! Alguns fatores: O comércio de bairro se torna cada vez menor, antes negócios de famílias de várias gerações estão acabando, seja por fatores internos (como outros planos da próxima geração impedindo ou limitando a continuidade, enfermidades, má-administração, falências, etc); como externos (concorrências desleais, migrações de públicos-alvo, má-localização, etc).
A transmutação das cidades ocorre em questões de meses a ponto de deixar um local irreconhecível para quem não é frequentador assíduo de determinada região. O impacto é maior se as lembranças de um lugar evocam ou evocavam grandes emoções: "Eu costumava brincar no parquinho que existia onde hoje é tal prédio...".
Mas por que para falar do pedestre eu acabei divagando sobre a cidade e suas mudanças constantes e até sobre os negócios presentes nos bairros?
Ora, significa que comprar hoje em dia está perdendo ou já perdeu o caráter "personalista", não vamos em lojas onde sabemos o nome do dono ou vendedor de confiança e ele sabe quem somos também, onde podemos pechinchar e até termos os melhores produtos e ofertas. Vamos onde há facilidade de compra, ou seja, onde "tudo" está (shoppings, super-hiper,mega mercados), onde há "ofertas por tempo determinado e enquanto durarem os estoques...", onde há facilidades e um design bonito. Não que ocorram em todos os níveis e em todas as compras que fazemos, mas, por outro lado, é cada vez mais comum pensar nesses estoques modernos quando queremos comprar algo.
Como o comércio de bairro e familiar deixa lugar a grandes redes a opção se torna limitada: ou pagamos os preços, fazemos compras em outro lugar, ou ainda em alguns casos podemos considerar as feiras livres (e imagino até quando elas irão existir...). Mas para concluir essa enorme divagação a locomoção para se comprar é mais e mais comum e geralmente o transporte escolhido é o carro! Outra situação muito comum é o transporte escolar: muitos estudantes não moram perto da escola que estudam, e necessitam de uma carona dos pais ou de um serviço especializado e, dependendo da idade é possível usar o transporte público.
Cada uma dessas situações acrescenta uma carga significativa ao trânsito, não preciso nem comentar sobre os usuários de carros e transportes públicos que se deslocam ao trabalho. No total em cidades ultra-povoadas e sem planejamento ou alternativas o cenário mais provável é o caos. Sem contar os impactos ambientais óbvios, a saúde (física e mental) é prejudicada, o tempo que leva para se deslocar de um ponto a outro da cidade é uma viagem. Mesmo que existam certos confortos em um carro particular, os engarrafamentos afetam o motorista e passageiros.
Falar do transporte público na cidade de São Paulo é interessante. Em primeiro lugar, a até que ponto eles são 'públicos'? E quais os impactos? Sem dúvidas eles são essenciais, sem ônibus, lotações, metrôs, trens e semelhantes como chegaríamos a pontos diferentes da cidade? de um ponto a outro podem chegar a mais de 30km de distância e dependendo do meio escolhido mais de duas horas para chegar... Em certos horários ir a pé, de bicicleta, patins, skates podem ser até mais rápidos que os próprios carros, embora sejam também muito mais perigosos já que a cidade não está preparada para esses transportes. Além das motos e carros, as bicicletas também buscam seus espaços, infelizmente, na rua.
Não sei a solução 'ideal' para a mobilidade da cidade, mas acredito que sem pensar em todos os aspectos - e aqui a inclusão das necessidades e atenções especiais e singulares é fundamental -, em TODOS os tipos de pessoas e formas de transportes e sem levar em conta as diversas necessidades da população dificilmente alguma proposta se sustentará e será efetiva por muito tempo.

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