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domingo, 21 de setembro de 2008

A acessibilidade, inclusão e abrangência dos debates ambientais e sua institucionalização

Bom, sei que o título pode parecer extenso e o tema complicado, mas é na verdade muito simples e pode ser resumido, mesmo que porcamente em uma frase: "Discutir sobre a Sustentabilidade e as questões ambientais está se tornando um movimento cada vez mais elitista...". Não podemos, é claro, generalizar e aplicar esta frase a todos os movimentos e casos envolvendo as questões, pois são vários aspectos e fatos que tornam impossível o controle total.
Estou me referindo neste caso para ser mais específicos as decisões e programas tomados em âmbito governamental (nacionais ou internacionais), acadêmico e empresarial. Até mesmo alguns dos movimentos ditos da sociedade civil podem ser colocados neste elitismo decisório. Mas o que significa esta elitização? Dependendo do ângulo que se analisa o elitismo tem vários aspectos e sentidos, nem sempre tão fácil de ser percebida.
Alguns fatos que nos levam a falar da elitização: a maioria dos encontros e discussões ambientais, pelo menos na realidade brasileira, são pouco divulgados ou tem uma taxa de ingressos tão altos que limitam a entrada daqueles que mais são afetados pelos problemas e desastres ambientais. Os baixos níveis de educação e saúde, a preocupação com a taxa de emprego, violência, moradia e outras que são mais acentuadas em países com alta desigualdade social como ocorre na América Latina prejudicam ou colocam o debate ambiental abaixo destas e outras preocupações mais "imediatas" da população.
Apesar da mídia e dos meios de comunicação em massa divulgar cada vez mais a questão sobre a importância do ambiente e do "aquecimento global" o próprio formato da mídia e do modo como ela é divulgada torna o assunto repetitivo e superficial o que pode causar um falso senso comum saturando a população e ao invés de mobilizar a população acaba afastando-a, criando barreiras e até um certo “pré-conceito” sobre a atuação e importância do tema.
"Sabemos que é importante preservar o ambiente para nossa sobrevivência e para o futuro da humanidade, mas não fazemos a mínima idéia do que fazer e nem se há necessidade de todo esse alarde..."
Formar a consciência ambiental não é afogar-nos em notícias e assuntos envolvendo os temas mais "populares" e achar que é o suficiente saber o que ocorre. É preciso primeiro raciocinar, refletir sobre tudo o que ocorre a nossa volta, de que forma afetamos e somos afetados; influenciamos e somos influenciados por tais acontecimentos. Compreender como as relações nos seus diversos níveis (pessoais, escolares, trabalhistas, locais, nacionais, internacionais, globais etc.) fazem parte de um Sistema, ou Sistemas, que formam e estruturam as sociedades modernas.
É através do conhecimento que temos acesso e compreendemos o que ocorre a nossa volta, para isso é necessário uma divulgação e um cultura da informação, ou melhor da busca pela informação de forma ampla, consciente e responsável. Sem a educação e uma formação e cuidados básicos da população isso se torna mais difícil, com a ignorância vemos a facilidade de manipulações e de "memórias seletivas" de certas populações. Informações incompletas ou parciais se tornam o suficiente para acalmar multidões revoltosas com sua situação.
Para concluir é preciso entender toda a formação social, suas formas de governos ao longo da história, as decisões, escolhas e legados de seus antepassados e líderes. Todas as relações sociais envolvem uma diversidade de fatores que tornam praticamente impossível algum tipo de previsão do futuro 100% confiável, mas cada vez mais surgem formas de controle para tentar conter os imprevistos. Enquanto as discussões ambientais e as ações e projetos não contarem com um alto nível de integração, participação e entendimento da sociedade com um todo dificilmente ele terá sucesso ou será adotado.

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