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quinta-feira, 25 de março de 2010

Há algo errado? As propagandas para além da publicidade

No dia 27 de março de 2010 está programado uma ação, organizado pela ONG WWF que se chama "A Hora do Planeta". Conta com ampla participação, inclusive de governos e prefeituras do mundo todo. Segundo o próprio site da instituição no Brasil: "O movimento acontecerá em 117 países e 2.383 cidades. 812 monumentos e lugares ao redor do globo ficarão no escuro durante a Hora do Planeta." A ideia dessa mobilização consiste em fazer um "apagão voluntário", no Brasil ficou estabelecido o horário entre as 20:30h às 21:30h, horário de Brasília. (para maiores informações www.wwf.org.br)
 O que vale aqui é um comentário rápido. Primeiro dizer que esta é uma iniciativa louvável e tem grandes méritos, pode ser que vire uma data comemorativa ou pelo menos nos moldes das datas comemorativas que buscam refletir sobre um assunto. A questão da energia, usos e recursos disponíveis são algumas das intenções com a Hora do Planeta, mas que busca ir além de uma simples data no ano.
  E esse deve ser um dos maiores desafios, fazer com que seja lembrado e relembrado constantemente e não só quando nos aproximarmos dessa mesma data, num próximo ano. A conscientização só é possível com um trabalho constante que possa internalizar a mensagem e integrar as pessoas. Que se possa  refletir e discutir propostas, ideias e projetos  de forma que se chegue a um consenso ou pelo menos em uma situação e/ou condição aceita por uma ampla maioria. Se não conseguirmos dessa forma é muito difícil termos sucessos sustentáveis.

terça-feira, 16 de março de 2010

Entre Belo Monte e a miopia de uma forma de pensar o futuro

Belo Monte, a próxima grande hidrelétrica brasileira, estimada a ser a terceira maior do mundo. Logo após Itaipú (na fronteira entre Brasil e Paraguai) e Três Gargantas (na China). Entre os vários problemas e polêmicas que essa iniciativa do governo brasileiro vem causando é a inundação de uma área aproximada de 500 km2 em plena floresta Amazônica, afetando também diversas populações ribeirinhas, inclusive indígenas.
A discussão sobre a necessidade ou não do empreendimento é longa. Mas acho que aqui cabe mostrar um outro ponto. Para começar a escolha desse projeto já é complicada e fala muito sobre a visão que o governo emprega sobre o que é geração de energia "limpa". Não é por que a emissão de CO2 é baixa após a instalação e funcionamento de uma usina que seus impactos não devem ser considerados.
Em qualquer empreendimento há impactos e desgastes técnicos e espaciais que não podem ser ignorados. A geração de energia de uma hidrelétria depende de sua capacidade de reserva e vazão de água. E a água vai ser um dos grandes desafios para as próximas décadas, contar com o que existe hoje para uma geração futura pode ser um erro catastrófico. Pensando por um lado positivo, eles terão que preservar muito para manter o nível perto de padrões atuais.
Entre as diversas alternativas muito mais compensadoras e mais sustentáveis, talvez não tão eficientes por enquanto, mostram potenciais de crescimento que não é possível com as grandes hidrelétricas. Ignorar a energia eólica e solar, principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil é um erro que já foi demonstrado diversas vezes. Até mesmo as diversas declarações de que o futuro é nuclear é preocupante.
 Não é que essas formas de geração de energia são erradas, acho que em muitos casos ela pode ser aceitável. O que incomoda é que estão ignorando alternativas que podem ser muito mais compensadoras a longo prazo e que inclusive criaria incentivos à novas tecnologias e novas formas de pensar a infra-estrutura do país.
A discussão então é muito maior do uma instalação de uma represa gigantesca no meio da floresta acabando com tudo, dificultando acesso e provavelmente encarecendo a transmissão de energia e qualquer tipo de manutenção. É a visão de país que temos e qual país queremos no futuro, isso vai muito além da escolha de um modelo de geração de energia elétrica. Mas é representativo do que a política, cultura e sociedade se posiciona sobre o tema e como isso influencia todo o resto.
Além disso, um país que defende a diminuição da emissão de gases do efeito estufa e que tem seu maior problema no desmatamento e degradação de seu patrimônio natural, pode se dar ao luxo de inundar uma área riquíssima de floresta tropical? Acredito que não, principalmente por que há alternativas viáveis a esse projeto. Não é como se fosse a única escolha possível, mas infelizmente está sendo tratada desse modo por muitos. Isso é um atraso em tantos níveis que os impactos vão muito além dos 500 quilômetros quadrados.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os motivos para ser ou não paranoia e sentimento de imbecilidade.

As questões ambientais já são temas constantes, tanto que chegam a um ponto de saturação em alguns casos. Não que seja uma coisa ruim, pelo contrário, a ideia de que há cada vez mais pessoas abordando e pensando sobre o assunto é melhor. O problema é quando se é bombardeado por coisas que acabam banalizando o assunto.
Ainda não cheguei a uma conclusão, mas acredito que estamos chegando mais perto do banal do que da reflexão e entendimento. Fica claro de que o debate sobre a Sustentabilidade veio para ficar, mas quem está debatendo e o que isso implica no nosso dia a dia é cada vez mais complicado.
As diversas notícias e debates tentando explicar o que é "sustentável" e "ecológico" passam por uma diversidade de abordagens que podem confundir o público em geral. Especialmente os que são mais suscetíveis a acreditar em "qualquer coisa", que geralmente são os mais afetados e que correm os maiores riscos. A desinformação é tamanha que pode-se deturpar até mesmo o senso comum.
Por exemplo, todos sabem que é preciso preservar as nossas florestas. Mas o por quê dessa preservação? Será que é para garantir a umidade relativa e a temperatura? Para que as próximas gerações tenham uma melhor qualidade de vida? Ou preservar a biodiversidade e a renovação e usos sustentáveis dos recursos naturais? Será que é para preservar a vida humana, o seu alimento e riqueza? Ou salvar o habitat natural dos seres vivos? Para garantir que não sejam dominados por outros Estados? Essas e tantas outras explicações fazem parte das motivações que uma pessoa tem para preservar a floresta. 
Podem ser todas as questões acima e muitas outras. Existem até motivos para que a floresta não seja preservada, podem estar relacionadas com a questão dos recursos, riqueza e até mesmo fantasmas e espíritos ou outras explicações. Enfim, o motivo que cada um pode ter é praticamente infinito. Isso não significa que não se pode chegar a certo parâmetros e algum senso comum, sendo assim os fantasmas, malignos ou não, não teriam muita força como justificativa para se destruir a floresta, pelo menos não nesse século. Espero eu.
No final das contas são tantas abordagens, experiências, visões e sentimentos envolvidos que não se pode estreitar o debate em generalizações simplórias, nem por isso transformar em um culto alienígena.
O processo em que a sociedade vai se adaptar depende de uma série de fatores: meio ambiente, educação, cultura, economia, a própria sociedade, sua estrutura e capacidade de adaptação, integração e interação intra e internacionais, informação e os processos comunicativos e midiáticos, tecnologia, subjetividade, política e tantas outras que tornar o quadro geral uma trama tão complexa quanto frágil.
Fazer desse emaranhado algo compreensível não é fácil, muito menos prever o resultado final. Afinal, o fator humano é o diferencial mais significativo e mais imprevisível dessa equação. São coisas que podem surpreender e chocar, mas também emocionar e maravilhar. Acho que os sentimentos, aliados a capacidade comunicativa, são elementos fundamentais nas nossas vidas.
Não devemos menosprezar o poder da linguagem e do discursos capaz de mobilizar milhões de pessoas, para o bem ou para o mal. A emoção é um sentimento poderoso: A imagem de uma floresta sendo incinerada, enquanto os animais tentam escapar pode fazer uma campanha de preservação e combate ao desmatamento e incêndios criminosos muito mais efetiva e eficaz, com maiores colaborações, denúncias e mobilizações do que uma nota técnica cheia de dados, fatos e estatísticas apresentadas de forma técnica e imparcial.
Isso pode ser visto como manipulação, e não deixa de ser. Por mais que uma informação ou notícia seja apresentada de forma imparcial ela tem uma influência e uma tendência por trás dela, variando de intensidade e exposição, mas que nem sempre são capazes de influenciar a opinião pública.
Há casos em que mesmo essa imparcialidade leva a polêmicas, mais pelo tema em si do que por quem noticiou o fato. Afinal é cada vez mais difícil esconder o fato em si do que deturpar o seu significado. Então há noticiários tendenciosos ou não, editoriais, formas de publicidade e propagandas que buscam informar o cidadão do fato e, talvez mais ainda, dar a esse fato um significado e/ou explicação que mais lhe seja "apropriado".
Existem momentos e temas que podem realmente confundir a cabeça de tantos lados e possibilidades que se apresentam. E isso pode levar alguém ao extremo de não confiar mais em nada em ninguém e achar que tudo é uma grande invenção da CIA ou dos alienígenas. E nem saber qual dos dois é mais "malvado". Podem inclusive levar a mal entendidos e mal estar constantes, principalmente por parte dos políticos e humoristas por declarações confusas e mal esclarecidas e como são interpretadas e reproduzidas.
É preciso ter cuidado para não ser enganado ou se confundir com o tanto de informações que recebemos, tomar cuidado também com a fonte e origem dessa informação, se é verdadeira e se existe uma base para ela. Criar informações falsas e disseminar boatos é extremamente fácil na era da Internet e da comunicação instantânea.
Novos problemas surgem e as adaptações e soluções também aparecem. Só não podemos esperar que os outros façam TUDO para nós, pois corremos o risco de estarmos sendo completamente enganados e sem ao menos perceber. Também não se pode ir ao outro extremo e se isolar e tentar fazer tudo sozinho, afinal é quase impossível e muitas coisas que fazemos sozinho não são tão boas assim. Não é verdade?