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sábado, 20 de dezembro de 2008

O "Ser" Sustentável é uma ideia, um conceito ou uma possibilidade?

Pensar a Sustentabilidade não é uma tarefa simples. Principalmente quando não sabemos realmente o que é ou não "sustentável". Para simplificar o pensamento e levar a uma reflexão maior, vou usar a definição mais aplicada no termo "desenvolvimento sustentável" - que é atender as necessidades presentes pensando e garantido a qualidade de vida das gerações futuras (idéia presente no Relatório Brundtland, intitulado Nosso Futuro Comum de 1987).
Não basta apenas considerar as gerações futuras, é preciso pensar na situação atual, na questão ética, política, social, cultural, enfim, em todos os aspectos que envolvem nossas vidas. Hoje em dia o termo "sustentável", comumente aplicado em diversos planos, idéias, propagandas, metas que envolvem diversos lugares, pessoas, culturas e sociedades, mas será que a definição, o entendimento, a vontade, a aplicação e o comprometimento é o mesmo? Não podemos esquecer que as pessoas por mais que vivam em sociedades e compartilhem muitas coisas, locais e experiências são únicas e tem noções e idéias "individuais" - mesmo que algumas delas sejam compartilhadas por outros tantos indivíduos é difícil todas serem - e sua intensidade e importância também variam. São vários fatores a serem considerados e que passam a ser relevantes
Mas a idéia deste texto não é ser pessimista, mas aproveitar para ressaltar as possibilidades que a Sustentabilidade nos apresenta. Não apenas uma forma de desenvolvimento humano e tecnológico, mas considerando a responsabilidade, a ética, o futuro, culturas e sociedades que fazem parte dos diversos processos e práticas cotidianas. A questão ambiental também é, como já disse, uma questão pessoal e por isso a importância da conscientização nos diversos níveis: familiar, local, global, nacional, internacional, interestatal, acadêmico, governamental, escolar etc. Pensar e agir sustentavelmente é um trabalho em progresso, em constante
transformação e adaptação que não pode parar, mesmo quando for eficaz e eficiente bastante para ser algo "comum".

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tecnologia(s) do Futuro, futuro das tecnologias. Poder, Conscientização, Possibilidades

O que dizer dos desenvolvimentos tecnológicos? Será que contribuem para melhorar nossas vidas? Será que serão os grandes vilões? O que podemos esperar?
Embora exista uma série de questionamentos sobre o futuro e o que nos aguardam pela frente, não podemos esquecer os principais processos que nos levam a "descobertas" ou "invenções" capazes de mudar a sociedade como um todo; seja através de
sonhos (representados pela curiosidade e vontade humana), a necessidade que é o outro "motor" do desenvolvimento científico e até mesmo por acidentes ou "sorte". Quero dizer que há uma série de fatores que devemos considerar que estão intimamente ligados com o próprio desenvolvimento humano e que moldam as sociedades existentes e a nossa imaginação, a própria linguagem e a comunicação estão ligadas diretamente ao poder e está ao lado, por exemplo, de grandes "descobertas" como ao uso do fogo e da roda. Mesmo que estes elementos nos pareçam comuns e cotidianos eles são fundamentais para nosso modo de vida, afinal de contas sobreviver sem o uso do fogo para nos aquecer, cozinhar nossos alimentos, espantar animais, moldar metais e vidros etc. A roda que permitiu maior agilidade, velocidade e que uma maior quantidade material fossem transportados por longas distâncias com um uso muito menor de força é usada até hoje nos mais diferentes tipos de transportes, mesmo nos transportes aéreos há o uso da roda para pouso e decolagem. Mas sem a escrita e o poder de comunicação através da linguagem não há como saber se o fogo e a roda seriam desenvolvidos como são atualmente até se tornarem parte de algo muito maior do que eram inicialmente.
O acúmulo de conhecimento, saber e informação permite o desenvolvimento das tecnologias humanas pela sua capacidade, praticamente ilimitada, de "reter a memória" da humanidade através de livros, quadros, fotos, vídeos, artigos, ensaios, gravados no papel, eletrônico ou digitalmente. Isso nos permite entender nossos próprios pensamentos, mas também compartilhar e desenvolvê-los. Aliás a própria capacidade de desenvolver nossos pensamentos é influenciada pela família, pelos amigos, pela escola, professores, livros e lugares que vemos e apreendemos além de uma complexa relação envolvendo além dos fatores citados, há sentidos mais subjetivos e sentimentos que não podem ser ignorados nestes processos.
Há um fator humano no desenvolvimento das tecnologias, manifestados por determinados gostos e interesses pessoais que não são necessariamente iguais, não importando se são pessoas que trabalham para um mesmo projeto ou objetivo. E, pode parecer contraditório para alguns, mas a existência da diversidade é um fator positivo em muitos casos. Um problema que não se encontra uma solução, por exemplo, pode se beneficiar por abordagens e pensamentos "diferenciados" e diversificados. Mas também é preciso cautela justamente pelo fator humano implicar emoções, sentimentos, erros de julgamento e cálculos que parecem bons na teoria ou discurso, mas muitas vezes impraticáveis ou, quando o são, não chegam nem perto de suas propostas ou metas.
O que isso implica para o futuro e suas relações com o poder, a cultura e a sociedade? E como devemos agir perante esses questionamentos que surgem com o tema? Não importa como serão desenvolvidos as "novas tecnologias", se elas não considerarem a história, a cultura, a sociedade e outros tantos fatores de forma abrangente, complexa, integrante, ética, suas causas e consequências podem se tornar motivos de preocupação ou motivo nenhum.

sábado, 29 de novembro de 2008

O consumo pode ser sustentável e ecológico, mas...

Quando se trata da questão do consumo diretamente ligado com a Sustentabilidade devemos tomar cuidado com certas afirmações e discursos. Isso quer dizer que o consumo pode ser visto como uma preocupação, mas não de forma tão simples. Explicações que afirmam que o consumo é um mal que deve ser combatido de todas as formas é meio estranho, afinal de contas precisamos consumir alimentos, água, roupas, moradia, transporte, ar e uma séria de coisas que fazem parte da própria existência humana e da sociedade. O problema se encontra no exagero e nos excessos em contraste com as necessidades básicas, claro que o ser humano não necessita de coisas somente materiais e a sobrevivência não é o único objetivo; consumimos arte, lazer, cultura, educação (de certa forma) e diversas outras coisas que fazem parte da vida. Nas palavras de Edgar Morin: "O homem é 100% biológico e 100% cultural". Integrado e interagindo com e em sociedade, pessoas, lugares, locais, crenças, culturas, etc.
Não vivemos apenas por viver, nem comemos apenas para nos alimentarmos ou bebemos para saciar uma necessidade biológica, necessitamos que estas experiências tenham ligações profundas, e em alguns casos profanas, com outras sensações, com outros significados. Para uns o próprio consumo é uma arte, um ideal a ser buscado, para compensar frustrações ou por uma série de outros motivos pessoais ou personalizados. É uma questão cultural, social, política econômica, psicológica, biológica etc., e principalmente dificilmente identificada se for avaliada de forma fragmentada e se ignorar a complexidade dos fatores envolvidos.
Como podemos agir ou mesmo opinar sobre o "dilema" do consumo se as implicações deste consumo estão ligadas a tantas outras situações que nos impedem de identificar a razão pela qual ocorre? Podemos dizer que consumir em excesso e exageradamente é algo prejudicial, mas temos que analisar os parâmetros e as perspectivas. Embora contraditório é compreensível que haja apoio a um maior gasto governamental e em políticas públicas que melhorem a qualidade de vida, saúde, educação e uma série de outros "bens" produzidos por governos e pela sociedade como um todo. Há diversos estudos que dizem que estamos consumindo mais do que o limite aceitável de recuperação e que tal depredação gera impactos negativos.
O consumo ajuda a piorar a situação, se o ideal ou o "padrão" a ser seguido para melhorar a qualidade de vida for o nível de consumo de países desenvolvidos. Existem mais de 6 bilhões de pessoas vivendo no mundo o dobro se comparado a dados da década de 1960, aliado a busca de desenvolvimento, a obsolência e descartabilidade dos produtos consumidos há muito com o que se preocupar. Mas há esperanças para uma melhor condição de vida que não envolva um consumo desenfreado - que pode esgotar a própria vida na Terra -dentro das perspectivas de desenvolvimento, em diversos setores da sociedade, práticas e processos cotidianos.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Luxo ao Lixo

Há uma série de estudos que calculam o valor do "lixo", isso mesmo, aqueles objetos, restos e uma série de dejetos e "sujeiras" produzidas ao longo do dia por nós e que não podem, em alguns casos nem devem, ser armazenados em nossas casas seja por questões de higiene ou, como é mais comum hoje em dia, prática. E esse cálculo está na base de bilhões de reais, um desperdício considerável... Mas vamos imaginar o motivo deste cálculo ao invés de suas contas específicas que é a minha preocupação neste texto.
Primeiro devemos lembrar que a dinâmica das cidades leva a um aumento na produção de dejetos e ao aumento do desperdício, mesmo que indiretamente. Isso por que há cada vez mais cidadãos co-habitanto em rotinas que não permitem muito espaço para se pensar no cotidiano. A rotina em muitos casos é comprar comida pronta e embalada, pré-fabricada, que basta adicionar água quente ou ir a uma lanchonete mais próxima. Não digo que seja a rotina de todas as pessoas do mundo, mas é corriqueiro nas cidades, com um aumento expressivo nos finais-de-semana. É compreensível que a pessoa cansada pelo estresse da semana não queira cozinhar nos seus dias de folga, mesmo que não cozinhe durante o resto da semana.
O fato de 2008 ser lembrado como o ano em que a população urbana da América Latina e Caribe ultrapassou a população rural é um outro dado a ser levado em conta neste processo, também não significa melhores condições de vida ou melhores oportunidades a esses novos 'migrantes', mas um importante fato que deve ser analisado com mais foco em outro artigo, apenas lembrar que muitos dos que chegam sem perspectiva ou apoio acabam enfrentando dificuldades e o que é considerado por muitos como "lixo" é talvez o único modo de sobrevivência da maioria. Isso sempre me remete ao documentário, curta-metragem de 1989 - "Ilha das Flores", muito fácil de achar em diversos sites e muito comentado por seu humor e exposição crítica. Mostrando como muitos vivem do lixo, sendo os porcos mais cuidados que seres humanos.
Ainda existe a questão da reciclagem, reutilização, repensamento envolvido neste tema. Se há um maior consumo não só de alimentos como produtos e embalagens eles podem ser reaproveitados ou reciclados, mas isso também depende da população e de governos que investem em políticas e incentivos a estas ações. Repensar também o consumo desenfreado e a necessidade envolvida, se é para alimentar ou satisfazer-se pelo produto ou simplesmente pelo ato de comprar? Você precisa mesmo disto ou daquilo ou foi levado a acreditar nisso? Não quer dizer que você deva viver longe de tudo e de todas as coisas, mas devemos admitir que há como evitar exageros, mesmo que nem sempre.
O que eu quero dizer é que há uma preocupação com o lixo, principalmente como iremos armazenar os restos e resíduos produzidos daqui a alguns anos na cidade? Teremos que exportar como foi o caso de Nápoles, cidade italiana neste ano mesmo? Pagar para alguém ficar com o lixo dos outros? Sendo que a reciclagem e o reaproveitamento podem ser de mais de 70% dos materiais jogados fora e a reutilização da parcela orgânica para adubos e combustível. Sim há um rico mercado inexplorado que é o lixo, mas não é tão simples assim. Envolve políticas e incentivos públicos, uma infra-estrutura e uma educação da população, afinal de contas para que ela vai se preocupar em jogar uma embalagem, lata ou garrafa, mesmo um papel de bala em uma lixeira que está a menos de dois metros se há o chão para isso?
E eis nossa última questão de hoje: a própria sociedade. Sim, eu, você, nossos familiares, amigos e conhecidos. Não deveria ser uma preocupação de todos? Vamos pensar no caminho dos dejetos que você descarta dia sim, dia não e o lixeiro recolhe. Ele não some miraculosamente, tem que ir para algum lugar, geralmente lixões e aterros, onde estão esperando para serem geralmente enterrados, queimados ou simplesmente largados no terreno. O material que poderia ter sido reaproveitado vai acabar se decompondo com outros materiais e sendo inutilizado virando o velho e mal-cheiroso conhecido "chorume", altamente poluente e que acaba penetrando em lençóis freáticos indo parar até nos rios e na água que bebemos e usamos na agricultura e no dia-a-dia; além desse chorume, o ato de jogar dejetos na rua ao invés de locais apropriados que acabam parando em bueiros e esgotos - entupindo e possivelmente causando enchente ou indo parar nos rios para a água que bebemos e usamos na agricultura e no dia-a-dia - aumentam, em ambos os casos, os custos do governo na limpeza e tratamento de água e esgoto que conseqüentemente aumenta o custo da água e dos impostos para toda a população.
Ao invés de lucrarmos com o lixo, pagamos mais ainda pela falta de planejamento e reciclagem. O número de aterros é limitado e não há mais para onde crescer se o ritmo continuar, o que poderia ser aproveitado acaba sendo inutilizado, não é que perdemos bilhões por causa do lixo, pelo menos não diretamente, mas deixamos de economizar e lucrar estes bilhões e não podemos esquecer que os recursos naturais que possuímos são limitados e finitos, se tudo virar chorume o que faremos?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Os novos ares e a sociedade perante a "crise" mundial.

São diversas as implicações possíveis que estes últimos meses anunciam. As preocupações com o futuro da economia mundial, ou melhor, dos mercados financeiros levam a especulações sobre como e quando a situação será estabilizada e os temores se vão. Há inclusive preocupações sobre a questão ambiental. A ex-Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina da Silva, em tom pessimista diz que a situação de crise afetará ações ambientais, embora o atual Ministro tenha declarado que as ações ainda não foram e não serão afetadas. Espero que não. Mas
mesmo que não sejam afetados, a questão deve ser vista com cuidado e reais preocupações, pois em momentos como esse que nos encontramos, em que a "crise" afeta direta e indiretamente milhares de pessoas ao redor do mundo, tendem a tornar a questão ambiental e muitas outras que já não são consideradas "essenciais" se tornam secundárias, terciárias etc.
O que preocupa é como as ações
, ou sua falta, em um setor da sociedade afeta o todo, e vice-versa. Parece uma coisa muito complicada e realmente é, não existe nenhuma teoria, nenhuma equação nenhuma política que consiga prever 100% dos resultados, principalmente quando envolvemos o fator humano na equação. Devemos lembrar que para toda ação existem diversas conseqüências, algumas delas imprevisíveis, que gerarão outros impactos e outras ações sucessivamente. Não significa que devemos optar, então, pela inação, pois também geram conseqüências. Em outras palavras, imortalizadas por um cantor brasileiro: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come".
Quais as dimensões reais desta crise financeira que iniciou-se nos EUA e que assolou as bolsas financeira do mundo e diversas empresas? Quem foram os mais prejudicados? Quem ainda será afetado?
Existem até mesmo pessoas que lucraram, e muito, com a crise, mas sempre existem "mercadores da morte" não importando muito a circunstância. Não que seja este o caso... O que devemos considerar e que nos preocupa é se o 'modelo' e o 'sistema' mundial foi afetado. Como fica a questão da sustentabilidade no turbilhão? Enquanto milhares de pessoas estão desempregadas, sem-teto, sem apoio ou perspectiva ao redor, e sobre o mundo há uma preocupação de que os esforços para estruturar uma sociedade mais justa e sustentável sejam menores. Mas estas situações e diversas outras piores eram e são encontradas muito antes da crise atual e muito antes das diversas crises dos séculos passados.
Não existe fórmulas perfeitas e previsíveis para resolver os problemas existentes ou que virão, mas há escolhas que visam o bem coletivo e outras que privilegiam indivíduos ou grupos. Como as identificamos depende do tempo, do contexto, da sociedade e de uma série de fatores e, principalmente, quais as perspectivas estão baseadas. Se você acha que o problema do aumento da violência e assalto de uma determinada região é o aumento da concentração de criminosos você pode acreditar que aumentar o policiamento e o número de presídios seja a ação mais correta a se tomar. Mas se você considera que essa situação, que está relacionada com o aumento da população em geral, da má distribuição de renda, desemprego, baixos níveis de saúde e educação, uma falta de planejamento urbano, familiar as ações podem ser diferentes e variadas.
Os atos mais hediondos são justificados para o bem de alguma causa, indivíduo, grupo, nação ou país. A ética é maleável e contextual, por isso perigosa nos usos e abusos,convencer os outros do que é certo e estar certo são coisas diferentes - o que afinal é o "certo"? Muita coisa do que fazemos no dia-a-dia passa despercebido como algo 'natural', 'cotidiano' e até 'sem importância', mas será mesmo? Pensar nos nossos próprios atos é um exercício necessário, que pode nos ajudar a entender melhor o mundo

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A visão de mundo e a visão do mundo.

A individualidade é uma característica que aparece em discussões sobre os mais diversos temas e tanto pode ser positiva ou negativa dependendo do seu enfoque, argumentos, defensores e opositores, exemplos, práticas, contexto, cultura, enfim um sem fim de fatores podem influenciar o posicionamento sobre determinado tema e não só a individualidade. Mas por que a preocupação com o indivíduo em uma sociedade de bilhões e bilhões de seres? O ser considerado humano é diferente entre si e entre outros seres?
Sem querer entrar em uma viagem filosófica muito densa ou tentar achar toda a complexidade deste fator, devemos somente lembrar que a espécie a que fazemos parte se considera diferente a outras espécies do planeta ao afirmar que é o único capaz de obter "consciência" e armazenar através da escrita memórias sobre seus atos e com isso pode ser capaz de refletir sobre sua própria vida. Como disse antes isso é apenas uma mera simplificação do debate sobre a espécie humana, devemos lembrar que ainda existe uma relação muito mais complexa do que inicialmente suponho.
O que não se pode ignorar é a velocidade do desenvolvimento de nossa "espécie" no mundo atual. Em comparação com a própria existência do universo, estudos humanos (contestado por outros) indicam que nós somos recentes e já temos um papel crucial para o futuro da vida como um todo. Uma das explicações se deve ao fato da própria acumulação do conhecimento e da habilidade motora, da imaginação e do indivíduo,uma invenção surge inicialmente da mente de uma pessoa, embora existam casos de inventos e processos similares que surgem ao longo do tempo em locais diferentes, mas sem comunicação aparente entre os diferentes inventores - tanto que são parecidas, mas difícil serem idênticas. Disto há duas considerações, ou melhor duas questões: O fator das idéias e os indivíduos. Mesmo sendo uma interação questionável sobre tais fatores, eles não podem ser ignorados, pelo contrário deveria ser cada vez mais analisado e debatido. Deixar que uma idéia se propague sem reflexão, aceitar sem dúvidas é positivo? Não que devemos questionar até a exaustão todas as minúcias e todos os aspectos possíveis, imagináveis e além.
Das duas formas podem ocorrer falhas uma pela falta de reflexão que leve a uma falta de participação e baixa aceitação (superficialidade) outra pela excessividade que gera debates intermináveis que não conseguem sair de uma 'circularidade pobre', muitas vezes por detalhes que não acrescentam muito para o cotidiano de uma maioria que poderia ser beneficiada, ou mesmo prejudicada, com as ações resultantes. Para simplificar: devemos pensar e refletir bem sobre nossas ações e nosso modo de vida, mas devemos tomar cuidado para que a reflexão não seja a nossa única ação.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O que nos espera pela frente? Exageros e Ilusões ou algo mais?

Não sabemos mais como o mundo será, mas podemos fazer algumas considerações baseadas em eventos recentes. Aliás, circula a muito tempo pela internet uma suposta carta escrita em 2070 que pode ser encontrada em diversos lugares da internet (páginas de buscadores e até no you tube). O futuro é visto como algo tenebroso e angustiante, um retrato que mostra a cobiça humana e a inação como causas de um mundo destruido, sem água e com uma população em constante sofrimento. Este não é o único relato que prega o fim do mundo se não houver mudanças significativas nas atitudes e visão de mundo das pessoas.
Mas será que podemos prever algum aspecto em futuro tão distante? É claro que não existem predições ou estimativas para longos períodos que estejam totalmente certas, talvez com sorte; mas não podemos negar que há uma série de fatores incertos e imprevisíveis - o clima, o universo, o território, espaço, tempo, terrenos, solos, etc., etc.. O fator humano também imprevisto e incerto em suas ações e atitudes agregam ao contexto mais incertezas e imprevisibilidade.
Será que mesmo com tantas considerações há um modo efetivo de se prever o que irá acontecer em uma escala de tempo maior que 50 anos? Podemos saber algumas coisas como o possível aumento das cidades, estimativas sobre a economia, lembrando dos limites dos recursos possíveis, ou seja, o crescimento não pode nem será ilimitado. Isso faz pensar na reciclagem como cotidiana , necessária e fundamental para a sobrevivência e qualidade de vida das gerações futuras.
Uma série de outros fatores envolvendo desde a educação e convívio social a diversas outras necessidades flexiveis, mutáveis e que são adaptadas e adaptáveis ao longo do tempo. Para pensar no que isso implica para o futuro, o que não é uma tarefa simples e fácil, não podemos deixar de lado os aspetos bio-físio-quimico-eco-trans-multi-poli-hiper-complexo-inter-intra-sócio-econômico-cultural-político-nacional-global-local-glocal e todas as relações envolvendo tantos aspectos quanto imagináveis e além.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O tempo da amnésia: O papel da política para a sustentabilidade.

Que lições podemos tirar do recente "espetáculo da democracia" anunciado recentemente, e ainda 'acontecendo' no Brasil? Para quem não sabe o que estou falando é sobre as eleições municipais. Embora a disputa em diversas cidades para prefeito ainda continue em todas já estão definidos quem serão os vereadores e em várias cidades já se definiram também os prefeitos. Mas por que as preocupações ambientais devem ter atenção aos acontecimentos da administração pública? Ora, quem está diretamente responsável pela manutenção e criação de ruas, iluminações públicas, escolas, hospitais, parques, reservas, coleta seletiva e uma série de outras ações que são tão comuns e familiares para a maioria da população? Infelizmente nem todos contam com esses serviços e recursos, principalmente os bairros e 'favelas', marginalizados e estigmatizados.
É através da administração de prefeitos, governadores e presidente e das legislações, feitas por vereadores, deputados e senadores, que uma cidade se estrutura e desenvolve-se. A esfera de atuação municipal é desempenhada pela prefeitura e pelos vereadores, é claro que devem respeitar normas e procedimentos definidos pelo governo Estadual, pela Constituição Federal e outros mecanismos, mas também existe certa autonomia nestas gestões, afinal para que serviriam administrações públicas representativas municipais se o governo Estadual fosse encarregado por tudo? E com que estrutura o controle estadual atuaria?
Se há um responsável direto em cada cidade pela manutenção e bem estar (hierarquias de poder descentralizados), então há formas de cobrança por parte da população, fiscalizando o que e como são feitos projetos e ações na e para a cidade. Para isso é necessário uma série de requisitos: transparência, acesso e acessibilidade, autonomia, dedicação, ética, responsabilidade entre outros indispensáveis para o governo e a governança.
Sem a existência de tais mecanismos ou sem um nível aceitável deles a oportunidade para 'desvios', erros nas ações e demoras sem justificativas aceitáveis são mais fáceis e comuns de ocorrerem. Talvez o problema esteja aí: sem haver interesses e cobranças e com certos procedimentos ocorrendo de forma cada vez mais duvidosa, sem a participação ou mesmo conhecimento da população, sem estudos sobre os impactos e conseqüências que devem ser esperadas as chances de ocorrerem falhas aumentam expressivamente. Nem sempre é por maldade ou intencionalmente, na pressa de 'crescer' e 'prosperar' há sempre os que acham que podem fazer as coisas de um jeito mais "rápido" ou de um jeito 'original' e 'novo'.
Será que as conseqüências de tais atos atingem seus objetivos e levam a prosperidade? Será que ações deste tipo são motivadas e levadas a cabo pela 'nobreza do ser' e pela pura vontade de melhorar? Ou há intenções e motivos não tão nobres assim? Cada um escolhe seus caminhos de acordo com oportunidades, interesses, gostos e desafios apresentados ao longo da vida. Além das amizades, estudos, conhecimentos e saberes, experiências e inúmeros outros fatores com que nos deparamos e, principalmente, refletimos, apreendemos e incorporamos podem mudar os caminhos ou a forma como estes são trilhados.
Voltemos ao título: por que amnésia e política? Quais as relações entre eles? Será que nos lembramos em quem escolhemos para nos representar? E mesmo que não foram os "nossos" escolhidos, será que lembramos de acompanhar o que ocorre a nossa volta? Será que participamos ou minimamente nos informamos? Há uma série de perguntas que envolvem este pensar, mas deixaremos para outra oportunidade. Nos concentraremos agora nestas questões acima expostas.
Vivemos em uma era de mudanças e adequações: a velocidade dos transportes e da comunicação atingem pontos e perspectivas inimagináveis em décadas passadas: a interconexão entre pessoas, sociedades, economias, políticas, culturas, comércios etc. se tornam cada vez mais próximos, virtual e fisicamente. Tais interações ocasionam conseqüências: elevação do consumo, que é feito por uma maior busca e exploração do ambiente, poluição, sentimentos confusos (de inadequação, perda, medos diversos) por serem as mudanças mais rápidas que o tempo de resposta do indivíduo ao 'novo tempo' são alguns dos problemas encontrados nesta era. Vários autores buscam entender as diversas implicações e reflexões complexas sobre, do e para o mundo, o fator ambiental, o fator humano e uma variedade quase infinita de questões significativas fazem parte vital do nosso cotidiano.
Infelizmente não somos seres oniscientes e dificilmente reteríamos todo o conhecimento do mundo e no momento que chegamos em um nível que achamos considerável vemos que não é nem a superfície do que existe. Não podemos cair no desespero existencial por isso, mas é só para mostrar o quanto a soberba pode prejudicar um indivíduo. Será que importa o quanto sabemos? Ou como usamos estes conhecimentos? E se eles realmente são adequados e suficientes para "nossa" realidade. O excesso e a disponibilidade de informações, ferramentas, debates tem distorcido e dividido muitas pessoas. Será que com isso perdemos muito mais tempo tentando entender o que acontece e retemos cada vez menos do que aconteceu?
São coisas para pensar e refletir, mas não podemos esquecer a intenção deste texto: que é mostrar a importância da reflexão, da cultura pelo e para o conhecimento, saberes, práticas, questionamentos, reflexões e ações de forma integrada, interativa e interessante, constantes, conectadas de forma participativa, transparente, ética. Desta forma não é fundamentar e tornar essencial e/ou subordinada a política para haver sustentabilidade ou vice-versa e sim entender que estes temas estão essencialmente ligados em conjunto, são transdisciplinares, inter e co-dependentes, ainda que únicas. Os impactos das ações humanas devem ser considerados nas mais variadas extensões: sócio-política-ambiental-cultural-econômica-bio-física-química e que as subordinações fazem parte de preferências, interesses e situações envolvendo tudo e todos.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Para não dizer que não falei do Clima

Como é possível entendermos uma questão tão complexa como o clima? Além de suas diversas definições, significados e usos e abusos quando tratamos dos discursos e notícias recentes ao "aquecimento global" já se formam na maioria dos subconscientes, até naqueles mais 'preparados" e 'instruídos', uma visão de calamidades e mazelas futuras. Com certeza a situação não é a das mais confortáveis, cada dia que passa a tendência de irreversibilidade da destruição se torna maior. Mas até que ponto a preocupação não é exagero?
Responder esta pergunta mesmo para os diversos "especialistas" no assunto não é fácil ou mesmo um consenso. Podemos encontrar desde opiniões que afirmam a chegada do fim a aqueles que tratam os acontecimentos recentes como naturais. Há uma série de opiniões sobre o tema e arrisco dizer que são das mais variadas possíveis e imagináveis, se há uma coisa que não devemos reclamar é a falta de imaginação quando se pensa no futuro do planeta e da humanidade.
Independente das teorias e teóricos existentes é preciso considerar a questão ambiental de forma abrangente, integrada, transdisciplinar e complexa. Ao não considerar os múltiplos aspectos da questão podemos acabar vendo apenas partes e/ou fragmentos que podem prejudicar ou tornar ações ou propostas menos eficientes; por outro lado, buscar entender todos os aspectos , mas de forma superficial também não terá muita utilidade. A velocidade com que o mundo atual é percebido e a noção de espaço e tempo cada vez mais distorcida faz com que as informações tenham esse aspecto cada vez mais superficial para 'informar' o máximo possível. Mas aí surge algumas questões: será que a capacidade e o nível de absorção das notícias é compatível com tal velocidade? Será que existe uma cultura e vontade suficiente para se buscar tais informações e para se aprofundar nos temas? Será que os recursos existentes são usados de forma produtiva ou é necessário repensar tudo isso?
Na vontade de nos tornarmos cada vez mais sapiens e integrados ao mundo todo através da informação podemos acabar entrando em uma falsa integração por uma ilusão criada a partir de erros de interpretação e falta de 'conhecimentos'. O tão temido aquecimento global é um dos aspectos sobre o clima que nos preocupam, mas não é único, além disso não é o aquecimento global em si o perigo, como fenômeno natural é um dos responsáveis pelo clima ameno que permite a existência da vida na Terra, mas o seu aumento através da ação humana que preocupa. A poluição, os desmatamentos e uma série de outros fatores fazem com que o fenômeno natural se acentue e isso é o perigo do 'aquecimento' que por algumas previsões não ocorrerá em todo o mundo.
Enfim, é preciso calma e atenção ao tratar temas tão delicados que envolvem múltiplos fatores, principalmente com uma atenção midiática exaustiva, repetitiva e pouco reflexiva que acaba saturando a paciência dos poucos que ainda escutam ao ouvir falar de meio ambiente. Causa uma falsa impressão de que sabemos o que estamos falando, ouvindo ou discutindo, mas será que sabemos mesmo? Será que estamos nos informando mais e nos aprofundando nas discussões e debates? Será que sabemos quais as 'soluções' para o ambiente?

sábado, 27 de setembro de 2008

Mais algumas experiências pessoais sobre os transportes nas cidades paulistas

Achei melhor contar essas experiências juntas, complementos da visão anterior sobre o metrô da cidade de São Paulo/SP publicado mês passado. O que incluiremos neste relato serão a visão do transporte: o pedestre, o usuário de ônibus, o motorista serão alguns dos personagens deste enredo.
Começamos pelo básico: ir a pé hoje em dia, seja na padaria ou farmácia ou mercado se torna mais difícil! Alguns fatores: O comércio de bairro se torna cada vez menor, antes negócios de famílias de várias gerações estão acabando, seja por fatores internos (como outros planos da próxima geração impedindo ou limitando a continuidade, enfermidades, má-administração, falências, etc); como externos (concorrências desleais, migrações de públicos-alvo, má-localização, etc).
A transmutação das cidades ocorre em questões de meses a ponto de deixar um local irreconhecível para quem não é frequentador assíduo de determinada região. O impacto é maior se as lembranças de um lugar evocam ou evocavam grandes emoções: "Eu costumava brincar no parquinho que existia onde hoje é tal prédio...".
Mas por que para falar do pedestre eu acabei divagando sobre a cidade e suas mudanças constantes e até sobre os negócios presentes nos bairros?
Ora, significa que comprar hoje em dia está perdendo ou já perdeu o caráter "personalista", não vamos em lojas onde sabemos o nome do dono ou vendedor de confiança e ele sabe quem somos também, onde podemos pechinchar e até termos os melhores produtos e ofertas. Vamos onde há facilidade de compra, ou seja, onde "tudo" está (shoppings, super-hiper,mega mercados), onde há "ofertas por tempo determinado e enquanto durarem os estoques...", onde há facilidades e um design bonito. Não que ocorram em todos os níveis e em todas as compras que fazemos, mas, por outro lado, é cada vez mais comum pensar nesses estoques modernos quando queremos comprar algo.
Como o comércio de bairro e familiar deixa lugar a grandes redes a opção se torna limitada: ou pagamos os preços, fazemos compras em outro lugar, ou ainda em alguns casos podemos considerar as feiras livres (e imagino até quando elas irão existir...). Mas para concluir essa enorme divagação a locomoção para se comprar é mais e mais comum e geralmente o transporte escolhido é o carro! Outra situação muito comum é o transporte escolar: muitos estudantes não moram perto da escola que estudam, e necessitam de uma carona dos pais ou de um serviço especializado e, dependendo da idade é possível usar o transporte público.
Cada uma dessas situações acrescenta uma carga significativa ao trânsito, não preciso nem comentar sobre os usuários de carros e transportes públicos que se deslocam ao trabalho. No total em cidades ultra-povoadas e sem planejamento ou alternativas o cenário mais provável é o caos. Sem contar os impactos ambientais óbvios, a saúde (física e mental) é prejudicada, o tempo que leva para se deslocar de um ponto a outro da cidade é uma viagem. Mesmo que existam certos confortos em um carro particular, os engarrafamentos afetam o motorista e passageiros.
Falar do transporte público na cidade de São Paulo é interessante. Em primeiro lugar, a até que ponto eles são 'públicos'? E quais os impactos? Sem dúvidas eles são essenciais, sem ônibus, lotações, metrôs, trens e semelhantes como chegaríamos a pontos diferentes da cidade? de um ponto a outro podem chegar a mais de 30km de distância e dependendo do meio escolhido mais de duas horas para chegar... Em certos horários ir a pé, de bicicleta, patins, skates podem ser até mais rápidos que os próprios carros, embora sejam também muito mais perigosos já que a cidade não está preparada para esses transportes. Além das motos e carros, as bicicletas também buscam seus espaços, infelizmente, na rua.
Não sei a solução 'ideal' para a mobilidade da cidade, mas acredito que sem pensar em todos os aspectos - e aqui a inclusão das necessidades e atenções especiais e singulares é fundamental -, em TODOS os tipos de pessoas e formas de transportes e sem levar em conta as diversas necessidades da população dificilmente alguma proposta se sustentará e será efetiva por muito tempo.

domingo, 21 de setembro de 2008

A acessibilidade, inclusão e abrangência dos debates ambientais e sua institucionalização

Bom, sei que o título pode parecer extenso e o tema complicado, mas é na verdade muito simples e pode ser resumido, mesmo que porcamente em uma frase: "Discutir sobre a Sustentabilidade e as questões ambientais está se tornando um movimento cada vez mais elitista...". Não podemos, é claro, generalizar e aplicar esta frase a todos os movimentos e casos envolvendo as questões, pois são vários aspectos e fatos que tornam impossível o controle total.
Estou me referindo neste caso para ser mais específicos as decisões e programas tomados em âmbito governamental (nacionais ou internacionais), acadêmico e empresarial. Até mesmo alguns dos movimentos ditos da sociedade civil podem ser colocados neste elitismo decisório. Mas o que significa esta elitização? Dependendo do ângulo que se analisa o elitismo tem vários aspectos e sentidos, nem sempre tão fácil de ser percebida.
Alguns fatos que nos levam a falar da elitização: a maioria dos encontros e discussões ambientais, pelo menos na realidade brasileira, são pouco divulgados ou tem uma taxa de ingressos tão altos que limitam a entrada daqueles que mais são afetados pelos problemas e desastres ambientais. Os baixos níveis de educação e saúde, a preocupação com a taxa de emprego, violência, moradia e outras que são mais acentuadas em países com alta desigualdade social como ocorre na América Latina prejudicam ou colocam o debate ambiental abaixo destas e outras preocupações mais "imediatas" da população.
Apesar da mídia e dos meios de comunicação em massa divulgar cada vez mais a questão sobre a importância do ambiente e do "aquecimento global" o próprio formato da mídia e do modo como ela é divulgada torna o assunto repetitivo e superficial o que pode causar um falso senso comum saturando a população e ao invés de mobilizar a população acaba afastando-a, criando barreiras e até um certo “pré-conceito” sobre a atuação e importância do tema.
"Sabemos que é importante preservar o ambiente para nossa sobrevivência e para o futuro da humanidade, mas não fazemos a mínima idéia do que fazer e nem se há necessidade de todo esse alarde..."
Formar a consciência ambiental não é afogar-nos em notícias e assuntos envolvendo os temas mais "populares" e achar que é o suficiente saber o que ocorre. É preciso primeiro raciocinar, refletir sobre tudo o que ocorre a nossa volta, de que forma afetamos e somos afetados; influenciamos e somos influenciados por tais acontecimentos. Compreender como as relações nos seus diversos níveis (pessoais, escolares, trabalhistas, locais, nacionais, internacionais, globais etc.) fazem parte de um Sistema, ou Sistemas, que formam e estruturam as sociedades modernas.
É através do conhecimento que temos acesso e compreendemos o que ocorre a nossa volta, para isso é necessário uma divulgação e um cultura da informação, ou melhor da busca pela informação de forma ampla, consciente e responsável. Sem a educação e uma formação e cuidados básicos da população isso se torna mais difícil, com a ignorância vemos a facilidade de manipulações e de "memórias seletivas" de certas populações. Informações incompletas ou parciais se tornam o suficiente para acalmar multidões revoltosas com sua situação.
Para concluir é preciso entender toda a formação social, suas formas de governos ao longo da história, as decisões, escolhas e legados de seus antepassados e líderes. Todas as relações sociais envolvem uma diversidade de fatores que tornam praticamente impossível algum tipo de previsão do futuro 100% confiável, mas cada vez mais surgem formas de controle para tentar conter os imprevistos. Enquanto as discussões ambientais e as ações e projetos não contarem com um alto nível de integração, participação e entendimento da sociedade com um todo dificilmente ele terá sucesso ou será adotado.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Há tempo? As escolhas de cada um afetam o todo

O mundo passa por muitas mudanças e com isso parece que há cada vez mais coisas para se fazer, mais oportunidades, mais escolhas, mais e mais; ao mesmo tempo tudo parece se tornar mais superficial, mais rápido, dinâmico e fracionado e o tempo cada vez menor, o espaço cada vez menor, o individual - enaltecido por ser a expressão máxima da sociedade moderna - parece não ter o impacto ou o apelo de tempos atrás. Talvez a individualidade seja um problema, pois o número de pessoas existentes no mundo e o aumento dos meios de comunicação e transportes dificultam uma efetiva expressão "individual", pelo menos em certos aspectos. Cópias e sósias são cada vez mais comuns nos dias de hoje?
Mas o que nos preocupa mais nestas buscas incessantes pelo individual e próprio não é o simples isolamento do coletivo (seja por uma cabana nas montanhas ou na selva ou através do virtual), é a questão do consumo desenfreado, muitas vezes inconsciente e cada vez mais comum e ignorado por muitas pessoas que já o consideram "normal". É verdade que somos sociedades de consumos e sobrevivemos, crescemos e nos desenvolvemos graças ao consumo. A maioria, se não toda a população do planeta não é auto-suficiente e necessita das trocas para obter o mínimo necessário para seu sustento e bem-estar. O que deve ser visto com cuidado são os excessos destes processos.
A conscientização, reflexão e racionalização dos temas e preocupações das sociedades encontram uma rica discussão no debate ambiental. Ora, quais processos não envolvem em alguma parcela o ambiente? Mesmo as ações mais simples possuem grandes influências e interferências dos locais em que ocorrem; a população cria costumes e se adaptam de acordo com os climas, vegetações, recursos. Todas as interações humanas variam com suas histórias e culturas que influenciam e são influenciadas por fatores sócio-econômicos, políticos, biofísicos, nacionais, transnacionais, individuais e coletivos que estão relacionados entre si e são interdependentes.
É preciso entender que aquilo que parece insignificante para um indivíduo ou um grupo de indivíduos pode não ser para outros, mas ao somar as ações individuais durante as eras passadas é que chegamos ao mundo atual com seus problemas, conflitos, desenvolvimentos e dificuldades: são atuais porque resistiram ao tempo. Somos parte de um momento histórico e interferimos de alguma forma por isso algumas perguntas a serem consideradas: Somos insignificantes nos processos e discussões ambientais? Isso não nos interessa ou mesmo importam? Não devemos mudar porque não faz diferença?
Será?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Algumas Questões sobre a Sustentabilidade: Os alimentos, trangênicos e "Fast-Foods"

A crise dos alimentos está ocorrendo? Devemos nos preocupar? Independentemente a questão dos alimentos deve ser analisada com cautela e desconfiança. Afinal de contas, comida é coisa séria e se você não sabe o que está colocando na boca e/ou ingerindo....
A tecnologia existe em todos os setores para facilitar e dar mais conforto para os processos e ações humanas, mas mesmo com todas as facilidades uma série de problemas vão surgindo ao longo do tempo. Um dos exemplos destes problemas é o uso de fertilizantes e agrotóxicos: a depredação e monoculturas em latifúndios leva ao uso cada vez maior destes produtos. A poluição dos rios e afluentes e dos lençóis freáticos são conseqüências destas práticas, além da desertificação e erosão do solo.
A baixa produtividade é mais um problema causado da agricultura excessiva da monocultura latifundiária e que motiva os usos de agrotóxicos e fertilizantes. Como a produção às vezes não compensam os gastos com estes produtos a solução é desmatar novas áreas e recomeçar o ciclo da estupidez produtiva. Mas e quando não existirem mais matas para derrubar e expandir a produção? E quando o solo tiver chegado a seu ponto máximo de esgotamento? Será que haverá volta para isso?
Além das implicações que a má administração e falta de investimentos em agriculturas alternativas, sustentáveis, diversificada e familiar, principalmente em países como o Brasil em que há "abundância" de terras férteis, não implicarão somente no aumento do preço dos alimentos com o tempo, mas também em sua qualidade, quantidade e variedade que pode ocasionar aumentos mais abusivos e controles e racionamentos em várias partes do mundo. A subnutrição pela má alimentação da população mais pobre, a necessidade de mais suplementos químicos produzidos artificialmente podem ocasionar diversos problemas de saúde o que elevaria os gastos governamentais nas mais diversas áreas.
Já que estamos trabalhando com a questão da má-alimentação, vamos falar da expansão dos "fast-foods" atualmente. São muitas as lanchonetes conhecidas por lanches e comidas rápidas para as refeições dos trabalhadores modernos. As marcas que se estabelecem pelo mundo afora geram controvérsias sobre sua eficiência na questão alimentar, principalmente entre serem nutritivos, práticos e saborosos. Quanto aos dois últimos itens, a expansão destes produtos no mercado mostram que atingiram o gosto do público, mas quanto ao primeiro item há dúvidas. O aumento e expansão das lanchonetes também gera um aumento por produtos agropecuários.
A demanda por estes produtos se torna cada vez maior e assim como o consumidor quer suas refeições mais rápidas as lanchonetes querem seus produtos maiores e em menor tempo. Esses e outros interesses levam a pesquisas e a implantação de variedades criadas ou modificadas em laboratório - os transgênicos que fazem parte do nosso dia-a-dia e nem sempre percebemos ou mesmo nos importamos já que são utilizados sem pesquisas aprofundadas sobre seus usos e implicações a longo prazo.
Enfim, uma plantação de grande escala que deveria ser uma vantagem do mundo moderno se mostra um grave perigo para o futuro e subsistência da humanidade.

domingo, 24 de agosto de 2008

Transportes Urbanos e Cidades Sustentáveis - reflexões em São Paulo

São Paulo, 21 de Agosto de 2008 (mas poderia ser qualquer dia da semana)

7:45h - Estação de Metrô Carrão.
Como estou digitando dias depois do ocorrido, algumas alterações podem acontecer, mas nada que prejudique a intenção deste texto.
Como me recusei a fazer meu papel de sardinha tive tempo para escrever e refletir sobre o transporte urbano:
Primeiras impressões: - Sentido Palmeiras- Barra-Funda abarrotada/ Sentido Corintians-Itaquera - vazio.
Parece que faz tempo que está assim com tal movimento e deve ser todo dia.
Hoje, Quinta-Feira, talvez às 8:00h os trens nos dois sentidos estarão mais vazios...
Por que isso ocorre? Por que as pessoas não saem mais cedo ou mais tarde de casa? Como não ficar estressado sendo uma sardinha todo santo dia?
Será que o transporte, ou a falta dele está diretamente relacionado com a violência?
Com tantos carros nas ruas e tantas e tantas pessoas na estação de metrô mostram como a cidade é populosa; mostra também sua desorganização.
Eu, sentado de frente para uma das plataformas de trens vejo isso: de um lado lugares sobrando para se sentar; de outro falta até para respirar. Quer intimidade? Marque uma viagem de metrô no horário de pico e se prepare para grandes aventuras.
Ainda bem que não sou eu nesta rotina diária. Imagino se a pessoa consegue ser produtiva após esta maratona só para chegar ao trabalho, escola e/ou faculdade. Será que elas já pensam na volta, que provavelmente será parecida com a ida? Afinal de contas, se há deslocamento de ida e se a maioria tem o mesmo horário de trabalho, o que esperar da volta?
- 5 min. para às 8:00h
Já houve uma considerável diminuição nas filas para se entrar nos trens sentido Barra-Funda, mas ainda eles chegam na estação cheios.
O que isto tem a ver com as cidades sustentáveis?
Vamos a algumas hipóteses:
Provavelmente este bando de estressados descontam sua frustração e nervosismo em algo, ou seja, há grandes possibilidades no aumento de consumo - seja comida (as conhecidas bombas calóricas de satisfação imediata, arrisco dizer chocolate para citar um exemplo; mas também os 'fast-foods', salgadinhos e doces em geral); revistas, livros, cds, dvd, mp3, mp4 - para distrações e "tolerância" nas espera; etc. Não vamos entrar na parte de medicamentos em geral "auto-prescritos". A diminuição no rendimento, ou o baixo rendimento do trabalhador, se notado pelo empregador leva a demissão, isso sem considerar eventuais atrasos, já que imprevistos podem ocorrer.
Para resumir: má-qualidade na alimentação; estresse; desemprego; violência, assédios e abusos, são causas e/ou conseqüências prováveis neste ritmo frenético. Fora os vícios e dependências gerados.
-8:01h - As duas plataformas se encontram praticamente vazias. Até mesmo o ar é menos opressor e angustiante, ainda assim o trem sentido Barra está abarrotado.
- Vamos nos concentrar em possíveis soluções:
A mais imediata - horários alternativos de trabalho; se todos vão para a mesma região poderia haver uma escala de trabalho: algumas empresas de certo ramo poderiam começar o horário de trabalho às 6:30h, outro setor às 6:45h; outro as 7:00h e assim por diante. Por que limitar e "padronizar" o horário de trabalho? O que aparentemente ocorre hoje!
Também encontrar formas alternativas de trabalho: há possibilidade de se trabalhar em casa? A internet hoje em dia tem suas facilidades e permissividades.
- Outra solução não tão imediata – melhorias urgentes e continuas nos transportes, além de melhoria na qualidade, eficiência, segurança e pontualidade - para isso um planejamento e organização: novos caminhos, mais faixas exclusivas (mesmo que apenas em horários de pico); frota mais equipada, melhor e "maior", por exemplo, poderíamos ter ônibus apenas com assentos laterais para mais pessoas irem de pé (estilo americano), ônibus com dois andares (estilo londrino) e ônibus com preços variados (com assentos melhores, menos paradas e mais conforto).
- Aliado a tudo isso um Imperativo - desconcentração das empresas e serviços. Se a maioria dos trabalhadores se desloca para 'apenas' um determinado lugar ou região é um claro sinal de aglomeração dos postos de trabalho que a maioria dos seus empregados não podem arcar para morar perto. O que seria a melhor solução: Trabalhar perto de casa, ir a pé ou de bicicleta não só pouparia despesas e transportes, economizaria tempo e muitos outros benefícios (exercícios, menos estresse, mais tempo livre, disposição etc.)
- 8:10h - ainda cheio o trem que leva à Barra Funda e ocasionais filas se formam, mas também se nota um aumento nos intervalos entre os trens que chegam e vão.
Importante salientar que as soluções apresentadas só serão efetivas e só terão impacto significativo se forem feitas em conjunto. Nenhuma obra ou projeto faraônico se sustenta sozinho; existem muitas outras formas de melhorias, mas o fato é que ações unilaterais tendem ao fracasso ou a um sucesso ínfimo e breve. Enquanto tais alternativas não surgem a frota de carros particulares aumentam e geralmente com "UM" passageiro/motorista. As pessoas ainda enfrentam o trânsito - mas preferem assim, pois acham que por estarem sozinhas, sem aperto estão no lucro, mesmo com o aumento no gasto (manutenção, combustível, impostos).
E o que a Sustentabilidade e o ambiente têm a ver com tudo isso?!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A Internacionalização e Institucionalização do Debate Ambiental

Podemos encontrar ao longo da história diversas ações envolvendo questões ambientais, principalmente quando se trata da destruição e do aproveitamento sem pensar nas conseqüências. destes atos. É verdade também que existiram defensores e pesquisadores que buscaram entender e defender as "causas da natureza". Um dos exemplos citados pela história ambiental é a formulação do conceito e área de estudo da ecologia por Ernest Haeckel em 1869 para entender o espaço e a interação dos seres e o meio - biomas. Até mesmo no Brasil encontramos nos discursos de Joaquim Nabuco no século XIX a defesa ao meio ambiente (PÁDUA, 2007).
A partir da década de 1960 as ações e movimentos ambientalistas começam a ganhar destaque e força no cenário internacional. Um dos motivos pode ser a facilidade cada vez maior dos meios de transporte e de comunicações que tornam possível a interação, discussão e divulgação que atravessam fronteiras e de forma praticamente instantânea. Ainda assim, durante os anos 1960 existiam grandes resistências às "defesas ambientalóides", muitos estudos que denunciavam a degradação ou a poluição eram censurados ou comprados pelas empresas ou agricultores que seriam prejudicados com tais publicações.
A força e organização de diversos movimentos sociais e ambientais, assim como uma maior preocupação com o futuro da terra leva também a discussão nas esferas institucionais: a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (CNUMAH) em 1972 pode ser considerado marco da institucionalização internacional do debate ambiental. Além da divulgação e debate do Relatório Meadows, ou Limites do Crescimento do Clube de Roma no mesmo ano, que fazem duras críticas ao crescimento econômico como estão e mostram o limite e finitude dos recursos naturais. A declaração final da Conferência e o Relatório Meadows foi causa de diversas críticas e debates, muitos considerando suas previsões alarmistas e exageradas, outros elogiando a abrangência e complexidade dos trabalhos e dados.
De certa forma, foram capazes de gerar interesse de alguns setores da sociedade e a mobilização foi crescente desde então, tanto em ações nacionais quanto globais. Cada vez mais integradas e interativas entre si: o debate internacional ambiental gerou diversos interesses, estudos, ações e projetos tanto em sua defesa como para refutação de dados nas diversas áreas do saber e conhecimento.

sábado, 9 de agosto de 2008

O Apolítico e o Politicamente Correto e a Sustentabilidade

O que nos motiva a aderir uma causa, um discurso, uma ou várias teorias? Será o mesmo princípio em que baseamos nossas escolhas pessoais e profissionais? Nossos gostos, estilos? Ou existe algo a mais? Devemos considerar que nossas atitudes são reflexos destas e uma série de outras "escolhas"?
Por que tais perguntas se tornam importantes para a questão ambiental e o que o "apolítico" e o "politicamente correto" se relacionam em todo este pensamento?
Há diversas formas de analisar a história ambiental como um movimento histórico, inconstante, falho e incoerente em muitos aspectos, fragmentado, mas também como crítico, dinâmico, adaptativo, politizado e politizante, inventivo, criativo e outros atributos tanto para um lado quanto para o outro. Não podemos negar que o tema ambiental está presente em diversos outros temas: econômicos, sociais, culturais, políticos; além dos que eram considerados mais "ligados": biológicos, físicos, químicos, ecológicos, "naturais" - a natureza (que merece considerações e reflexões maiores, não apenas a visão de florestas e animais "que não sofreram interferência humana) pode ser considerada o exemplo da diversidade e mutação, não apenas pelos seus processos bio-fisio-químicos; mas quanto a visão do próprio ser humano ao longo da história.
E são as mudanças, em especial, a do ser humano (neste caso mais do pensamento, atitudes do que mudanças biofísicas internas) que alteram radicalmente nosso ecossistema, nossos hábitat e nossos relacionamentos. Passamos a ver nosso ambiente como fonte de matéria e riquezas para nosso conforto e desenvolvimento material. Essa forma de ver o mundo foi o que motivaram muitas dos que hoje são consideradas "catástrofes", entre os muitos exemplos possíveis temos o restante da Mata Atlântica do Brasil - onde somente 7% de sua extensão original sobreviveu e na quase toda essa área em parques e reservas, com poucos recursos e com apoio de iniciativas privadas; também temos Chernobyl - cidade Ucraniânia que em 1986 teve um derretimento de um reator nuclear que gerou mortes e doenças não apenas na região, mas para quase toda a Europa; e para citar um dado mais atual a concentração de plásticos nos oceanos que já estão estimados em mais de 40%.
Mas não é só de exemplos negativos que devemos pautar a discussão ambiental, embora o que leva a polêmicas e discussões é justamente a declaração de "fim dos tempos": O aquecimento global como afogamento de grandes partes da Terra - "dilúvios"; secas e doenças aumentando significativamente, principalmente nos trópicos - "pragas"; medos constantes aliados a outros fatores como as guerras - destruição, mortes violentas e chocantes, o fim dos "direitos humanos". Ações que levam a organização da sociedade civil, a cooperação - mundial ou entre vizinhos, a sensibilização da sociedade, das empresas, dos governos. São atitudes que se estabelecem devagar, às vezes com certos graus de desprezo e desconfiança, mas cada vez mais constantes e cada vez mais abrangentes.
Partimos do indivíduo, aquele que atua, interfere e sofre influências de seu espaço, seja local, familiar, profissional que através das diversas experiências é capaz de formar opiniões sobre os mais variados assuntos, nem por isso com menos substâncias que especialistas no assunto; mas talvez por isso nem sempre tão aprofundado. A complexidade da questão ambiental é a complexidade do indivíduo e suas relações diversas, únicas e coletivas.
É praticamente impossível não existir opiniões contrárias e a favor seja qual for o assunto, se for minimamente "entendido". E aí entramos em um problema: o que o leitor entende e o que o autor quer dizer, nem sempre chegam a um acordo. As interpretações que uma frase pode gerar é espantoso, mas esse talvez seja o poder e "charme" das palavras, sua força e intensidade, capaz de expressar 'estilos' e sentimentos inigualáveis: alguns autores se tornam célebres por sua unicidade: embora as palavras existam e sejam usadas diariamente pela maioria da população há alguns que conseguem fazer com que as palavras ganhem vida e se transformem em algo mais que palavras.
Simplificando, até de forma bruta e parcial: o indivíduo é formado a partir de suas interações e experiências adquiridas ao longo da sua vida; as lições que se apreendem destas situações dependem da "intensidade" e do "impacto" que viram marcas, "cicatrizes", e exemplos a serem ensinados, para serem seguidos ou evitados. A atitude e posicionamento dos indivíduos além destes fatores, dependem também do ambiente em que ocorrem, ou seja, podem variar dependendo da pessoa - uma situação que ocorre no ambiente de trabalho e uma situação semelhante no ambiente escolar ou familiar podem levar a reações diferentes, mesmo sendo a mesma pessoa.
O fator apolítico - a idéia ou "mito" de que uma certa atitude não tem influências ou objetivos políticos - é difícil se a idéia de política for a interação entre indivíduos em uma sociedade, em prol de objetivos comuns ou para o bem comum. Pode ser que esteja ligado a atitudes, independente das opiniões e gostos pessoais. Talvez o termo esteja mais ligado a questão e a visão da política como poder, visto como 'corrompedor ou corruptor', 'opressor' e uma série de características depreciativas e, por isso, o afastamento de uns e cobiça de outros. Sobre a questão ambiental: uma atitude e um discurso em prol da sustentabilidade, por exemplo, já é partidário, pois defende um tipo de desenvolvimento e uma certa visão de mundo. Nem por isso há necessariamente essa aproximação e busca pelo poder.
O Politicamente Correto (PC) já tem outro processo, que é a sociabilização, interação e integração, com uma certa dose civilidade; em seu extremo se tornam até tabus sociais e motivos de desprezos e preconceitos velados. O PC visa o tratamento respeitoso e o cuidado com alguns temas: religião, etnia, nacionalidades, partidos políticos, culturas, costumes, gostos musicais, times de futebol; embora os últimos não sejam tão respeitados quanto deveriam (de qualquer uma das partes). Mas certos temas, termos e opiniões são altamente banidos do meio social, principalmente nos âmbitos declarados democráticos - que defendem os direitos humanos, as liberdades e o respeito - uma impressão que o que prevalece é o que concorda a maioria.
Certos termos devem ser banidos do meio social? Ou devem ser banidos de vez? Não é por que ele não é falado que não existe. Mas aí há a ambiguidade: Ao mesmo tempo que é levado a obscuridade, o fato de não ser perpetuado contribui para sua extinção... mas se não for banido da pessoa, se não sair da maioria dos espaços familiares é capaz de ser tão forte quanto se fosse algo comum, mesmo sem uma só palavra pronunciada.
O PC vira uma nuvem cada vez mais densa em determinados pontos que embora seja eficiente para escondê-los não é capaz de fazer o objeto desaparecer. Uma neblina artificial que polui os pensamentos e o discurso, mas que não se tornam algo pleno e efetivo por demandar um gasto de energia por vezes desnecessários para se manter. Como efetivar os discursos e tornar o PC em algo proveitoso serão desafios cada vez maior a questão ambiental, ser ambientalmente correto não deve ser visto como um sacrifício e imposição ligados a um modo PC de ser.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A Transdisciplinaridade e a(s) visão(ões) de Mundo

A divisão e a especialização que faz parte da maioria das estruturas de ensino vêm de uma longa tradição baseada na noção de que a divisão "facilita" o ensino, pois através do "micro" (que consiste em uma pequena parte) você consegue teoricamente analisar o "macro" (o todo) - o pensamento cartesiano é um dos pilares deste método. Mas na prática devemos tomar cuidado com o nível de especialização que leva a uma falsa impressão de saber e conhecimento que não necessitam de complementos além do específico; para ser mais "específico": ao reunirmos uma série de conhecimentos e informações sobre um assunto e/ou tema até chegarmos em conclusões e teorias capazes de tornar um assunto inteligível podemos chegar na "zona de conforto especializada" e daí algumas alternativas: ou reproduzimos o que aprendemos e temos novas abordagens sobre o assunto e assim alimentando debates e mais reflexões; ou atingimos um ponto de saturação em que não há mais o que "fazer" e começamos uma nova pesquisa; ou ainda ficamos com uma falsa impressão de que já dominamos tal assunto sem nos aprofundarmos mais e, aí sim atingimos o pico da "zona de conforto".
O conhecimento é importante em todos os aspectos: o raciocínio e a opinião não conseguem se desenvolver sem as diversas influências do cotidiano, das informações fornecidas, daquilo que vemos, ouvimos, sentimos e a reflexão para combinar os diversos saberes de forma abrangente, agregada e interligada; é através das diversas experiências (inter e intra pessoais) que nos formamos e nos reconhecemos como indivíduos. A Transdisciplinaridade busca unir essas diversidades, respeitando as especialidades, mas sem esquecer a necessidade dos outros conhecimentos, das práticas e ações e influências que fazem parte da experiência humana.
Como delimitar qual "tema" é mais importante? Que opinião é a melhor? Que método/ procedimento devemos adotar? Como iniciar um estudo? Como é o mundo? E várias outras perguntas surgem quando analisamos a questão ambiental e até mesmo outras questões. Existem diversos motivos capazes de levar a uma resposta diferente, pode variar muito dependendo da pessoa, afinal de contas estas são perguntas pessoais.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O processo histórico da Sustentabilidade

O conceito de Sustentabilidade é relativamente novo se comparado com todo o movimento ambientalista e este último tem passado por grandes transformações ao longo dos anos. Mesmo o termo sustentável já foi muito utilizado sem o peso ambiental que tem hoje, por exemplo os termos econômicos: crescimento e economia sustentáveis (ou auto-sustentáveis) não se relacionam, necessariamente, a causa ecológica. O termo usa sustentável com o significado de sustentação, continuidade ou estabilidade.
É a partir dos trabalhos desenvolvidos pelo Professor Ignacy Sachs (1986/2002) e também pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento que resulta no Relatório Brundtland, intitulado Nosso Futuro Comum (1987) nos quais o termo ecodesenvolvimento ou Desenvolvimento Sustentável começa a ter destaque no movimento ambientalista, com defensores e críticos em todas as áreas. Falar em Sustentabilidade segundo a Comissão é usar os recursos de forma racional que permitam manter uma qualidade de vida no presente preservando os recursos para as gerações futuras.
Tais estudos e declarações são influenciados por movimentos anteriores, como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (CNUMAH) em 1972, na cidade de Estocolmo na Suécia; considerada marco internacional da internacionalização e institucionalização do debate ambiental. Nesta conferência cria-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Também influenciados pelo Relatório Meadows, ou Limites do crescimento publicado pelo Clube de Roma em 1971, ainda hoje discutido, atualizado e estudado.
Podemos notar que as ações que levaram ao termo Sustentabilidade fazem parte de todo um processo histórico longo e cada autor coloca a origem em um ponto específico. O fato de ter sido posto em um documento das Nações Unidas em 1987 é um acontecimento muito importante, mas não podemos negar que existiram influências e processos anteriores e ainda hoje é motivo de críticas e desconfianças. Ainda que seja o termo adotado pelas Nações Unidas para levar a cabo seus projetos e ações ambientais.
Não podemos deixar de lado a crítica principal feita ao termo "Desenvolvimento" Sustentável, mais pelo desenvolvimento que era mais visto como "progresso e crescimento", ligado ao acúmulo de riqueza de um país e sua capacidade ou "poder" de compra. Em certo ponto o "Desenvolvimento" tem algumas características que implicam crescimento, progresso, mas isso não significa que ele não possa ocorrer de uma forma justa, ética, socioambiental, responsável e solidária. Desta forma o termo desenvolvimento necessariamente implica Sustentabilidade e vice-versa, ou seja, não há desenvolvimento se não houver sustentabilidade.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A absurda impossibilidade é possível

O que há de errado em se pensar o impossível? Muitos acontecimentos históricos foram vistos como "impossíveis" de ocorrerem, no entanto... A ficção científica ao longo dos séculos foi vista como um entretenimento, uma fantasia, fruto da imaginação de seu autor, etc. Júlio Verne (1825-1905), provavelmente é o autor mais citado por ter descrito "naves voadoras" e "submarinos" em suas histórias, quando tais 'máquinas' eram projetos e sonhos de cientistas e engenheiros de seu tempo.
Cientistas que buscaram desenvolver novos métodos, técnicas e tecnologias para auxiliar a humanidade podem muitas vezes considerar impossível que seu uso para fins bélicos ou destrutivos, mas a criação e desenvolvimento das armas nucleares começou como um projeto para fornecimento de energia alternativa e abundante para a população...
Afinal de contas o que é "impossível" e "absurdo" para uns é oportunidade e desafio para outros. E quando se trata da questão ambiental, estes dois elementos foram e ainda são muito empregados. Em décadas não muito distantes havia um certo consenso que a "natureza" e seus recursos e matérias primas seriam inesgotáveis e que servem apenas como instrumento do progresso humano para o conforto da modernidade.
Ao longo do tempo a preocupação com a destruição e devastação levaram diversas pessoas a questionarem esse modelo de "desenvolvimento". Muitos alertas foram feitos sobre esse crescimento desenfreado e seus males para as gerações futuras, mas ainda assim tais declarações eram vistas como absurdos e exageros de "ecorradicais" e que pensar dessa forma prejudicaria os negócios e indústrias de um país em detrimento de outros.
Uma série de ações, estudos, eventos e projetos de diversas áreas apoiadas em Organizações Internacionais (OIs) e/ou estruturadas em Organizações Não Governamentais (ONGs) e indivíduos interessados levam a uma conscientização cada vez maior sobre a importância do ambiente em todos os aspectos e não apenas como recurso, idéia difundida e baseada em estudos que comprovam que tais recursos são finitos e que há limite para sua exploração até mesmo para que não prejudiquem as próprias indústrias que dependem de tais materiais para se manter ativa.
Foi através de um processo complicado e complexo que a questão ambiental chega ao novo milênio com grande força, talvez pela conscientização e divulgação de sua importância, talvez pelo alarme e preocupações expostos nos meios de comunicação em massa nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que temos cada vez mais informações e preocupações sobre a questão; em que a busca pela sustentabilidade parece a alternativa miraculosa para os problemas do mundo podemos notar que tais informações e divulgações são muito concentradas e superficiais o que leva a saturações e desinteresses da população em geral que se sente oprimida e perdida, incapacitada de agir efetivamente para resolver tantos problemas... É justamente a população, o indivíduo que tem papel fundamental, mas acaba sendo ignorado ou colocado em papel secundário.
Vamos refletir em um exemplo simples: é óbvio que uma indústria de tecidos poluí muito mais que um simples indivíduo e que a responsabilidade destas empresas são muito maiores na destruição ambiental, mas se pararmos para pensar, quem é o responsável por esta empresa? quem toma as decisões sobre quais processos, técnicas, materiais e máquinas serão usados nesta indústria? E mais quem vende e consome tais produtos?

Sim, indivíduos ou grupos de indivíduos!!

Não podemos achar, então, que não temos parcela de culpa na destruição causada por uma determinada empresa se consumimos seus produtos e fazemos parte desta cadeia. Infelizmente não podemos ser totalmente culpados pois existem uma série de fatores a ser considerados (preço, escolha, alternativa, oportunidade, políticas, fatores culturais, sócio-econômicos e ambientais etc etc).
Mas também não podemos deixar de lado só por achar que não há outra alternativa. Não agir ou se manifestar também é parte da culpa.
As empresas hoje em dia se tornam cada vez mais verdadeiros conglomerados, englobando diversas marcas, produtos e empresas espalhadas em diversos países que é até difícil saber quem realmente é o dono de tal marca e responsável pela fabricação de produtos, então é possível que ao comprar uma bala ou sorvete você esteja contribuindo para uma indústria bélica ou tabagista se forem do mesmo dono ou grupo.
A informação e divulgação são parte da conscientização ambiental, mas ainda que sejam cada vez maiores e mais "acessíveis", nem toda informação é vista ou tem o destaque que deveria e mesmo o interesse da população que conta com os telejornais como principal e, às vezes única, fonte de informação.
Na questão do absurdo e do impossível, o que seriam tais questões para o ambiental? Como dizer com certeza que o 'fim do mundo' pelas mãos humanas é possível ou não? Previsões, visões de catástrofes ou salvação, do messias ou do capeta. O que nos leva a uma série de questionamentos, desconfianças e até aceitação cega dependendo de seu 'ponto de vista'.

domingo, 6 de julho de 2008

(Re)pensar; (re)fletir; (re)agir: um processo necessário, uma escolha pesoal ou uma bobagem metodológica?

O que torna um texto memorável? Será a capacidade de mudar atitudes, ações e opiniões de grupos ou sociedades? Que seja sensível ao leitor e consiga conectar-se e ser identificado com ele e por ele? Que considera todos os aspectos do assunto abordado e permita expandir o conhecimento, as idéias, conceitos, formas e até regras (ou mesmo criá-las)? Que possa ser declamado e consultado independente do tempo de sua escrita e até mesmo aceita por relevar algumas informações que não "agradem" ao público em geral? Que transforma o autor em lenda e teoria, seja pelas aceitações (incorporação do discurso ou regras)ou polêmicas geradas que são capazes até de tornar seu nome uma conceitualização? Exemplos: darwinismo, lamarkismos, marxismos, cristianismos e tantos outros ismos.

Não há como responder tais questões em termos absolutos e definitivos, mas espero que como muitos antes de mim e muitos que ainda virão, tais questões ajudem em nossas próprias leituras e escritas. Afinal de contas, o que devemos considerar, indagar, acolher e refutar, expandir, adaptar quando estamos lendo? Essa é a base das reflexões deste texto.

Atualmente enfrentamos diversos desafios sobre o "conhecimento". Conhecimento adquirido de forma institucional (escolas, igrejas, universidades, etc); familiar (pais, colegas, amigos, familiares); midiático (internet, televisão, filmes, novelas, etc); societal (governos, culturas, costumes, etc). Todos obviamente com diversos níveis de interações entre eles que são indissociáveis e até questionáveis sobre sua classificação, hierarquia, eficiência e eficácia. O acelerado desenvolvimento técnico-científico-informacional, para usar os termos desenvolvidos pelo geógrafo Milton Santos, no último século tem impactos profundos em todas as áreas não só do conhecimento como sócioespacial-ambiental, cultural, psico/fisio/antropo/lógica, agregando diversos núcleos ao mesmo tempo em que a especificidade e a especialização fizeram escolas e escolas.
Não digo que há algo errado em tais desenvolvimentos e mudanças, isso aliás é o que torna minha expressão, pensamentos e divagações possíveis neste breve espaço. Nem defendo que há apenas coisas boas em tais processos. Como a maioria dos acontecimentos e desenvolvimentos "humanos" existem questionamentos, pontos de vistas, adeptos e contrários das diversas experiências individuais ou coletivas. Isso é possível pela própria diversidade humana (individual, social, cultural, ambiental, temporal,) e pela capacidade de "imortalização" da memória humana através de linguagens e escritas criadas e repassadas ao longo dos séculos. Essa capacidade de armazenamento da memória para além do tempo de vida individual além de poupar uma quantidade de tempo na aprendizagem de tarefas simples, permite a continuidade, aprimoramentos, adaptações, contradições, refutações e desenvolvimento de técnicas e teorias que podem desenvolver, ultrapassar e tornar "obsoleto" as anteriores, mas que com certeza não existiriam sem elas.
É importante que o conhecimento histórico não se perca no meio de todo esse processo, e não apenas a história de como alguma idéia ou produto em si se desenvolveu, devemos considerar também todo o contexto existente, um local, uma época, cultura, linguagens, técnicas e teorias existentes, além de influências, individualidades, tendências e uma série de fatores que contribuem na criação e inspirações humanas. A mudança e a continuidade são então inerentes do "tempo humano", dada a gama de fatores que devemos considerar e que contribuem em nosso cotidiano. Negar e esquecer o passado é uma coisa difícil e complicada que nem sempre traz benefícios; Louvar e cultuar o passado sem considerar as contingências atuais também pode dificultar a vida de muitos.
Soluções do passado podem resolver problemas presentes e modelos e formas de atuação em certa sociedades, culturas e tempos podem ser seguidas por outras sociedades diferentes. Em ambas as situações o sucesso pode vir a ocorrer, mas dificilmente da mesma forma como o "modelo original". Como discutimos anteriormente há uma série de fatores a serem considerados em qualquer ocasião, nosso modelo de desenvolvimento atual (muitos autores dizem ser efeito do processo de globalização e mundialização facilitado pelas tecnologias) não escapa desta lógica. Embora neste caso sejam os diversos problemas do passado que ainda persistem: fome, violências, pobreza, saúde, direitos humanos, meio ambiente, educação, etc. Talvez não sejam os mesmos problemas de séculos passado, mas sim mutações destes.
O termo em si pode não alterar sua raiz, mas provavelmente muito do seu significado e uso se altera refletindo seu contexto. O burguês é um exemplo básico: em um certo momento o burguês, moradores dos burgos (centros urbanos) da Idade Média que sem alternativas se voltam ao comércio para sobreviver. Com sucesso de suas atividades foram alicerces na derrocada da Monarquia e da Igreja como poderes dominantes em diversos reinos europeus - é claro que não foram apenas os burgueses responsáveis por tais mudanças, mas para o exemplo a ser dado acho que será útil tal imagem -buscam "igualar" os direitos e deveres das sociedades. Acumular riquezas, liberdade e a busca por nobreza (status e poder) motivou muitos comerciantes de uma época já não tão remota. Atualmente, em muitos aspectos, a visão do burguês é novamente vista de forma depreciativa, mas sua condição agora é de dominante perverso e desalmado, responsável por todos os males do mundo, sua avidez e ganância épica são criticados e temidos como capazes de destruir o mundo.
Disto podemos afirmar: 1o.) Parece ser uma tendência lutar contra a dominação plena; 2o.) A liberdade tão exaltada e defendida se torna um ponto de interrogação em muitos casos; 3o.) Uma situação ou acontecimento é capaz de mudanças profundas e permanentes, etc. Para nossa reflexão, essas mudanças de significados mostra um aspecto importante das próprias mudanças sofridas pelas sociedades em geral.
Para concluir este texto e demonstrar sua intenção vou retomar a idéia do título que ainda não foi diretamente explicado, ou melhor o uso dos "(re)", esta pequena ligação aos radicais pensar, flexo (fletir), agir modificam significativamente os termos? Simplificando o termo "re" ele tem lugar do "de novo" ou "novo"? A proposta é interessante e busca atrair reflexões, repensar o cotidiano, reagir sobre o que podemos, devemos, queremos. Sem esquecer o respeito, a ética, o conhecimento, a sociedade, cultura, educação, e tudo aquilo que faz parte da humanidade nem sempre humana.

sábado, 7 de junho de 2008

Para Comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente (atrasado)

Dois dias após mais uma comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente e a pergunta que faço: é um dia de comemoração mesmo? Ou devemos usar este dia como protesto? Transformá-lo em um feriado mundial? Até que não seria má idéia... afinal de contas se a proposta deste dia surgiu como uma forma de preocupação com a questão ambiental, seria mais atrativo que se parecem todos os processos produtivos que são alvos de críticas por causarem poluição, exploração, gerar lixo, acumular riquezas, degradar e desgastar matérias e combustíveis, e uma série de outros fatores que preocupam cada vez mais pessoas.
A origem da data segundo Rubens Harry Born no texto "DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE: É PARA CELEBRAR OU PARA QUE NOS SERVE?" inicia-se com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano (CNUMA) em 1972 na cidade de Estocolmo, localizada na Suécia. É um dia de mobilização e celebração, mas, assim como o dia das mães, não deve ficar limitado a apenas uma simples data dos 365 dias e seis horas que é a duração de um ano no calendário gregoriano.
É um dia para reunir forças, experiências, solidariedades e compartilhá-las de forma simples, honesta e profunda, como o amor verdadeiro de mãe a expressão desse dia é sinal de homenagem e admiração que não se formam ou acontecem apenas em uma determinada data ou período, mas que foi e é cultivado através do tempo. Ultrapassa culturas, sociedades, fatores econômicos e mesmo na maior dificuldades, correria e absurdos da vida, tomamos um tempo, respiramos e (re)pensamos o que já sabemos... a importância do passado, dos precursores, dos progenitores, dos educadores, do amor, carinho, paz e tantos outros que não são encontrados facilmente por todos ou ainda quando existem são banalizados, ignorados ou, se sacralizados, passam a ser parte de uma ilusão a ser alcançada, mas que não é suficiente para aplacar o espírito mais voraz.
De todas as formas possíveis de se encarar este dia a reflexão deve ser mais pessoal, pois é no íntimo que as mudanças efetivas ocorrem e para mudarmos o mundo como queremos, devemos primeiro mudar a nós mesmos. Uma história que me contaram um dia ilustra bem este ponto, sobre os ensinamentos de Ghandi quando uma mãe pede para que aconselhe seu filho a parar de comer açúcar, pois fazia mal a ele. Considerado um grande sábio era comum receber pedidos de conselhos, mas ao ouvir tal pedido pediu que a mulher voltasse após uma semana... passado este tempo ela retorna e pede novamente que peça ao filho para parar de comer açúcar. Ele se dirige a criança e diz: "Pare de comer açúcar, pois é ruim para você!". A mãe sem entender a demora deste conselho pergunta o por quê da espera e Ghandi responde: "É que ainda semana passada eu também comia açúcar."
Não sei se a história é real e a uma série de versões espalhadas sobre ela, o importante é que em essência ela não muda. Devemos tomar cuidado com as críticas que fazemos sem uma certa análise pessoal, ou seja, dos nossos comportamentos. Não quer dizer que devemos ser ou tomar atitudes radicais e/ou extremas; o exagero pode não trazer grandes benefícios, para nenhum dos lados da discussão, mesmo que você considere correto. Inclusive pode acirrar os ânimos e levar a impasses, que poderiam ser evitados e que prejudicam ações efetivas e eficientes. De outro lado, tal afirmação não significa que devemos ceder sempre e sermos flexíveis a toda e qualquer momento, ou mesmo colocarmos a responsabilidade e as decisões em outros que não nós. Eximir-se do processo, não significa eximir-se da culpa ou responsabilidade; iludir-se que o que importa são as grandes decisões também levam a uma certa deturpação.
Indústrias e o agronegócio poluem muitas vezes mais do que você poderia em uma vida, mas não se esqueça que são os nossos consumos e desperdícios que incitam o aumento da produção e a ambição por "novos negócios". Não podemos esquecer da dinâmica de mercado: oferta e procura, associada ao trabalho, lucro e tecnologia, mesclado e agregado em propagandas que visam mostrar a necessidade e 'eficácia' de tal produto. Temos ainda que considerar o aumento da população mundial nas últimas três décadas, que faz com que surjam novos consumidores e a necessidade de produção, emprego, lucro, administração, etc. para manter um certo 'equilíbrio' sócio-econômico-político-cultural.
Enfim, uma data a ser celebrada, cultuada, (re)pensada, motivada, agregada como muitas outras para que seja capaz de estabelecer uma cultura ambiental eficiente, responsável, ética, multi-inter-transdisciplinar, humana e sustentável. Que possa animar a sociedade, mas que não apenas nas vinte e quatro horas de um 5 de junho.




segunda-feira, 26 de maio de 2008

Telas de fundo

19/09/2007 - 10h28
Ativista defende o uso de telas com fundo preto para poupar energia
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MARIANA BARROSda Folha de S.Paulo
Se a página inicial do Google tivesse fundo preto em vez de branco, um monitor CRT (de tubo) gastaria apenas 59 watts para exibi-la, em vez dos 74 watts consumidos atualmente.
A conta vem sendo divulgada por Mark Ontkush, blogueiro (ecoiron.blogspot.com) e engajado em projetos ecológicos envolvendo informática e criador do Blackle, a versão negra do superbuscador.
Desde janeiro, ele encabeça uma campanha polêmica: defende que as páginas de internet abandonem o branco e utilizem o preto como cor de fundo para poupar energia.
Segundo ele, como o Google recebe 200 milhões de visitas diárias e estimando que cada consulta leve dez segundos, o site passa 550 mil horas por dia sendo exibido em computadores por todo o mundo. A troca de cor pouparia 8,3 Megawatt/hora por dia.
Como base para seus cálculos, ele utilizou o consumo de um monitor CRT, do tipo tubo, que representariam 25% dos monitores em uso atualmente. No caso de monitores LCD, a história é outra, argumentam oponentes como Pablo Päster, engenheiro de sustentabilidade e colaborador do blog www.triplepundit.com.
De acordo com ele, páginas negras em LCDs não fazem sentido. Também não economizam energia nos servidores dos sites nem nos desktops e notebooks, que são outros grandes gastadores.
O uso de fundo preto poderia até aumentar o gasto energético em cerca de 1 watt. Isso porque, de acordo com a tecnologia desses equipamentos, exibir a cor preta significa bloquear emissões de luz, atividade que aumentaria o dispêndio.
Ontkush argumenta, no entanto, que essa conta depende do tamanho do monitor LCD. Em alguns casos, a economia poderia ser de 4 watts.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u329709.shtml

Interessante ver o site http://www.blackle.com/

terça-feira, 15 de abril de 2008

Para Refletir

CComeça o dia e para muitos ele já parece certo... ir trabalhar, para escola ou ambos ou nenhum. Andamos de um lado para outro nos nossos inúmeros e, às vezes, monótonos afazeres e "deveres", de certa forma buscando sentido e justificativas para nossas vidas. Interagimos com as pessoas, às vezes fazendo amigos, às vezes apenas de forma superficial (muitos chamam tal situação de apenas o necessário - como os caixas de supermercados, bancos, correios, lojas e outros serviços). Com a tecnologia se desenvolvendo e se expandindo você é capaz de passar dias, semanas, meses sem contato direto com um ser humano que não seja algum tipo de entregador...
Isso leva a diversos questionamentos, principalmente até que ponto esse distanciamento é proveitoso? Talvez o cotidiano banalize o que não deveria ser banal, capaz de tornar temas importantes e urgentes em "apenas" mais um a ser tratado.
Para outras pessoas, o dia traz surpresas, nem sempre agradáveis, nem sempre são novidades, mas é a forma que a pessoa encara o dia que torna isso possível. Não significa estar fora da realidade, ou se iludir e cria um mundo a parte, mas que sua percepção não se limita a um pessimismo ou simplismo de que a rotina é imutável. Que não aceita simplesmente uma situação por considerar que é "muito complicado e trabalhoso" uma mudança positiva.
Uma nova visão é capaz de gerar uma série de questionamentos, medos, discussões, refutações, enaltações, exaltações e outra série de emoções que fazem parte de nós, seres humanos, ao nos depararmos com o "novo", mas esse novo é realmente inédito? Ou não passa de uma adaptação de pensamentos antigos? Ou foi apenas uma nova "interpretação" dos fatos e das leituras?
Cada um possui um referencial (familiar, educacional/acadêmico, religioso/espiritual/dogmático, sócio/político/econômico/cultural/etc), em que um fator está sobreposto e circunscrito sobre outros em uma amálgama que muitas vezes coloca um pensamento em diversas categorias, ou que acaba criando novas categorias para poder ser explicado ou entendido. O referencial é importante para nossas ações sejam em gestos cotidianos ou em casos extraordinários. Com isso, não podemos dizer que somos imutáveis em nossa própria consciência e que somos os mesmo a vida inteira, ou será que podemos?
Nossa própria família, nossa cidade, nosso Estado, nosso país são mesmos nossos? O que realmente sabemos desses elementos que nos envolvem e que estão gravados no subconsciente/no coração/na "alma"? São estes elementos essenciais para nos definirmos como cidadãos? Como pessoas? Como humanos?
Muitas são as questões e muitas as respostas possíveis...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Educação Para que/ Para quem

A proposta da educação como forma de treinamento, formação e informação segue alguns “modelos” e “padrões”; métodos de ensino e pesquisa variam de acordo com a instituição de ensino, seus objetivos, recursos, docentes e também mobilização e interesse dos estudantes e da sociedade; além de uma série de outros fatores que transformam tais instituições em exemplos (a serem seguidos ou evitados).

Mas essa forma de ensino institucional é apenas uma das formas da educação, geralmente é a que tem mais destaque nas sociedades modernas, justamente pelo seu caráter burocratizado e padronizado de treinamento - através de provas, testes e outros tipos de exames capazes de ‘classificar’ as pessoas através de notas. De certa forma, a sociedade está em constante avaliação por parte de seus integrantes. A competitividade é altamente estimulada nas diversas atividades e, em muitos casos, recompensada - financeiramente ou através de um reconhecimento, um “status”. O ensino considerado “não-formal” é aquele que aprendemos durante toda a nossa vida e em todos os momentos, mesmo dentro das instituições; através das diversas interações e convivências cotidianas aprendemos costumes de determinado local, a cultura, as linguagens e regras, o que se tornam comportamentos “aceitáveis” ou não.

A interação entre os seres faz parte da “sociabilização” e é indispensável não só ao ensino e desenvolvimento intelectual como também é importante para o desenvolvimento pessoal, afinal o homem é um ser social e a base de sua formação está diretamente vinculada a determinada sociedade, embora existam exceções, a maioria dos indivíduos depende da convivência com outros para sua sobrevivência e desenvolvimento. Os valores compartilhados pela cultura moldam identidades e a própria sociedade (KLIKSBERG, 2001; KELLNER, 2001).

O avanço tecnológico possibilitou a proximidade e interação de diversos indivíduos, povos e culturas diferentes e o conhecimento “mais acessível”, ainda que necessitem de recursos e interesse para que a tecnologia possa ser amplamente divulgada e aproveitada. Em parte, o investimento ocorre por uma demanda específica da sociedade, por um interesse particular e até mesmo por ‘acidentes fortuitos’ - quando uma determinada pesquisa, projeto ou atividade não leva ao objetivo estabelecido inicialmente, mas seus resultados são aproveitados de forma positiva no desenvolvimento de outros projetos ou atividades.

A educação tem como base a formação do indivíduo e da sociedade. A conscientização parte da noção deste indivíduo “formado” e capacitado a pensar por si e de forma reflexiva e crítica. A conscientização e conhecimento é base para qualquer ação que possa beneficiar a sociedade como um todo. Mas se deve tomar cuidado com a “saturação”: o acúmulo de informações que leva a uma letargia e descrença na melhora da sociedade levando a um estado de desespero e angústia não é bom; manter-se em isolamento e alienado é outro extremo a ser evitado. Extremos, geralmente não levam a um resultado positivo, pelo menos não aos esperados por seus executores e dificilmente consegue um apoio efetivo da maioria. Independentemente da crença, ideologia, formação familiar, religiosa, político-social, cultural, somos todos parte da sociedade, compartilhamos o mesmo planeta, necessitamos do mesmo ar, a mesma água.


Referências Bibliográficas


ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBB, Margarida; ALMEIDA, Angela Maria de (org.). Polifônicas Idéias: por uma ciência aberta. Porto Alegre: Sulina, 2003.


BURSZTYN, Marcel. Ciência, Ética e Sustentabilidade: desafios ao novo século, 2ª. ed., São Paulo:Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


CARVALHO, Edgar de Assis. Enigmas da Cultura. São Paulo, Cortez, 2003.


CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. vol. 1, 9ª. ed. Revisada e ampliada. São Paulo, Paz e Terra, 2006.


________. A Galáxia Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.


FLORIANI, Dimas. Conhecimento, Meio Ambiente e Globalização. Curitiba: Juruá, 2004.


KELLNER, Douglas. A Cultura da Mídia – Estudos Culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.


KLIKSBERG, Bernardo. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


LEFF, Enrique (coord.) A Complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.


MORIN, Edgar. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Cultura e Política no Mundo Contemporâneo: Paisagens e passagens. Brasília: Ed. UnB, 2000.


SACHS, Ignacy. Sociedade, Cultura e Meio Ambiente. Palestra Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, Paris, França. Revista Mundo & Vida. Vol. 2(1), 2000. Disponível em . Acesso em 21/05/2007.


SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso sobre as Ciências. São Paulo: Cortez, 2003.