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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Praticar a reflexão e a solidariedade

Primeiro, gostaria de desejar a todos um feliz 2011 e muitas realizações de sucessos para todos, dizer que ficarei afastado mais um pouco... como já vem acontecendo, mas por um bom motivo! Nos vemos em breve!

A frase "A vida é baseada em escolhas e feita de detalhes" não poderia se aplicar melhor ao espírito desse texto. Afinal, o caminho que você decide seguir depende daquilo que você escolheu e também das pessoas a sua volta. Por exemplo, você pode escolher ser um professor, por gostar de ensinar, por que teve um professor que admirava e queria ser como ele ou por outros motivos pessoais. Sabendo que estará influenciando a vida de muitas pessoas, positivamente ou não.
Ainda que não podemos escolher tudo que queremos, há algumas decisões chaves na vida:  o que eu quero? Como faço para chegar lá? Quando? Por que? Vale a pena? Enfim, uma série de dúvidas que nos rondam diariamente. Uma questão de qual caminho escolher de acordo com as circunstâncias e as possibilidades apresentadas.
Estar consciente do que estamos fazendo e em que caminho estamos seguindo é importante para realizar um sonho? Seguir um sonho requer coragem, foco e, às vezes, sacrifícios. Eles também são parte das escolhas que fazemos, inclusive quando temos que abandonar um sonho por quaisquer que sejam os motivos, bons ou ruins.
O problema é quando deixamos de considerar tudo e todos e o sonho se torna obsessão e nada mais importa além de vê-lo realizado. Geralmente o resultado atingido não é bem o esperado, principalmente quando os sacrifícios foram maiores que os ganhos. E não se deve considerar apenas as questões materiais. Querer, não significa que precisar ou que vai te realizar plenamente quando conseguir.  O conjunto é que faz a vida de cada um única e especial para cada um: família, amigos, paz de espírito, caráter, formação, crenças e ideologias, conquistas, sucessos e fracassos, experiências e tudo que faz você ser quem você é, ou seja, detalhes.
Partilhar conquistas e sucessos, ver os sonhos realizados sem que outros sejam prejudicados e você pode ficar feliz com isso. Poder ajudar alguém a se sentir melhor, ficar feliz pelo sucesso dos outros é um ótimo sentimento! Muito melhor que a inveja, mesquinha e solitária.





sábado, 18 de setembro de 2010

The Story of Cosmetics (2010)

Conferência Internacional da Rede WATERLAT

Conferência Internacional da Rede WATERLAT

 

“Tensão entre justiça ambiental e justiça social na América Latina: o caso da gestão da água”

 

Memorial da América Latina
São Paulo, 25-27 de outubro de 2010


A conferência é uma realização da rede WATERLAT. O evento  é organizado pela Escola de Geografía, Ciência Política e Sociología, Universidad de Newcastle, o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e o Centro de Estudos Brasileiros para América Latina da Fundação Memorial, com apoio da Cátedra UNESCO Memorial da América Latina, sob a responsabilidade da Comissão Organizadora.
O encontro terá lugar nas instalações do Memorial da América Latina, em São Paulo. A Comissão Científica da Conferência está a cargo do monitoramento da qualidade do programa do evento em geral.
A Conferência está organizada em torno a três temas centrais que estruturam as atividades de cada dia do evento (Temas 1 a 3 da estrutura). Estos temas estão intimamente ligados as Prioridades de Pesquisa de WATERLAT. Além disso, foram identificados três temáticas transversais que se articulam aos temas centrais:

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25 DE OUTUBRO
26 DE OUTUBRO
27 DE OUTUBRO
TEMA 1
A tensão entre justiça social e justiça ambiental na gestão da água
TEMA 2
Conflitos ecológicos distributivos relacionados à água
TEMA 3
Confrontando a vulnerabilidade e indefensabilidade social relacionadas às ameaças hídricas
TEMAS TRANSVERSAIS
i. Geopolítica da água, gestão de águas transfronteiriças
ii. Grandes obras de infraestrutura hídrica
iii. Riscos, ameaças hídricas e vulnerabilidade

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Modalidade de Inscrição e Pagamento:

O valor da inscrição é R$ 150,00 para professores e profissionais e de R$ 75,00 para estudantes. O pagamento deverá ser feito por meio de boleto bancário ou por cartão de crédito. Por favor, complete o pagamento da inscrição aqui.
Enviar consultas por correio eletrônico para WATERLAT.
Todas as informações acima foram retiradas de:  http://www.waterlat.org/pt/Chamada.html

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A imaginação é limitada apenas por aquele que imagina

Imagine uma fila qualquer, enorme, em um dia quente e em um lugar abafado e mal-cheiroso, em que um sujeito está sendo enxotado dela, simplesmente por ceder seu lugar a um senhor idoso e com claros problemas respiratórios e nas pernas. O sujeito ainda por cima é expulso do local por seguranças carrancudos que por pouco não espancam o pobre samaritano.
Isso pode parecer um absurdo para muitas pessoas, para mim seria deprimente e chocante. Mas, aqui vai a pergunta que não quer calar: Quantas pessoas seriam capazes de fazer algo a respeito? Quantos teriam coragem para se manifestar e impedir que esse absurdo não seja comum e nem cotidiano? Ou será que a maioria aceitaria passivamente ou, no máximo, resmungaria pelo canto da boca e continuaria com o que está fazendo?
Confesso, provavelmente não me manifestaria, se não fosse eu o cara sendo expulso, e mesmo que fosse não sei como reagiria. Talvez nos dois casos seria indiferença a primeira reação. Talvez, xingar muito as pessoas, não pessoalmente, com medo de ser espancado ou de levar um tiro por bobeira. Talvez, anonimamente em um desses sites e blogs quaisquer. Quem sabe até criar uma identidade secreta em um mundo virtual, e lá ser o rei supremo e soberano, o valentão, o cruel, o sanguinário ou qualquer outra coisa que não sou na verdade.
As reações das pessoas podem variar e fazer o exercício de se colocar no lugar dos vários personagens pode dar uma visão mais ampla do que sendo simples espectador: E se você fosse a pessoa expulsa? Se fosse alguém na fila naquele momento? Se fosse você quem tirasse o sujeito que cedeu o lugar da fila? Se fosse o idoso? Se fosse um dos seguranças? Se fosse o dono do estabelecimento? Se fosse a pessoa que reclamou para os seguranças? Enfim, diversas possibilidades, perspectivas, visões e ações em uma situação qualquer.
Tudo torna eventos aparentemente simples em algo complexo. A percepção muda com o tempo, a atitude também, o aprendizado e a experiência são fundamentais. Por exemplo, se todos começassem a andar com uma luva branca padrão, em apenas uma das mãos, sem motivo algum inicialmente. Quanto tempo até alguém buscar uma explicação e dar algum sentido para essa atitude desconexa? Outras questões como: Será que todos usariam a luva na mesma mão? E quanto tempo para as próprias pessoas usando a luva se convencerem de que há um bom motivo para o uso dessa luva? Seria uma mesma explicação para todos os usuários? Quanto tempo levaria para surgir luvas diferentes, nos modelos, materiais formatos, cores e personalizações? E até essa prática ser abandonada?
Tudo isso depende de uma série de outros fatores que podem ser imaginados, como quem impôs essa luva para começo de conversa? (não fui eu); quem acatou sofreu algum tipo de pressões, coerção ou coação? Qual a posição do governo, das empresas e dos movimentos sociais? Isso foi uma política pública? Uma medida cautelar ou preventiva? Um tipo de identificação? Costume? Moda? Enfim, questionamentos que vão longe...
Isso sempre me lembra de alguns poemas (Um breve parêntese antes: palavras são fantásticas e poderosas, podem estimular, informar, denegrir, irritar, apaixonar, enojar, envergonhar e tantas outras reações e o poema em poucas palavras reunidas podem intensificar dada a sonoridade, a musicalidade, a rima e o sentimento, por isso é tão marcante, mesmo que nem sempre possamos lembrar de tudo, ainda podem ser marcantes).

Um é o poema de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa):

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


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Os outros são do Carlos Drummond de Andrade:

Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue,
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
preferiam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
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O Homem; As Viagens

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver
.
---

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do Sul - 30/08/2010 a 03/09/2010

(As informações abaixo foram retiradas do site do evento)

O Simpósio Internacional de Mudanças Climáticas e Pobreza na América do Sul faz parte de uma das ações previstas pelo projeto “Sindromes Climáticas y Pobreza en Sudamérica”, financiado pela Fundación Carolina, em seu programa de ajuda a pesquisas CeALCI. O objetivo do projeto é elaborar um painel relativo às condições de pobreza derivadas das mudanças climáticas na América do Sul, com foco no setor de prestação de serviços.


Durante o Simpósio, pretende-se subsidiar um conjunto de indicadores comuns para países da América do Sul através de oficinas de construção de indicadores de "síndromes de sustentabilidade" coordenadas por especialista da Comissão Econômica para América Latina e Caribe - CEPAL.


Para tanto, o Simpósio trará pesquisadores de Universidades do Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador, Bolívia, Perú e Colômbia para apresentar dados e estudos que estão em andamento sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas no setor de prestação de serviços, especialmente em saneamento, energia, saúde, transportes, habitação, bem como em questões demográficas.


O evento representará espaço para participação e contribuição de pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação das instituições participantes e da comunidade científica em geral, contribuindo com o ensino e a realização de pesquisas e incentivando a proposição de parcerias institucionais e de cooperação internacional inter-universidades para a proposição futura de projetos integrados de pesquisa e intercâmbio.

Público alvo: Alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores, professores e profissionais da área.


Avenida Dr. Arnaldo, 715 - Consolação São Paulo - SP
Informações e inscrições

Programa Bayer Jovens Embaixadores

Se você é estudante, tem entre 18 e 24 anos e participa de projetos socioambientais, a Bayer e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente convidam você a participar do Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais.
Lançado no Brasil em 2004, o Programa BYEE (sigla para Bayer Young Environmental Envoy, nome do programa em inglês) é uma iniciativa para premiar jovens comprometidos com causas ambientais. Portanto, se você é engajado na preservação do meio ambiente e atua em prol do desenvolvimento sustentável, inscreva-se!
Não importa qual seja o projeto: pode ser uma atividade no seu bairro, em pequenas comunidades, ou iniciativas maiores, presente em várias cidades e com impacto em todo o Brasil. O que importa é a sua atuação na iniciativa e os resultados atingidos com ela. Conte o seu projeto, relate para nós como você participa da iniciativa e que resultados já foram alcançados com ele.
Os 4 estudantes brasileiros com os melhores projetos ganharão uma viagem de 6 dias para a Alemanha, onde serão representantes do Brasil em um Encontro Internacional de Jovens. Lá terão a oportunidade de trocar conhecimentos e experiências com jovens de 18 países da América Latina, África e Ásia, além de conhecer as melhores tecnologias e práticas ambientais na Alemanha a partir de uma programação especial para o grupo.
O Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais é uma iniciativa de caráter socioambiental, com finalidade exclusivamente cultural, inserida no contexto de ações de responsabilidade social corporativa da Bayer S.A. no Brasil, realizada em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Para participar do programa, o estudante deverá inscrever-se até às 23 horas e 59
minutos do dia 27 de agosto de 2010.

Informações retiradas do regulamento que se encontra no site:  http://www.byee.com.br/
Ver o regulamento completo em PDF em http://www.bayer.com.br/html/pdf/byee/regulamentobyee_2010.pdf

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A busca pelo nada e um incomodo

Um desabafo ficcional (pelo menos em algumas partes...)

O que define o sucesso? O poder e a glória? Isso era a pergunta que fazia para mim o tempo todo. Talvez influenciado por esse universos "bigbrothersco" que permeia a sociedade, ou por algo que está além, um resquício de sonhos de infância? Muitas questões fazem parte da minha vida! Devem fazer parte da vida de todo mundo.
O problema era que já chegou em um momento em que tudo era questionamento para mim, uma crise existencial como os abafadores de caso gostam de chamar, uma dúvida em cima da outra, empilhada no meu peito como processos em Judiciário.

O que fazer para acalmar esse aperto no peito? Por incrível que pareça, a ideia de um fim do mundo não é desagradável... Confessar isso é mais triste ainda.

Acho que eu cansei, cansei de ser eu mesmo, brega, triste, sem beleza, sem perfume marcante, sem noção do que é viver. Cansei de não ser levado em conta, de não ser levado à sério e até ser levado à sério demais. É uma inconstante no meu ser, que eu posso até imaginar. Sim, imaginar, pois seria pretensão demais achar que eu entendo quem desenvolve múltiplas personalidades, mesmo aquelas esquizofrênicas e esquisitas.
É tanta repressão, tanto julgamento nesta breve e patética vida que uma pessoa só não enlouquece se tem muito apoio e segurança para ser ela mesma, mesmo que em brevíssimos períodos. Acho que no fundo somos todos loucos, atores em uma novela que há muito tempo se perdeu o roteiro e a direção. {Há!,} A imagem de uma novela anárquica me passou pela cabeça, mas são tantas as convenções sociais impostas ao longo do tempo que de anárquica, só a falta de rumo... se é que isso se pode chamar de anarquia. Não! Anarquia é outra coisa...
Os conceitos e certezas que adquirimos na vida são tão  delicados que podem facilmente serem soterrados e esquecidos nas areias do tempo. Quisera eu ser uma metamorfose e uma metáfora, que vai do infinito e além, para ser lembrado em uma mesa de jantar, uma roda de amigos, uma conversa íntima.
Mas eu não sou nada, nem ninguém que vale a pena.
Se eu repetir esta mesma sentença umas cem mil vezes talvez ela vire verdade... Será que o contrário também o é?
Se eu disser para mim mesmo cento e uma mil vezes que eu tenho valor, que eu posso ser alguém melhor, que TUDO depende de mim, será que vou conseguir então ser capaz de manifestar orgulho? Mas isso não será muita responsabilidade? Deixar tudo por minha conta?
Tudo bem que não estamos sozinhos nesse universo, mas às vezes o mundo pode ser mais cruel do que somos capazes de aguentar. E o sentimento de solidão ultrapassa quaisquer multidões que eu esteja.
O problema também é admitir que se têm problemas! Outro problema: não são os outros, afinal, sou eu! 
E, admitir isso, significa admitir que a responsabilidade e culpa são, no fim das contas, minhas.
Seja para o bem ou para o mal, o sucesso ou o fracasso, sou o centro do meu universo. Mas EU dependo de vós para sobreviver, de tu para amar,  de nós para estar. Mas só eu posso ser eu, e ser capaz de decidir se permaneço ou não, se quero ou não, se gosto ou não. E nestes universos tão infinitos quantos os pensamentos são capazes de criar, o que para mim é uma coisa para outros são outras coisas.
Existem influências externas, pressões diversas e muitos outros fatores que tornam essa singela declaração muito mais complexa, muito mais sutil e muito mais delicada. Mas no fim das contas eu preciso estar bem comigo mesmo. Mesmo que seja seguir resignado, enjaulado, enganado ou me enganado.
Mas isso não é ser fútil e mesquinho? Pensar em mim e em mais nada?
Sim, mas já ouvi dizer que é por isso mesmo que sou humano e estou vivo. A busca exacerbada e incessante para preencher o vazio que nós mesmos criamos, para um ciclo perverso e vicioso que é como uma casca de milho no fundo do dente, sem que haja palitos ou fio dental por perto. Você pode até se acostumar, mas não é algo que deveria estar lá.

É uma busca pelo e para o nada, mas é inegável a importância do caminho que se escolhe para se tirar a casca de milho. E assim se sentir mais tranquilo, aliviado e vivo.
Seremos capazes de uma maior solidariedade? Humildade? Naturalidade?

Se fosse um brilhante filósofo ou pensador, o fim seria diferente, mas como já me contentei e resignei-me em ser eu mesmo, esse desabafo anônimo é o que fica para a posteridade. Reflitam e respondam os mais corajosos e capazes.

Ass. EU e não o autor!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Limpa Brasil - Pensar a questão do lixo e sua importância

A campanha Limpa Brasil tem por princípio básico criar uma consciência ambiental para que as cidades possam ser limpas e se manterem limpas. O primeiro passo é atingir o interesse das pessoas e das organizações para que a realidade da sua cidade possa realmente ser mudada. Conquistá-las através de um objetivo comum: limpar as cidades e mudar a atitude da população.
Esta é a razão pela qual a Atitude Brasil, em parceira com a UNESCO e o programa Let’s do it World, fará a campanha no Brasil. O sucesso da Estônia está percorrendo o mundo: Portugal, Espanha, Índia, Lituânia,  ….

Como Participar

Critérios: As cidades que pretendem participar do Limpa Brasil deverão passar por um processo de avaliação para que as ações possam ser planejadas e executadas nas esferas social, ambiental, educacional e política.
O projeto iniciará com as 14 maiores cidades do Brasil (vide mapa), por uma questão de logística. Cada cidade deverá se inscrever pelo site www.limpabrasil.com com o mínimo de:
  • 3 pessoas físicas atuantes na cidade
  • 3 ONGs  atuantes no setor direta ou indiretamente
  • 3 secretarias representantes do município, tais como: meio-ambiente, saneamento, educação, urbanismo, conservação e saúde, etc.
  • 10 empresas, que poderão atuar de 3 formas:
    • Patrocínio
    • Copatrocínio
    • Apoio
 Todas as informações acima foram retiradas de http://www.limpabrasil.com/site/como-participar/ . Acesse para mais informações

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Uma nota sobre a proposta do Novo Código Florestal e alguns paralelos

O novo código florestal é, em quase todos os sentidos, um absurdo. As propostas não escondem a visão míope, ultrapassadas e escondidas num discurso econométrico. A matéria da Folha de S. Paulo "Proposta de lei de floresta anula meta nacional de CO2" mostra um dos aspectos que mostram a falta de tato que esse "projeto" tem.
Inúmeras notícias mostram a mobilização da bancada ruralista a favor desse projeto, mesmo com estudos mostrando que não é preciso aumentar o número de terras cultiváveis para aumentar a produção. O mais interessante é que há consenso sobre esses estudos. E, mesmo assim, essa monstruosidade que é a proposta do Novo Código Florestal tem grandes defensores.
O Partido Verde publicou alguns comentários e análises sobre as propostas:

 

Talvez essa maior abertura e pressão em torno do novo código, venha por uma iniciativa e visão do governo dos últimos anos, como a aprovação das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jírau, no rio Madeira em Roraima, desde 2006 e mais recente Belo Monte, todos em regiões da floresta amazônica e com diversos risco. Parece que não precisam mais considerar as questões ambientais, territoriais, indígenas, biodiversas envolvidas, se o interesse econômico e o ganho de minorias estão em jogo.
O mesmo paralelo se dá a integração física da América do Sul, a escolha de estradas como projeto (ver a Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana - IIRSA, por exemplo). A falta de divulgação desses projetos, de integração e interação efetiva entre governos, sociedade, população, de consultas populares e a escolha de projetos de altos impactos e altos custos de manutenção mostra como essas atividades são obscuras e mascaradas.
No discurso, somos os maiores ambientalistas e defensores do ambiente, da baixa emissão de carbono, dos mecanismos de geração de energia limpa, mesmo do princípio de responsabilidades diferenciadas. Mas as ações de certos grupos mostram os interesses de certos grupos que não parecem estar preocupados com o futuro, com questões de preservação e conservação, nem com qualquer outra coisa.
Se essa é a visão que o Brasil "precisa", estamos caminhando para um futuro definitivamente insustentável. Não é uma questão de alarmismo e de punir ou restringir os produtores. e torná-los menos competitivos. A questão é a impunidade que parece ser legitimada com essas propostas, que fazem com que os maus produtores e aproveitadores se instalem no sistema e prejudiquem toda a sociedade.
Em vez de leis que isentam e aumentam o poder e ações desses "chupins", devemos aumentar o poder do pequeno produtor, da agricultura familiar, orgânica, sustentável, incentivar políticas de integração da sociedade, das hortas comunitárias e de uma qualidade de vida melhor para as populações mais vulneráveis como as ribeirinhas e indígenas.
Uma regulamentação mais efetiva, menos burocrática e com maior acesso. Programas de educação rural permanente, apoio à cooperativas e comunidades artesãs e tantos outros projetos possíveis que deveriam ser vistos como prioridade e não secundários ao grande produtor latifundiário e monoculturista.
A febre do etanol é outra questão, os impactos da produção de cana de açúcar, precisam ser melhor refletidos também, até mesmo sobre as vantagens dessa escolha. Os biocombustíveis são mesmo as alternativas "sustentáveis" em relação ao petróleo? Até que ponto?
Sim, o petróleo já deveria estar com seus dias contatos como o combustível do mundo, mas infelizmente essa é uma realidade muito distante. Enquanto o petróleo estiver intimamente relacionado com o poder, pouca coisa se pode fazer.
A ideia que os recursos naturais estão aí para serem explorados pelo homem já é antiga, mas continua atual. Será que tivemos mais ganhos ou perdas com essa visão?
A votação da proposta do Novo Código Florestal está marcado para ser votado pela Câmara dos Deputados, tomara que dali não passe. Tomara que o os nossos nobres deputados em época de eleição e reeleição, votem a serviço da sociedade, mas sinceramente espero que a sociedade possa escolher melhor nossos representantes.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pensar o futuro e o dia Mundial do Meio Ambiente: exorcizando os demonios, conscientizando as pessoas ou mais um grande show de fumaça?

Às vezes me preocupo com o futuro. Quem não se preocupa? Você pode até pensar que não tem nada a ver com isso... Aquela velha desculpa: "Não vou estar vivo mesmo....". Mas isso é uma justificativa aceitável.
Só pelo fato de não estar mais vivo te torna menos responsável pelos seus atos? Ou pelos impactos e consequências que eles vão causar?
Outra desculpa é que não existe tempo nem para cuidar de mim mesmo, quem dirá dos outros...
E há milhares de desculpas, muitas esfarrapadas, algumas razoáveis e outras nem tanto para não termos que enfrentar nossas "culpas". Digo culpa no sentido de coisas que podem fazer mal, direta ou indiretamente a outras pessoas, nem por isso as pessoas se sentem necessariamente culpadas.
Como justificar, por exemplo, a falta de respeito e educação de uma pessoa que joga lixo em vias públicas? Seja de um papel de bala ou uma bituca de cigarro a um sofá ou armário. Mesmo que o nível do impacto seja diferente o ato em si é uma barbaridade para uns, comuns e indiferente para outros.
Provavelmente, muitas das pessoas não pensam que seus atos aparente insignificantes podem ocasionar desastres terríveis. Imaginem milhões de bitucas de cigarros em um bueiro.... ou será que pararam para pensar no destino desse dejeto descartado de forma inapropriada? Nem vamos entrar no mérito (ou na falta de) do próprio ato de fumar. Mas quando uma pessoa reclama que houve aumento em um determinado imposto relativo à limpeza urbana ou tratamento de esgoto e água, será que ela consegue relacionar com o papel de bala "insignificante"? Também não vamos entrar no mérito dos desvios e falta de competências na administração pública. Mas o quanto devemos pensar no coletivo?
Em datas comemorativas, como o dia do Meio Ambiente (5/06) por vir, o empenho e o sentimento afloram de forma surpreendente, iniciativas que não ocorrem no cotidiano, podem mudar nestes dias. Mas a questão ambiental, infelizmente para uns, não se contenta com apenas alguns dias de cuidado. Assim como deveríamos respirar e nos alimentar diariamente e ter condições decentes e de qualidade nesses processos, assim deveria ser o tratamento com o nosso entorno.
Não devemos confundir a questão ambiental como "apenas" cuidar de plantinhas e do "verde", esse é um fator importante, mas o ser humano faz parte de um ecossistema que tem na base justamente essas plantinhas, sem ela não há alimento, não há vida. Podemos substituir nossa alimentação por sintéticos? Podemos ter produtos que não dependam da natureza? Dificilmente conseguiríamos ter uma qualidade de vida decente sem aquilo que foi produzido naturalmente, através de um complexo sistema do qual também fazemos parte. Talvez, nosso maior mérito esteja na capacidade de entender um pouco melhor algumas etapas e processos desse sistema e, assim, facilitar e até controlar a multiplicação e reprodução de plantas e animais que nos alimentam, nos vestem, nos curam, nos protegem e permitem o desenvolvimento de nossas capacidades e criatividade.
A ideia de Mãe-Terra, desse ponto de vista, parece muito apropriada. A visão de que somos, então, os filhos rebeldes e ingratos, mais ainda. Retribuímos com dor e desprezo na maior parte do tempo, muitas vezes, porque damos créditos demais a nós mesmos, em coisas que não dependem tanto assim da gente.
Indo além dessa ideia, e se pensarmos que todos somos filhos da mesma mãe, então somos irmãos e vivemos em uma grande e única comunidade. Mas que entra em conflitos e desentendimentos ferozes, em busca da vã riqueza e da noção e percepção de poder, que busca conquistar os confins da Terra, sem ao menos saber o motivo dessa ganância insensata. Será que é para ser o macho alfa? O dono do mundo? O manda chuva? Ou tem mais a ver com a insegurança? O medo (da morte, do esquecimento)? A insatisfação consigo mesmo? O sentimento de frustração, ambição e angústia?
Tentar entender a complexa psicologia por trás de certas ações é uma coisa que vai além das minhas capacidades, mas não é um único fator que determina o sucesso e o fracasso.
Podemos apelar para o sobrenatural ou mesmo uma força maior, dependendo do caso para entender a sociedade moderna, a criação de mitos, superstições, religiões e crenças fazem parte do nosso imaginário, tentamos com isso explicar nossa existência e achar algum motivo e sentido para a vida. Existem diferentes visões de mundo por motivos, lugares, pessoas, contextos e tempos diferentes, que estão ligadas pela relação homem/natureza/sociedade.
Mudam-se o tempo, mudam-se as pessoas, mudam-se os problemas e as prioridades. Hoje, temos um acervo de experiências passadas que permitem pensar em coisas e possibilidades que não eram possíveis em outros tempos. Embora sempre existam pessoas consideradas "fora" de seu tempo, a preocupação ambiental vem ganhando espaço como tema importante para o futuro da humanidade. Mas ainda existe um longo caminho a se percorrer,  pois enquanto o tratamento for apenas funcional e persistirem a visão objetificando e coisificando até o próprio ser humano, provavelmente não teremos muitos avanços e sucessos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Algumas mudanças animadoras e outras nem tanto na perpectiva eleitoral da Colômbia... Exemplo para o Brasil?

Antanas Mockus (Aurelijus Rutenis Antanas Mockus Šivickas, segundo Wikipedia), candidato a presidência da Colômbia, ex-prefeito de Bogotá, ex-reitor da Univ. Nacional da Colômbia, descendente de Lituanos e parte do Partido Verde da Colômbia. Faltando seis dias para as eleições, Mockus ganhou projeção nacional e internacional após passar dos iniciais 3% de intenções de votos para um empate com o candidato do governo, ex-Ministro da Defesa e do Partido Social da Unidade Nacional, Juan Manuel Santos.

Para uma visão de uma provável política externa de Mockus http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100524/not_imp555766,0.php 

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4436850-EI16425,00-Mockus+deve+reaproximar+Colombia+e+Brasil+dizem+analistas.html
 
O panorama que se apresenta parece favorável ao candidato da oposição Mockus, ou pelo menos, já mostra um favorável apoio a uma visão de governo diferente do atual. Mas a pergunta para nós é: A situação de Mockus pode ser aproveitada aqui pela candidata do Partido Verde?
A situação é diferente e delicada, mas pode ser que tenhamos algumas lições se considerarmos a essência das coisas. No caso Colombiano a popularidade do presidente Álvaro Uribe sofre oscilações durante todo o período em que esteve no poder, o sucesso recente no combate as  Farcs tem grande influência. Mas a continuidade e aproximação com os Estados Unidos, o famigerado Plano Colômbia, e a instalação das bases americanas no país geraram desconforto entre os vizinhos sul-americanos.
O problema que vive a Colômbia, praticamente em guerra civil há mais de 40 anos que deixa uma marca constante de medo e refugiados rurais. A Cruz Vermelha fez um documentário muito bom sobre o tema:



(infelizmente sem legendas ou tradução em português, mas pode ser encontrada em espanhol ou inglês).
O vídeo mostra um pouco da situação do país no início da década, embora tenha havido melhoras a situação na Colômbia ainda é de risco e a tensão é constante. Uma série de questões que são próprios do país e que outros países da região não tem que abordar, embora todos os países tenham problemas semelhantes e situações de risco e vulnerabilidades cada um é específico e o tratamento deve ser diferente.
Tentar se apoiar na plataforma de Mockus para o Brasil seria, então, um erro aparentemente tremendo. Mas há semelhanças que podem ser proveitosas, o pouco tempo de exposição, a baixa popularidade nas pesquisas iniciais, o discurso sobre sustentabilidade e outros pontos que aproximam Mockus de Marina Silva.
As propostas claro, devem se adaptar a realidade distinta de cada país, mas parecem que essas lições podem servir de base a uma ação que obtenha sucesso que aparentemente não é esperado pelo governo. O fato de Ciro Gomes ter sido "expulso" da corrida presidencial, dizem que com pressão e aval do próprio Presidente para que a polarização seja entre Dilma e Serra, mostra como a candidatura dessa Silva parece não ameaçar ao outro Silva. Mas pode surpreender, a diferença nas eleições da Colômbia é que não tinha candidatos tão fortes como os pré-candidatos do PT e PSDB.
Ainda assim, o fato da pré-candidatura do PV colocou a questão ambiental em destaque e em um patamar inesperado por muitos. A ida da então Ministra da Casa Civil a um Conferência do Clima (a COP-15) talvez não ocorresse se não fossem as pressões de uma candidatura "verde". Em setembro de 2009, já comentava sobre o provável "Efeito Marina". Que vem se consolidando e expandindo.
Não se pode negar que a concorrência eleitoral no Brasil tem o carisma e a aceitação popular, a revista TIME do mês passado coloca o presidente Lula como a pessoa mais influente do mundo e isso não é pouca coisa. A menos de dois meses para que as candidaturas se oficializem e depois da Copa as propagandas e debates se intensifiquem o clima já é de campanha. As entrevistas com os pré-candidatos já estão a todo vapor e são os mais expostos pela mídia: Marina @silva_marina, Serra @joseserra_, Dilma @dilmabr.
Eymael, Plínio Sampaio, Zé Maria, Fidelix e outros possíveis candidatos que não aparecem
tanto como os três em destaque, mas também fazem parte da escolha democrática. Alguns mais conhecidos que outros, veja mais sobre o perfil destes candidatos em: http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/05/conheca-todos-os-pre-candidatos-presidencia-da-republica.html

Enfim, a situação se apresenta ainda sem definições, as oscilações das intenções de voto durante essas pré-campanhas diz respeito a exposição e afinidades. As propostas ainda precisam ser melhor apresentadas e os detalhes para fechar candidaturas ainda estão indefinidas o que torna difícil qualquer projeção ou análise, principalmente enquanto a situação pode mudar a qualquer instante.

sábado, 22 de maio de 2010

As distorções que as discussões e defesas de interesses geram

Parece que não importa qual o motivo ou razão para defender um posicionamento, haverá sempre obstáculos, entraves e posicionamentos contrários aos seus. Essa parece ser a constante dinâmica da vida, nascemos dos encontros e desencontros, aproximações e contradições, passado, presente e a perspectiva de futuro. Tudo isso permeado de interações, visões de mundo, objetivos e interesses diversos.
O que isso significa? Primeiro temos que considerar que se estamos priorizando um determinado setor, isso quer dizer que outros estão sendo menos privilegiados? Ou é possível agregar todos os interesses e todas as opiniões sem que haja perdas?
Até que ponto essa flexibilidade dos interesses e escolhas podem ser manipuladas ou mesmo corrompidas para favorecer um grupo ou interesse específico?
Essas e outras questões fazem parte de uma questão maior que é a da lógica por trás do discurso da integração e da igualdade. A justiça social e ambiental tem por pressuposto a igualdade de condições e oportunidades para o desenvolvimento pessoal e o bem comum da sociedade mundial. Ainda que o debate seja muito mais denso e complexo, cheio de nuances e reflexões sinuosas, a justiça busca igualdade, a liberdade, o respeito, a alteridade (sim, a diferença também deve ser respeitada), a interação e integração, a paz.
Podem existir outros significados para justiça e pode parecer injusto não tratar os diversos pontos de vista sobre o tema, mas as definições acima já servem de base para entender a essência do conceito.
O que nos permite ter uma boa noção sobre o assunto, mas não quer dizer que seja uma definição tão fácil. A inventividade e capacidade imaginativa do ser humano é surpreendente a ponto de conseguir corromper ou desvirtuar valores para favorecer seus interesses. Talvez, por isso, atualmente a normatização e regulação tenha tanto destaque. 
O Direito e nossos direitos e deveres passam a ser cada vez mais esmiuçados e embasados em códigos, leis, regras, normas que nascem de costumes e práticas. Mudam ao longo do tempo e se adequam a sociedade e suas próprias mudanças.
A noção do que é justo varia de acordo com determinada socieade, cultura, economia, costumes e mudam através do tempo e de novas interpretações e visões de mundo. O que era legal no passado hoje pode ser totalmente ilegal e vice-versa.
A própria moral e ética podem ficar presas a essas convenções, o que é um risco para uma sociedade como a nossa que vem mudando em um ritmo mais acelerado do que podemos nos adaptar e entender o que ocorre. Se ontem a regra era desmatar e queimar florestas para abrigar pastos e monoculturas (sinais de progresso e desenvolvimento) hoje o processo é um pouco diferente, mas não tanto quanto muitos gostariam.
As noções mudam de acordo com os interesses e interações de diversos setores e grupos da sociedade, os "vitoriosos" parecem ser aqueles que tem seus discursos impostos ou legitimados por serem aceitos e empregados pela maioria. Isto não quer dizer que sejam mais ou menos certos do que o discurso "perdedor". O que leva a essa aceitação ou a rejeição de outros, pois, há vezes em que certo ponto de vista não foi totalmente aceito, mas  por falta de alternativas melhores e pela rejeição dos outros é aquele que passa a valer, até que uma visão mais aceita apareça e seja admitida.
Cada sociedade tem um tempo para aceitar e consolidar posições e como as mudanças são constantes a adaptação também deve ser, assim como a linguagem muda, evolui ou se tranforma por diversos fatores e influências, assim são as convenções e modos sociais, assim são os direitos e deveres, assim é a própria ciência. Uma descoberta e um ponto de vista são capazes de mudanças complexas, se para o bem de todos ou não, essa é uma outra história.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Videos Plano MTV

O programa Plano MTV é muito bom e merece ser visto. A relação entre a Sustentabilidade e diversos temas é muito interessante e instrutivo.

Acessem http://mtv.uol.com.br/plano

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Parece que o sentido de urgência não é tão urgente assim.. O consumo como exemplo

A questão ambiental teve um período de euforia e crescimento entre os anos 1980 e 1990, principalmente da preparação da ECO-92 e após suas resoluções. Mesmo com diversos entraves e concessões durante a reunião, houve avanços  signficativo das discussões  ea ações ambientais em uma Conferência das Nações Unidas - que foi a segunda nesses moldes e amplitude, vinte anos após a realização da primeira e em um sistema internacional diferente de antes,  com mudanças recentes e ainda não muito bem estabelecidas. Assim, mostrava-se promissor  pensar a qualidade de vida dessa e das próximas gerações.
Infelizmente, parece que nos últimos anos essas preocupações, ainda que ainda existentes, estão mais diluídas. Isso quer dizer que o senso de urgência da questão ambiental nos fins do século XX parecem ter diminuído no fim da primeira década do século XXI. Será essa uma realidade? Ou é apenas impressão?
É fato que as quantidades de projetos, produtos e ações envolvendo a questão ambiental e principalmente os riscos da mudança climática sejam hoje muito maiores do que na década retrasada. Que os processos industriais queiram ser cada vez menos poluentes e mais sustentáveis, mesmo que por motivos de marketing vem se aumentando. Aí o problema é saber se são só propagandas e distorções da realidade ou uma efetiva mudança no comportamento empresarial e do consumidor. Além de levar em conta o que se pensa em Sustentabilidade, pois pode significar coisas diferentes...
Um exemplo simples: Uma determinada fábrica que coloca em suas embalagens o adjetivo "eco" em seus produtos dá a entender que é um produto que é feito através de um processo sustentável, quando na verdade não o é. Isso por uma série de questões e uma delas é o fator de compensação. Não é necessariamente o produto que deixou de ser poluente ou que degrade a natureza, mas houve algum tipo de política compensatória, como políticas de reflorestamento. E assim um produto "eco" será compensado (através do reflorestamento) de sua poluição presente em um futuro não definido.
Outras questões também devem ser consideradas como qualidade de vida dos empregados, uso consciente dos recursos, reciclagem otimização e gerenciamento que fazem parte do cotidiano das empresas e não apenas dos produtos. Não adianta muito falar em um produto ecológico, se os trabalhadores que fazem esse produto estão em condições precárias de trabalho, salário e segurança.
Mas as informações que o público e o consumidor têm são bem limitadas nesse sentido. As propagandas enganosas nos fazem pensar que certo produto está dentro de um padrão de Sustentabilidade. Mas cada um parece ter um padrão próprio ou uma noção, no mínimo peculiar, do que é Sustentabilidade e o que se deve fazer para que consegui-la.
Nesse percurso acabamos nos tornando reféns de uma indústria perversa que mascaram e maquiam seus velhos produtos poluidores e ultrapassados  com roupagens "eco" e "sustentável".  A falta de informação e a falta de vontade por mais informações corretas acabam facilitando a ocorrência dessas situações. E o que precisaria ser revisto, cuidado e melhorado acabam ficando de lado. As preocupações de antes são amenizadas, mesmo que os problemas ainda sejam os mesmos, apenas mascarados e deixados de lado.

O vazamento de óleo na costa do Golfo

Há mais de 12 dias há um vazamento de óleo, após a explosão de uma plataforma de extração de petróleo na costa do Golfo do México. Esse vazamento pode levar a sérios danos e impactos que irão afetar toda a vida marinha da região. Isso mostra como o descaso é fatal. Para entender mais sobre o caso acesse a notícia da Folha de S. Paulo:
 
 
  É tristemente importante notar como as reações e medidas para conter o desastre ainda não foram tomadas.

sábado, 10 de abril de 2010

Conheça o Adopt a Negotiatior

Acompanhe e saiba como anda a reunião preliminar em  Bonn (Bonn Climate Talks) de 9 a 11 de abril,  e espero que realmente ajude para as negociações da Conferência das Partes COP-16, sobre um acordo climático decente que vai acontecer no México, no fim do ano.
A primeira grande reunião após o fracasso que foi Copenhague no ano passado.
Se você quer informações de como andam a discussão e as negociações sobre as mudanças climáticas e quer uma visão da sociedade civil, não deixe de acompanhar o projeto Adopt a Negotiator, da Campanha Global para Ação Climática (http://tcktcktck.org). Assim, você pode saber mais como andam os climas de negociação por pessoas que estão lá e acompanham os negociadores. Já que os negociadores geralmente não tem muito tempo para divulgar para a população em geral e a mídia não faz uma cobertura tão aprofundada. Fica a dica:

E veja quem está tentando acompanhar a delegação do Brasil de perto:

As páginas são na maioria em inglês, mas a responsável pelo Brasil posta em português, o que é excelente!

Se você quer saber mais sobre as negociacões sobre a mudança climática no âmbito da ONU, veja o site da United Nations Framework Convention on Climate Change - UNFCCC, em inglês, espanhol ou francês. Para quem não sabe é a partir dessa Conferência que foi responsável entre outros projetos pelo Protocolo de Kioto e que está se esforçando por negociar um acordo pós-Kioto.
Não deixem de acompanhar!

Estamos preparados para a “Revolução Sustentável”?

Primeiramente, antes de criar algum tipo de desconforto, mas que, na verdade, foi a intenção ao usar o termo revolução, as aspas visam minimizar esse impacto, mas para esclarecer qualquer dúvida posterior. Revolução tem uma conotação e está impregnada a ideia de violência, imposição e no fim das contas um ar de fracasso. Isso por que as grandes revoluções do passado, embora com certos benefícios, em alguns pontos, deixaram marcas e traumas para a história humana.

O dicionário da língua portuguesa on-line, Michaelis, explica que a palavra: 

Revolução (re.vo.lu.ção) sf (lat revolutione) 1 Ato ou efeito de revolver (o que estava sereno). 2 Ação ou efeito de revolucionar-se; revolta, sublevação. 3 Movimento súbito e generalizado, de caráter social e político, por meio do qual uma grande parte do povo procura conquistar, pela força, o governo do país, a fim de dar-lhe outra direção. 4 Mudança completa; reforma, transformação. 5 Mudança violenta nas instituições políticas de uma nação. 6 Modificação em qualquer ramo do pensamento humano, abandonando ideias, sistemas e métodos tradicionais para adotar novas técnicas: Revolução literária, artística, industrial. 7 Sistema de opiniões hostis ao passado e pelas quais se procura uma nova ordem de coisas, um futuro melhor. 8 Perturbação moral; indignação, agitação. 9 Med Movimento total de um órgão; movimento anormal dos humores orgânicos. 10 Impressão funda que qualquer ato da vida social de um povo causa no espírito dos cidadãos. 11 Acontecimentos naturais que perturbaram e mudaram a face ou constituição do globo. 12 Todo fato, cataclismo, fenômeno ou grupo de fenômenos que tem por fim alterar a constituição física de certo terreno ou região considerável. 13 Fís Movimento de um móvel que, percorrendo uma curva fechada, torna a passar sucessivamente pelos mesmos pontos. 14 Estado de uma coisa que se enrola, se revolve ou gira sobre si mesma. 15 pop Remoinho nos cabelos. 16 Náusea, repulsa, nojo. 17 Agr Tempo que medeia entre um corte de arvoredo e outro corte no mesmo talhão. 18 Astr Tempo que um astro gasta para descrever o curso de sua órbita. 19 Volta completa de um objeto que gira ao redor de um ponto ou de um eixo. 20 Astr Volta periódica de um astro ao seu ponto de partida. 21 Geom Movimento suposto de um plano em volta de um dos seus lados, para gerar um sólido. 22 Mec Giro completo do eixo de um motor ou de qualquer peça em movimento giratório. R. sideral: retorno de um astro ao mesmo ponto do céu.
Disponível em: A versão acima sofreu pequenas modificações devido a correções gramaticais e atualizações de acordo com as Novas Regras Ortográficas. Acesso em: 09/04/2010.


    Podemos perceber de acordo com o dicionário a palavra revolução tem diversos significados, dependendo do contexto e da temática em que está inserida. A maioria das definições, que dizem respeito às mudanças sociais, denota certos níveis de violência. Mas acredito que o mais próximo que quero dizer quando digo a “Revolução Sustentável” é a definição número 10: “Impressão funda que qualquer ato da vida social de um povo causa no espírito dos cidadãos”. E, discordando um pouco da assertiva número 7, pois o passado não deve ser ignorado se buscamos um futuro melhor. Em alguns casos podem até ser antagônico, já que visões românticas de muitos movimentos sociais prezam o passado, em que não havia grandes destruições ambientais e o ser humano respeitava e era mais “próximo” da natureza.
    Mas o termo revolução tem seus méritos por mostrar um sentido de urgência, descontentamento e de desconforto com nossa atual situação. A necessidade de envolver todos os seres humanos é também uma característica diferencial, já que as revoltas costumam ser de uns contra os outros. Embora, existam visões que nem sempre partilham das mesmas opiniões e escolhas, ninguém parece ser “contra” o ambiente, nem mesmo de sua preservação, apenas discordam sobre a intensidade e rigor a serem aplicados.
    Essas disputas ocorrem em todas as áreas, desde as práticas cotidianas como a escolha do que consumir, ao uso e exploração de recursos naturais, a adoção de regulamentação e licenças ambientais para produtos e obras, o selo ambiental, a rotulagem de alimentos, a fiscalização de empresas e os padrões (nacionais e internacionais) que serão adotados. Enfim, um sem-fim de coisas que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida, mas que também implicam em mudanças profundas de hábitos, visões de mundo, modo de produção e que influência nas ofertas e demandas de determinados produtos e também no seu preço final e custo de produção.
Hoje, vemos que muitos produtos tem se utilizado das perspectivas “eco”, meramente como uma forma de propaganda, de modo a agregar um valor maior no produto final, sem estarem necessariamente preocupados com a ecologia e a sustentabilidade. Ainda temos uma visão de que o consumo desenfreado é bom, pelo menos para a economia. Afinal, quanto mais se consume, mais se têm que produzir e, isso significa mais fábricas e indústrias, que geram mais empregos. Mais pessoas empregadas são mais pessoas consumindo.
Esse ciclo viciado e vicioso, que é a base da lógica do mercado tem sérios problemas, afinal de contas os recursos para a produção de certos materiais e produtos tem limites, são escassos e finitos. Em um longo prazo, os mesmos motivos que levaram à prosperidade e crescimento de uma sociedade, podem significar o seu colapso. O professor de geografia da Universidade da Califórnia, Jared Diamond, na sua obra Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso, de 2005 (lançado no Brasil pela Ed. Record), explica muito bem essa situação através da análise de diversas sociedades que ainda existem ou vieram a sucumbir.
Segundo Diamond, o colapso é
“... uma drástica redução da população e/ou complexidade política, econômica e social, numa área considerável, durante um longo tempo. O fenômeno do colapso é, portanto, uma forma extrema de diversos tipos mais brandos de declínio, e torna-se arbitrário decidir quão drástico deve ser o declínio de uma sociedade antes que se possa qualificá-lo como colapso. Alguns desses tipos mais brandos de declínio incluem pequenos altos e baixos normais do acaso; pequenas reestruturações políticas, econômicas e sociais características de qualquer sociedade; a conquista de uma sociedade por um vizinho ou o seu declínio ligado à ascensão de um vizinho, sem mudança no tamanho total da população ou na complexidade de toda a região; e a queda ou substituição de uma elite de governo por outra. De acordo com tais padrões, a maioria das pessoas concorda que as seguintes sociedades do passado foram vítimas ilustres de verdadeiros colapsos, mais do que de pequenos declínios: as sociedades anasazi e cahokia, dentro das fronteiras dos EUA contemporâneos; as cidades maias na América Central; as sociedades machica e Tiahuanaco, na América do Sul; a Grécia Miceniana e Creta Minóica, na Europa; o Grande Zimbábue, na África; as cidades asiáticas de Angkor Wat, da cultura harapa, no vale Indo; e a ilha de Páscoa no oceano Pacífico” (DIAMOND, 2009, p. 17-18).

O professor Diamond distingue oito categorias pelas quais as sociedades do passado teriam minado a si mesmas, cometendo ecocídio (suicídio ecológico não intencional):
“... desmatamento e destruição do hábitat, problemas com o solo (erosão, salinização e perda de fertilidade), problemas com o controle da água, sobrecaça, sobrepesca, efeitos da introdução de outras espécies sobre as espécies nativas e aumento per capita do impacto do crescimento demográfico” (p. 18-19).
Coloca ainda mais quatro ameaças modernas aliadas a essas oito: 

“mudanças climáticas provocadas pelo homem, acúmulo de produtos químicos tóxicos no ambiente, carência de energia e utilização total da capacidade fotossintética do planeta. A maioria dessas 12 ameaças, acredita-se, se tornará crítica em âmbito mundial nas próximas décadas.” (p. 19)

    Essa é uma obra riquíssima, bem detalhada sobre as diversas sociedades do passado que vieram a sucumbir por motivos diversos, não apenas o dano ambiental, mas também outros fatores que levaram ao colapso podem ajudar a entender nossa própria sociedade. A resposta da própria sociedade é fundamental para sua continuidade ou desaparecimento.
    O interessante é perceber que há cada vez mais informações, estudos e evidências que comprovam que mesmo as civilizações mais evoluídas de outros tempos sucumbiram ao ignorar sinais de crise e não serem capazes de responderem aos desafios a tempo. Nós temos métodos e capacidades de análise cada vez mais superiores, o nível tecnológico diminuiu as distâncias e a partilha das informações e conhecimentos, mas isso não significa que temos problemas menores, em proporção, aos das antigas sociedades.
    A ideia de um mundo melhor parece distante. Um mundo mais justo, igualitário, responsável, que haja respeito, dignidade, paz e segurança, liberdade e uma série de requisitos básicos para uma vida melhor, sem que isso seja uma batalha feroz e constante é de muitas formas um sonho. Por mais que pareça uma utopia e que estamos muito longe desse caminho há esperança, pelo menos da minha parte e de quem compartilha esse espírito, que um mundo melhor é possível e essa busca vale a pena.
    Contudo, é preciso que haja uma nova forma de se pensar o mundo, de se entender e ser entendido, uma nova visão que não priorize tanto o mercado e a produção desenfreada e sem sentido, que não busque explorar e esgotar as capacidades que temos. Que não fomente preconceitos, opressões, exclusões e violências. Para isso, há de se ter solidariedade, amor, respeito, princípios éticos, morais e existenciais que propiciem a felicidade ou, pelo menos, a chance de obtê-la.

Bibliografia

DIAMOND, Jared. Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso; tradução de Alexandre Raposo, 6a. edição. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2009. 685 p.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Comentários sobre enchentes, água e clima

Ontem (6/04/2010), o Rio de Janeiro passou por forte temporal que deixou o Estado em calamidade, diversos mortos, feridos e desaparecidos. Ainda em estado de alerta, várias cidades pararam, principalmente a capital que também tem o nome do Estado.
Para os paulistas e paulistanos, que parecem ter um pouco mais de experiência com esse terrível acontecimento, pois infelizmente assombra, desde novembro do ano passado, com mais intensidade do que nos últimos anos,  fica a solidariedade aos cariocas. Diversos outros Estados do Brasil também passaram por essas tragédias e em diversas outras cidades do mundo vemos acontecer essa catástrofe e suas consequências devastadoras.
Os motivos que levam a situação a tal ponto são inúmeros e os culpados também. Talvez, seja exagero, chamar alguns de culpados, mas com certeza há muitos facilitadores para que essa situação ocorra. Não diria, por exemplo, que esses "dilúvios" ocorram por fatores isolados., nem por culpa divina, que a palavra dilúvio nos remete.
Nem se pode dizer, que é culpa de uma determinada geração ou de um governo ou governante, embora a resposta dada é fundamental para minimizar ou sanar os graves impactos e consequências das enchentes.
O que fica claro é que o processo de urbanização desenfreada é um dos principais fatores para ampliar a gravidade das enchentes. Isso por diversos motivos: ocupação das áreas de várzea, destruição das matas ciliares, impermeabilização do solo com asfaltos, casas e construções diversas, canalização de rios e córregos, concentração populacional, inversão térmica, poluição, criação de represas e comportas, sejam para reservatórios e estações de tratamento, sejam para hidrelétricas, entre outros.
Além disso, há os fatores e causas externas como o aquecimento global, o aumento das temperaturas oceânicas, o degelo polar e outras mudanças que podem ser influenciadas pelas ações humanas.  Embora, cada um desses fatores, já sejam preocupantes em si, o conjunto da obra é mais ainda.
Vamos ao cenário da tragédia: Há um aumento na temperatura dos oceanos, o degelo polar e uma série de outros perigos, que ocorrem naturalmente em períodos variados. O problema é que há uma intensificação desse aumento, que pode estar sendo causada pelo aumento da poluição e emissões de gases de efeito estufa.
Essa intensificação é perigosa, pois levam a um deslocamento maior de água, em forma de vapor, que antes estavam nos oceanos, para a massa continental que habitamos.
Enquanto isso, as cidades que tentam represar e controlar seus rios, marginalizando e encanando, por exemplo, tem cada vez menos formas de absorver a água decorrente das chuvas, pois o solo é cada vez mais impermeável e os sistemas de escoamento e esgotos não são suficientes para dar conta desse volume, cada vez maior. A sujeira e lixos acumulados, também diminuem essa capacidade de escoamento.
Solos mais impermeáveis também são sinônimos para menos vegetação, que absorveriam parte dessa água e também de gás carbônico, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Tentar limitar o trajeto do rio, ou mesmo canalizar ele por completo é um feito que exige cuidado e empreende riscos. Por causa das chuvas, os rios têm pontos naturais de transbordamento, as áreas de várzea, que são sazonais, ou seja, que não ocorrem sempre. O problema é que as construções, como as marginais, são feitas e pensadas em períodos de baixa umidade, em que essas várzeas não eram consideradas, por isso das constantes enchentes em determinados períodos.
Para tentar conter essas cheias, foram criadas então comportas e reservatórios para os períodos de cheias e de maior vazão, consequência de chuvas mais intensas. A questão da impermeabilidade do solo também afeta de forma considerável, pois leva cada vez mais volumes de água para os esgotos e outros canais que desembocam nesses reservatórios ou  diretamente nos rios.
Vamos pensar um pouco, se há mais chuvas em certos períodos, que não são previstas ou esperadas, se há menos absorção das águas pelo solo, árvores e plantas, se, o escoamento dessas águas levam a sistema de esgoto e canalização que vão parar nos rios. Então, o volume de água pode ser muito maior que os esperados e comportados pelos reservatórios e a vazão passa a não ser suficiente para conter o transbordamento da água, ou seja, o tráfego de água é tão intenso que ocasiona enchentes.
Para o paulista e outros moradores de grandes metrópoles, mal planejadas, acostumados a ficar parado no trânsito, a situação é semelhante. Grandes volumes de água, sem espaço suficiente para fluir acabam se acumulando, a diferença de carros para a água é que a água não obedece a lógica dos carros e se amontoa e vaza para qualquer lado, não sendo controlada ou limitada pelo espaço pré-determinado para seu deslocamento. O efeito desse vazamento ou transbordamento é a enchente.
Outra situação que piora com os efeitos de chuvas mais intensas não são apenas enchentes e suas consequências devastadoras, além do perigo de transmissão de doenças. Há também o risco de deslizamentos em áreas que estão habitadas, as chamadas áreas de risco, encostas de morros e voçorocas. As pessoas que vivem nessas regiões são uma das mais afetadas pela intensidade das chuvas, que leva a deslizamentos e destruições, consequência da impermeabilidade do solo e a retirada de vegetações para dar lugar a casas que torna o solo menos resistente a enxurradas e leva a desbarranques, arrastando casas, seus  móveis, moradores e o que estiverem no caminho.
Os efeitos devastadores das chuvas também são sentidos na infra-estrutura da cidade, quedas de postes de luz e rompimento de cabos de energia afetam o fornecimento para as áreas afetas, o difícil acesso também impede o socorro aos feridos e desabrigados. O próprio sistema de esgoto fica prejudicado e pode afetar a disponibilidade de água potável em certas áreas,  dependendo dos estragos.
A resposta que o poder público dá a esses acontecimentos e o próprio tratamento, antes  mesmo da ocorrência de tragédias, é fundamental para minimizar desastres. São muitas questões, entre elas, evitar construções e ocupações em áreas de risco é algo que pode ser feito e evitaria muitas desgraças. Outro ponto é entender e respeitar os cursos, fluxos e vazões dos rios, que podem muito bem ser feito, como o caso de Seul, capital da Coreia do Sul, não é tornar marginais obsoletas, mas torná-las co-habitações para o rio e não limitações a ele. Preparar agentes, como a defesa civil para momentos como esses, equipá-los, treiná-los e mobilizá-los quando necessários, entre outras tantas iniciativas e ações.
A conscientização dos cidadãos também é um ponto importante, afinal, o lixo que se acumula e impede o maior escoamento é, em grande, parte descartado de forma imprópria por muitos. Um simples papel de bala para uns é catástrofe na certa para outros, isso por que não estamos acostumados a pensar de forma coletiva, nem no respeito mútuo. Enquanto é um simples papel de bala para um, imaginem 18 milhões desses papéis jogados na rua e escorrendo para bueiros que certamente serão entupidos. Campanhas e incentivos à reciclagem, mais a melhoria da infra-estrutura existente já seriam um bom começo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Há algo errado? As propagandas para além da publicidade

No dia 27 de março de 2010 está programado uma ação, organizado pela ONG WWF que se chama "A Hora do Planeta". Conta com ampla participação, inclusive de governos e prefeituras do mundo todo. Segundo o próprio site da instituição no Brasil: "O movimento acontecerá em 117 países e 2.383 cidades. 812 monumentos e lugares ao redor do globo ficarão no escuro durante a Hora do Planeta." A ideia dessa mobilização consiste em fazer um "apagão voluntário", no Brasil ficou estabelecido o horário entre as 20:30h às 21:30h, horário de Brasília. (para maiores informações www.wwf.org.br)
 O que vale aqui é um comentário rápido. Primeiro dizer que esta é uma iniciativa louvável e tem grandes méritos, pode ser que vire uma data comemorativa ou pelo menos nos moldes das datas comemorativas que buscam refletir sobre um assunto. A questão da energia, usos e recursos disponíveis são algumas das intenções com a Hora do Planeta, mas que busca ir além de uma simples data no ano.
  E esse deve ser um dos maiores desafios, fazer com que seja lembrado e relembrado constantemente e não só quando nos aproximarmos dessa mesma data, num próximo ano. A conscientização só é possível com um trabalho constante que possa internalizar a mensagem e integrar as pessoas. Que se possa  refletir e discutir propostas, ideias e projetos  de forma que se chegue a um consenso ou pelo menos em uma situação e/ou condição aceita por uma ampla maioria. Se não conseguirmos dessa forma é muito difícil termos sucessos sustentáveis.

terça-feira, 16 de março de 2010

Entre Belo Monte e a miopia de uma forma de pensar o futuro

Belo Monte, a próxima grande hidrelétrica brasileira, estimada a ser a terceira maior do mundo. Logo após Itaipú (na fronteira entre Brasil e Paraguai) e Três Gargantas (na China). Entre os vários problemas e polêmicas que essa iniciativa do governo brasileiro vem causando é a inundação de uma área aproximada de 500 km2 em plena floresta Amazônica, afetando também diversas populações ribeirinhas, inclusive indígenas.
A discussão sobre a necessidade ou não do empreendimento é longa. Mas acho que aqui cabe mostrar um outro ponto. Para começar a escolha desse projeto já é complicada e fala muito sobre a visão que o governo emprega sobre o que é geração de energia "limpa". Não é por que a emissão de CO2 é baixa após a instalação e funcionamento de uma usina que seus impactos não devem ser considerados.
Em qualquer empreendimento há impactos e desgastes técnicos e espaciais que não podem ser ignorados. A geração de energia de uma hidrelétria depende de sua capacidade de reserva e vazão de água. E a água vai ser um dos grandes desafios para as próximas décadas, contar com o que existe hoje para uma geração futura pode ser um erro catastrófico. Pensando por um lado positivo, eles terão que preservar muito para manter o nível perto de padrões atuais.
Entre as diversas alternativas muito mais compensadoras e mais sustentáveis, talvez não tão eficientes por enquanto, mostram potenciais de crescimento que não é possível com as grandes hidrelétricas. Ignorar a energia eólica e solar, principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil é um erro que já foi demonstrado diversas vezes. Até mesmo as diversas declarações de que o futuro é nuclear é preocupante.
 Não é que essas formas de geração de energia são erradas, acho que em muitos casos ela pode ser aceitável. O que incomoda é que estão ignorando alternativas que podem ser muito mais compensadoras a longo prazo e que inclusive criaria incentivos à novas tecnologias e novas formas de pensar a infra-estrutura do país.
A discussão então é muito maior do uma instalação de uma represa gigantesca no meio da floresta acabando com tudo, dificultando acesso e provavelmente encarecendo a transmissão de energia e qualquer tipo de manutenção. É a visão de país que temos e qual país queremos no futuro, isso vai muito além da escolha de um modelo de geração de energia elétrica. Mas é representativo do que a política, cultura e sociedade se posiciona sobre o tema e como isso influencia todo o resto.
Além disso, um país que defende a diminuição da emissão de gases do efeito estufa e que tem seu maior problema no desmatamento e degradação de seu patrimônio natural, pode se dar ao luxo de inundar uma área riquíssima de floresta tropical? Acredito que não, principalmente por que há alternativas viáveis a esse projeto. Não é como se fosse a única escolha possível, mas infelizmente está sendo tratada desse modo por muitos. Isso é um atraso em tantos níveis que os impactos vão muito além dos 500 quilômetros quadrados.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os motivos para ser ou não paranoia e sentimento de imbecilidade.

As questões ambientais já são temas constantes, tanto que chegam a um ponto de saturação em alguns casos. Não que seja uma coisa ruim, pelo contrário, a ideia de que há cada vez mais pessoas abordando e pensando sobre o assunto é melhor. O problema é quando se é bombardeado por coisas que acabam banalizando o assunto.
Ainda não cheguei a uma conclusão, mas acredito que estamos chegando mais perto do banal do que da reflexão e entendimento. Fica claro de que o debate sobre a Sustentabilidade veio para ficar, mas quem está debatendo e o que isso implica no nosso dia a dia é cada vez mais complicado.
As diversas notícias e debates tentando explicar o que é "sustentável" e "ecológico" passam por uma diversidade de abordagens que podem confundir o público em geral. Especialmente os que são mais suscetíveis a acreditar em "qualquer coisa", que geralmente são os mais afetados e que correm os maiores riscos. A desinformação é tamanha que pode-se deturpar até mesmo o senso comum.
Por exemplo, todos sabem que é preciso preservar as nossas florestas. Mas o por quê dessa preservação? Será que é para garantir a umidade relativa e a temperatura? Para que as próximas gerações tenham uma melhor qualidade de vida? Ou preservar a biodiversidade e a renovação e usos sustentáveis dos recursos naturais? Será que é para preservar a vida humana, o seu alimento e riqueza? Ou salvar o habitat natural dos seres vivos? Para garantir que não sejam dominados por outros Estados? Essas e tantas outras explicações fazem parte das motivações que uma pessoa tem para preservar a floresta. 
Podem ser todas as questões acima e muitas outras. Existem até motivos para que a floresta não seja preservada, podem estar relacionadas com a questão dos recursos, riqueza e até mesmo fantasmas e espíritos ou outras explicações. Enfim, o motivo que cada um pode ter é praticamente infinito. Isso não significa que não se pode chegar a certo parâmetros e algum senso comum, sendo assim os fantasmas, malignos ou não, não teriam muita força como justificativa para se destruir a floresta, pelo menos não nesse século. Espero eu.
No final das contas são tantas abordagens, experiências, visões e sentimentos envolvidos que não se pode estreitar o debate em generalizações simplórias, nem por isso transformar em um culto alienígena.
O processo em que a sociedade vai se adaptar depende de uma série de fatores: meio ambiente, educação, cultura, economia, a própria sociedade, sua estrutura e capacidade de adaptação, integração e interação intra e internacionais, informação e os processos comunicativos e midiáticos, tecnologia, subjetividade, política e tantas outras que tornar o quadro geral uma trama tão complexa quanto frágil.
Fazer desse emaranhado algo compreensível não é fácil, muito menos prever o resultado final. Afinal, o fator humano é o diferencial mais significativo e mais imprevisível dessa equação. São coisas que podem surpreender e chocar, mas também emocionar e maravilhar. Acho que os sentimentos, aliados a capacidade comunicativa, são elementos fundamentais nas nossas vidas.
Não devemos menosprezar o poder da linguagem e do discursos capaz de mobilizar milhões de pessoas, para o bem ou para o mal. A emoção é um sentimento poderoso: A imagem de uma floresta sendo incinerada, enquanto os animais tentam escapar pode fazer uma campanha de preservação e combate ao desmatamento e incêndios criminosos muito mais efetiva e eficaz, com maiores colaborações, denúncias e mobilizações do que uma nota técnica cheia de dados, fatos e estatísticas apresentadas de forma técnica e imparcial.
Isso pode ser visto como manipulação, e não deixa de ser. Por mais que uma informação ou notícia seja apresentada de forma imparcial ela tem uma influência e uma tendência por trás dela, variando de intensidade e exposição, mas que nem sempre são capazes de influenciar a opinião pública.
Há casos em que mesmo essa imparcialidade leva a polêmicas, mais pelo tema em si do que por quem noticiou o fato. Afinal é cada vez mais difícil esconder o fato em si do que deturpar o seu significado. Então há noticiários tendenciosos ou não, editoriais, formas de publicidade e propagandas que buscam informar o cidadão do fato e, talvez mais ainda, dar a esse fato um significado e/ou explicação que mais lhe seja "apropriado".
Existem momentos e temas que podem realmente confundir a cabeça de tantos lados e possibilidades que se apresentam. E isso pode levar alguém ao extremo de não confiar mais em nada em ninguém e achar que tudo é uma grande invenção da CIA ou dos alienígenas. E nem saber qual dos dois é mais "malvado". Podem inclusive levar a mal entendidos e mal estar constantes, principalmente por parte dos políticos e humoristas por declarações confusas e mal esclarecidas e como são interpretadas e reproduzidas.
É preciso ter cuidado para não ser enganado ou se confundir com o tanto de informações que recebemos, tomar cuidado também com a fonte e origem dessa informação, se é verdadeira e se existe uma base para ela. Criar informações falsas e disseminar boatos é extremamente fácil na era da Internet e da comunicação instantânea.
Novos problemas surgem e as adaptações e soluções também aparecem. Só não podemos esperar que os outros façam TUDO para nós, pois corremos o risco de estarmos sendo completamente enganados e sem ao menos perceber. Também não se pode ir ao outro extremo e se isolar e tentar fazer tudo sozinho, afinal é quase impossível e muitas coisas que fazemos sozinho não são tão boas assim. Não é verdade?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As lições que aprendemos informalmente

O ensino se tornou cada vez mais profissional, especializado e um tanto confuso. Essa confusão não vem do ensino em si, mas da visão e importância que ele tem para nós, isso significa que, embora seja fundamental para o desenvolvimento e entendimento de uma pessoa não significa que seja percebido como importante ou mesmo necessário.
Outro problema é a especialização do ensino, não que a especialização não deva existir, mas me refiro a esta ser cada vez mais precoce e mais específica. A piada que um dia, teremos que ir a 5 médicos diferentes se quisermos tratar da nossa mão (um para cada dedo), isso sem contar a palma ou se é a direita ou a esquerda pode estar longe da realidade, mas não tão impossível assim.
A sociedade de hoje não existiria nem funcionaria sem especialistas e grandes conhecedores de determinado assunto, o problema é que estão confundindo técnicos com especialistas. Muitos desses problemas estão na base do ensino e também pelas rápidas e constantes mudanças nas sociedades.
Hoje, em muitos lugares há mais pessoas empregadas que trabalham mais tempo do que qualquer outra atividade, inclusive a de serem pais. Isso não quer dizer que não há pessoas que consigam conciliar suas atividades e, por mais que os pais tenham muita responsabilidade na formação dos filhos, eles também tem seus limites. Algumas pesquisas até afirmam que o meio social, amizades, vizinhança, escola e uma série de outras coisas chegam a ser mais influentes do que os pais.
O debate sobre Educação, Responsabilidade e Cidadania é longo e talvez não seja o caso de hoje, mas tem relação direta com o que quero dizer sobre as lições que aprendemos, independente do lugar e da situação, especialmente aquelas que são apreendidas fora das instituições ditas "formais".
Na rua, na sua casa, em sua cidade, com seus amigos, ou mesmo desconhecidos, até mesmo a televisão e tantos outros que podem se caracterizar como parte nosso dia-a-dia e que  passam despercebidos por serem tão comuns e cotidianos, mas que são essenciais na formação daquilo que somos, sabemos e pensamos. Um exemplo simples: Se você está acostumado com água encanada e um sistema de esgoto em sua casa e de repente ocorre algum problema que impede o acesso a esses recursos ou se você vai para um lugar em que isso não existe e é bem capaz que você valorize mais os serviços de água encanada e esgoto do que se nunca tivesse os visto e tido ou se nunca tivesse ficado sem.
Há certas coisas que são consideradas fundamentais para uma pessoa, mas inúteis para outras dependendo dos contextos (histórico, familiar, geográfico, social, político etc.) e interesses pessoais. Podemos chegar a algum consenso sobre a necessidade e acesso à educação, saúde, abrigo e alimentação de qualidade, mas ainda assim não serão a mesma coisa para cada pessoa. Isso depende da percepção e entendimento que se tem das coisas.
A questão ambiental enfrenta essa dificuldade, em que o grau de importância varia de acordo com as necessidades que são consideradas mais "urgentes". Se uma família está passando fome, não tem onde morar e nenhum tipo de amparo é bem difícil que ela esteja preocupada com a qualidade do ar ou da água e nem com as emissões de CO2 das fábricas ou minas de carvão, principalmente se o único lugar que elas conseguirem se estabelecer for à margem de represas ou em morros e que consigam trabalho em empresas poluidoras, quando não se envolvem em ações piores como recorrer ao crime.
Não sei se devemos chamar essas situações e casos semelhantes de medidas de sobrevivência ou então situações extremas, mas é o que ocorre com uma parte expressiva da população mundial. Por um lado uma certa abundância e fartura que até desencadeiam um consumismo frenético, do outro lado escassez, fome e desespero. É claro que é difícil fazer uma análise da situação geral do mundo e colocar somente esses dois lados como o que existe no espectro social, na verdade esses são extremos de uma amálgama de possibilidades e casos, que também é uma questão de percepção. O que pode parecer muito para um pode ser visto como mínimo para outro e vice-versa.
O que a educação deve permitir é a opção de escolha consciente, que tanto nos falta. Saber o que estamos escolhendo, onde estamos, qual é a nossa situação e a situação do mundo e reconhecer os motivos e contextos que nos levaram a elas é o primeiro passo para nos tornarmos pessoas e cidadãos. Senão, qual a diferença entre nós e marionetes? E para que vivemos, crescemos e reproduzimos?


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tentando o retorno, mas sem criatividade. Desabafos em tom de carta pessoal.

Olá, como vai?
Tudo bem?

Queria avisar antes de começar que quaisquer das coisas que escreverei vão ter partes confusas, pois ainda não pensei muito bem o que dizer e realmente o que quero dizer. Não sei qual vai ser a impressão, mas acho que preciso falar algumas coisas.

Bom, eu não sei o que estou fazendo de certo ou de errado nessa vida, algumas das decisões que tomei em algum momento ainda estão em pleno desenvolvimento, então o resultado ainda não é visível. Pelo menos não para mim... Talvez alguém vendo minha vida veja que é mais simples do que eu pense e eu é que estou complicando. Eu também, às vezes, acho que é simples.
Mas me mostre uma pessoa que está constantemente e verdadeiramente satisfeita consigo ou sua vida e seja realmente feliz eu eu ficarei com inveja e admiração.Mas, talvez, também sentiria pena dessa pessoa.
Uma pessoa que tenha atingido todos os seus sonhos e realizações e não tenha novos sonhos e metas a seguir pode ser facilmente confundido com uma pessoa resignada, até mesmo feliz, porém resignada. Acho que o que move o ser humano é a busca por algo, por mais pessoal e inconstante que essa busca seja. Isso, pelo menos, é como me sinto no momento.
E por mais clichê e propaganda de cartão de crédito que possa parecer: A vida é uma junção de momentos. Por mais que possamos planejar os detalhes, tudo depende de uma série de fatores que vão muito além da vontade pessoal. Aprender e crescer com as situações fazem parte da nossa vida. Sejam situações boas ou ruins, tristes ou alegres, deprimentes ou divertidas. Como já é praticamente senso comum: não é só a situação, mas como você reage e responde a ela. Ficar nervoso e irritado em um momento feliz e romântico pode não ser o resultado esperado. Mas depende do motivo é compreensível.
Uma escola ficar conhecida por uma massa de ALUNOS assediarem (para pegar leve) uma menina por sua vestimenta, para mim, é um absurdo. Para outros é compreensível ou até aceitável e justificável. Mas não quero desviar do assunto.
O que eu quero dizer é que eu nem sei o que quero dizer. Acho que primeiro devo começar agradecendo tudo que tenho e que consegui. Minha família, minha vida, meu amor, amigos, estudo e mais uma porrada de coisas que até nem me lembro mais ou que não cabem aqui, mas com certeza devem ter sido e são importantes em algum momento. Afinal, como decidir ou mesmo saber o que é ou foi importante para mim se eu nem sei de todas as circunstâncias que levaram ao que aconteceu comigo? Não ter passado em concursos ou vestibulares me levou a outras situações que me foram muito proveitosas. Foi, então, uma perda eu não ter passado? Eu não lamento, nem poderia ficar lamentando muito, pois foram essas as situações que ajudaram a eu ser quem eu sou. 
Para o bem ou para o mal....
Existem arrependimentos e lamúrias, é claro, erros marcantes e perdas irreparáveis, mas como disse são também aprendizados, em todos os níveis. Ainda vou passar por muitas situações de erros e acertos, espero não ficar me remoendo para sempre quando derem errado, mesmo chateado espero poder ver o lado bom das coisas. Espero não chegar também a ficar arrogante ou hipócrita o bastante para não admitir ou reconhecer meus erros quando eles forem meus e nem relativizar tudo para achar só coisas boas. Também não devo deixar de reconhecer e apreciar acertos, pois eles existem.
Engraçado, comecei sem saber o que fazer e acabo sem ainda saber por que fiz. Acho que não deveria nem publicar esse arroubo de inutilidade, mas vai assim mesmo.
Para finalizar, volto a publicar só que sem previsão, não vou me pressionar por produtividade. Esse ano eu vou tentar buscar mais qualidade e tentar fazer coisas que eu me orgulhe.

Abraços e felicitações

Fernando Matsunaga,

São Paulo, 01 de fevereiro de 2010.