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sábado, 7 de junho de 2008

Para Comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente (atrasado)

Dois dias após mais uma comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente e a pergunta que faço: é um dia de comemoração mesmo? Ou devemos usar este dia como protesto? Transformá-lo em um feriado mundial? Até que não seria má idéia... afinal de contas se a proposta deste dia surgiu como uma forma de preocupação com a questão ambiental, seria mais atrativo que se parecem todos os processos produtivos que são alvos de críticas por causarem poluição, exploração, gerar lixo, acumular riquezas, degradar e desgastar matérias e combustíveis, e uma série de outros fatores que preocupam cada vez mais pessoas.
A origem da data segundo Rubens Harry Born no texto "DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE: É PARA CELEBRAR OU PARA QUE NOS SERVE?" inicia-se com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano (CNUMA) em 1972 na cidade de Estocolmo, localizada na Suécia. É um dia de mobilização e celebração, mas, assim como o dia das mães, não deve ficar limitado a apenas uma simples data dos 365 dias e seis horas que é a duração de um ano no calendário gregoriano.
É um dia para reunir forças, experiências, solidariedades e compartilhá-las de forma simples, honesta e profunda, como o amor verdadeiro de mãe a expressão desse dia é sinal de homenagem e admiração que não se formam ou acontecem apenas em uma determinada data ou período, mas que foi e é cultivado através do tempo. Ultrapassa culturas, sociedades, fatores econômicos e mesmo na maior dificuldades, correria e absurdos da vida, tomamos um tempo, respiramos e (re)pensamos o que já sabemos... a importância do passado, dos precursores, dos progenitores, dos educadores, do amor, carinho, paz e tantos outros que não são encontrados facilmente por todos ou ainda quando existem são banalizados, ignorados ou, se sacralizados, passam a ser parte de uma ilusão a ser alcançada, mas que não é suficiente para aplacar o espírito mais voraz.
De todas as formas possíveis de se encarar este dia a reflexão deve ser mais pessoal, pois é no íntimo que as mudanças efetivas ocorrem e para mudarmos o mundo como queremos, devemos primeiro mudar a nós mesmos. Uma história que me contaram um dia ilustra bem este ponto, sobre os ensinamentos de Ghandi quando uma mãe pede para que aconselhe seu filho a parar de comer açúcar, pois fazia mal a ele. Considerado um grande sábio era comum receber pedidos de conselhos, mas ao ouvir tal pedido pediu que a mulher voltasse após uma semana... passado este tempo ela retorna e pede novamente que peça ao filho para parar de comer açúcar. Ele se dirige a criança e diz: "Pare de comer açúcar, pois é ruim para você!". A mãe sem entender a demora deste conselho pergunta o por quê da espera e Ghandi responde: "É que ainda semana passada eu também comia açúcar."
Não sei se a história é real e a uma série de versões espalhadas sobre ela, o importante é que em essência ela não muda. Devemos tomar cuidado com as críticas que fazemos sem uma certa análise pessoal, ou seja, dos nossos comportamentos. Não quer dizer que devemos ser ou tomar atitudes radicais e/ou extremas; o exagero pode não trazer grandes benefícios, para nenhum dos lados da discussão, mesmo que você considere correto. Inclusive pode acirrar os ânimos e levar a impasses, que poderiam ser evitados e que prejudicam ações efetivas e eficientes. De outro lado, tal afirmação não significa que devemos ceder sempre e sermos flexíveis a toda e qualquer momento, ou mesmo colocarmos a responsabilidade e as decisões em outros que não nós. Eximir-se do processo, não significa eximir-se da culpa ou responsabilidade; iludir-se que o que importa são as grandes decisões também levam a uma certa deturpação.
Indústrias e o agronegócio poluem muitas vezes mais do que você poderia em uma vida, mas não se esqueça que são os nossos consumos e desperdícios que incitam o aumento da produção e a ambição por "novos negócios". Não podemos esquecer da dinâmica de mercado: oferta e procura, associada ao trabalho, lucro e tecnologia, mesclado e agregado em propagandas que visam mostrar a necessidade e 'eficácia' de tal produto. Temos ainda que considerar o aumento da população mundial nas últimas três décadas, que faz com que surjam novos consumidores e a necessidade de produção, emprego, lucro, administração, etc. para manter um certo 'equilíbrio' sócio-econômico-político-cultural.
Enfim, uma data a ser celebrada, cultuada, (re)pensada, motivada, agregada como muitas outras para que seja capaz de estabelecer uma cultura ambiental eficiente, responsável, ética, multi-inter-transdisciplinar, humana e sustentável. Que possa animar a sociedade, mas que não apenas nas vinte e quatro horas de um 5 de junho.