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terça-feira, 16 de março de 2010

Entre Belo Monte e a miopia de uma forma de pensar o futuro

Belo Monte, a próxima grande hidrelétrica brasileira, estimada a ser a terceira maior do mundo. Logo após Itaipú (na fronteira entre Brasil e Paraguai) e Três Gargantas (na China). Entre os vários problemas e polêmicas que essa iniciativa do governo brasileiro vem causando é a inundação de uma área aproximada de 500 km2 em plena floresta Amazônica, afetando também diversas populações ribeirinhas, inclusive indígenas.
A discussão sobre a necessidade ou não do empreendimento é longa. Mas acho que aqui cabe mostrar um outro ponto. Para começar a escolha desse projeto já é complicada e fala muito sobre a visão que o governo emprega sobre o que é geração de energia "limpa". Não é por que a emissão de CO2 é baixa após a instalação e funcionamento de uma usina que seus impactos não devem ser considerados.
Em qualquer empreendimento há impactos e desgastes técnicos e espaciais que não podem ser ignorados. A geração de energia de uma hidrelétria depende de sua capacidade de reserva e vazão de água. E a água vai ser um dos grandes desafios para as próximas décadas, contar com o que existe hoje para uma geração futura pode ser um erro catastrófico. Pensando por um lado positivo, eles terão que preservar muito para manter o nível perto de padrões atuais.
Entre as diversas alternativas muito mais compensadoras e mais sustentáveis, talvez não tão eficientes por enquanto, mostram potenciais de crescimento que não é possível com as grandes hidrelétricas. Ignorar a energia eólica e solar, principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil é um erro que já foi demonstrado diversas vezes. Até mesmo as diversas declarações de que o futuro é nuclear é preocupante.
 Não é que essas formas de geração de energia são erradas, acho que em muitos casos ela pode ser aceitável. O que incomoda é que estão ignorando alternativas que podem ser muito mais compensadoras a longo prazo e que inclusive criaria incentivos à novas tecnologias e novas formas de pensar a infra-estrutura do país.
A discussão então é muito maior do uma instalação de uma represa gigantesca no meio da floresta acabando com tudo, dificultando acesso e provavelmente encarecendo a transmissão de energia e qualquer tipo de manutenção. É a visão de país que temos e qual país queremos no futuro, isso vai muito além da escolha de um modelo de geração de energia elétrica. Mas é representativo do que a política, cultura e sociedade se posiciona sobre o tema e como isso influencia todo o resto.
Além disso, um país que defende a diminuição da emissão de gases do efeito estufa e que tem seu maior problema no desmatamento e degradação de seu patrimônio natural, pode se dar ao luxo de inundar uma área riquíssima de floresta tropical? Acredito que não, principalmente por que há alternativas viáveis a esse projeto. Não é como se fosse a única escolha possível, mas infelizmente está sendo tratada desse modo por muitos. Isso é um atraso em tantos níveis que os impactos vão muito além dos 500 quilômetros quadrados.

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