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terça-feira, 14 de abril de 2009

Ninguém é mais ambiental que alguém... mas exigir algo exige uma troca?

Há algumas semanas em horários variados vejo uma propaganda, na verdade acho que só vi mesmo em um canal, afirmando que "Ninguém é mais ambientalista que o produtor rural..." não vou reproduzir o resto da fala completa, mas em linhas gerais, acabam criticando a falta de "apoio" e de "incentivo" da produção, que as leis vão acabar parando o Brasil... Esperei um tempo antes de comentar esse diálogo para ver se haveria maiores manifestações da mídia em geral, mas até agora parece que passou despercebido ou foi ignorado, talvez como motivo de risada e nada mais. É interessante que esta propaganda apareça perto do planejamento do Novo Código Florestal Brasileiro e a redefinição de certos limites para a produção e sua localização.
A intenção destas linhas não são criticas ou julgamento, nem louvor a tais iniciativas. Também não cabe entrar em detalhes dos motivos que levaram a tal manifestação, somente suposições no momento, mas sem querer me adiantar o descontentamento é evidente. E, talvez, seja produtivo olhar para esse descontentamento com mais atenção. Sem negar a defesa ambiental - afinal de contas, quantas pessoas seriam "suficientes" para ir contra? - a propaganda nos mostra que há uma certa inquietação com os rumos do debate ambiental no Brasil, talvez antecipando uma tendência de regulamentação, maior fiscalização e rigor no cumprimento que se espera deste país, talvez com medo que se tornem mais rígidas (algo que na verdade nunca foi) e acabe na burocratização que paralisa muitos setores da sociedade.
O Brasil é um país de imensas riquezas em quase todos os aspectos possíveis, ganha também cada vez mais prestígio no cenário internacional. E isso exige maiores responsabilidades, controles, transparência, mostras de que somos capazes. Os olhos do mundo nos veem com mais atenção, como a crise financeira perturbou o andamento deste processo é ainda cedo para saber como o Brasil, ou melhor, a percepção das ações brasileiras tem impacto neste novo cenário. Talvez tenha até acelerado a inserção internacional e nacional, mas se vai ser positivo para o mundo em geral e, especialmente, para o país ainda será descoberto.
A raiz do problema está além da discussão socioambiental, mas esta é uma discussão indispensável para entendermos os vários problemas: fome, desemprego, violência, baixa escolaridade, baixa renda, desigualdade social e tantas outras que se relacionam direta e indiretamente, em escalas e intensidades variadas, com a Sustentabilidade. Isso não se limita a região Latino-americana, mas uma discussão que deve considerar e abraçar o mundo.
Não cabe assim que uma pessoa seja sacrificada para a salvação do resto, nem que os prejuízos sejam pagos por apenas uma parcela da população, principalmente se esta parte é a
que já tem poucos recursos, é marginalizada e sofrida, onde as consequências tem potenciais muito mais devastadores e complicados. Mas se nada for feito, nada muda. Se por achar que não há jeito e não devemos agir, então realmente só por um milagre. Engraçado que o milagre neste caso é aquilo que não vem da ação humana, onde a ação humana em si é um milagre em muitos aspectos: a capacidade imaginativa, criativa, de comprometimentos e adaptabilidade é praticamente ilimitada. Um direcionamento, uma reordenação, um (re)pensamento da sociedade, da educação, da produção, do consumo, do que é governo e de quem e para quem ele serve é um começo que deve ser dinâmico, integrador, interativo, inclusivo, includente, abrangente, aberto, coerente, coeso, constante, humano, humanizado, humanizador, ambiental, sustentável, local, nacional, regional, internacional, mundial, universal. Mas que não deve ficar no campo teórico, epistêmico e inicial, deve ser desenvolvido, internalizado, aprendido e apreendido como parte do cotidiano.

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