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terça-feira, 7 de outubro de 2008

O tempo da amnésia: O papel da política para a sustentabilidade.

Que lições podemos tirar do recente "espetáculo da democracia" anunciado recentemente, e ainda 'acontecendo' no Brasil? Para quem não sabe o que estou falando é sobre as eleições municipais. Embora a disputa em diversas cidades para prefeito ainda continue em todas já estão definidos quem serão os vereadores e em várias cidades já se definiram também os prefeitos. Mas por que as preocupações ambientais devem ter atenção aos acontecimentos da administração pública? Ora, quem está diretamente responsável pela manutenção e criação de ruas, iluminações públicas, escolas, hospitais, parques, reservas, coleta seletiva e uma série de outras ações que são tão comuns e familiares para a maioria da população? Infelizmente nem todos contam com esses serviços e recursos, principalmente os bairros e 'favelas', marginalizados e estigmatizados.
É através da administração de prefeitos, governadores e presidente e das legislações, feitas por vereadores, deputados e senadores, que uma cidade se estrutura e desenvolve-se. A esfera de atuação municipal é desempenhada pela prefeitura e pelos vereadores, é claro que devem respeitar normas e procedimentos definidos pelo governo Estadual, pela Constituição Federal e outros mecanismos, mas também existe certa autonomia nestas gestões, afinal para que serviriam administrações públicas representativas municipais se o governo Estadual fosse encarregado por tudo? E com que estrutura o controle estadual atuaria?
Se há um responsável direto em cada cidade pela manutenção e bem estar (hierarquias de poder descentralizados), então há formas de cobrança por parte da população, fiscalizando o que e como são feitos projetos e ações na e para a cidade. Para isso é necessário uma série de requisitos: transparência, acesso e acessibilidade, autonomia, dedicação, ética, responsabilidade entre outros indispensáveis para o governo e a governança.
Sem a existência de tais mecanismos ou sem um nível aceitável deles a oportunidade para 'desvios', erros nas ações e demoras sem justificativas aceitáveis são mais fáceis e comuns de ocorrerem. Talvez o problema esteja aí: sem haver interesses e cobranças e com certos procedimentos ocorrendo de forma cada vez mais duvidosa, sem a participação ou mesmo conhecimento da população, sem estudos sobre os impactos e conseqüências que devem ser esperadas as chances de ocorrerem falhas aumentam expressivamente. Nem sempre é por maldade ou intencionalmente, na pressa de 'crescer' e 'prosperar' há sempre os que acham que podem fazer as coisas de um jeito mais "rápido" ou de um jeito 'original' e 'novo'.
Será que as conseqüências de tais atos atingem seus objetivos e levam a prosperidade? Será que ações deste tipo são motivadas e levadas a cabo pela 'nobreza do ser' e pela pura vontade de melhorar? Ou há intenções e motivos não tão nobres assim? Cada um escolhe seus caminhos de acordo com oportunidades, interesses, gostos e desafios apresentados ao longo da vida. Além das amizades, estudos, conhecimentos e saberes, experiências e inúmeros outros fatores com que nos deparamos e, principalmente, refletimos, apreendemos e incorporamos podem mudar os caminhos ou a forma como estes são trilhados.
Voltemos ao título: por que amnésia e política? Quais as relações entre eles? Será que nos lembramos em quem escolhemos para nos representar? E mesmo que não foram os "nossos" escolhidos, será que lembramos de acompanhar o que ocorre a nossa volta? Será que participamos ou minimamente nos informamos? Há uma série de perguntas que envolvem este pensar, mas deixaremos para outra oportunidade. Nos concentraremos agora nestas questões acima expostas.
Vivemos em uma era de mudanças e adequações: a velocidade dos transportes e da comunicação atingem pontos e perspectivas inimagináveis em décadas passadas: a interconexão entre pessoas, sociedades, economias, políticas, culturas, comércios etc. se tornam cada vez mais próximos, virtual e fisicamente. Tais interações ocasionam conseqüências: elevação do consumo, que é feito por uma maior busca e exploração do ambiente, poluição, sentimentos confusos (de inadequação, perda, medos diversos) por serem as mudanças mais rápidas que o tempo de resposta do indivíduo ao 'novo tempo' são alguns dos problemas encontrados nesta era. Vários autores buscam entender as diversas implicações e reflexões complexas sobre, do e para o mundo, o fator ambiental, o fator humano e uma variedade quase infinita de questões significativas fazem parte vital do nosso cotidiano.
Infelizmente não somos seres oniscientes e dificilmente reteríamos todo o conhecimento do mundo e no momento que chegamos em um nível que achamos considerável vemos que não é nem a superfície do que existe. Não podemos cair no desespero existencial por isso, mas é só para mostrar o quanto a soberba pode prejudicar um indivíduo. Será que importa o quanto sabemos? Ou como usamos estes conhecimentos? E se eles realmente são adequados e suficientes para "nossa" realidade. O excesso e a disponibilidade de informações, ferramentas, debates tem distorcido e dividido muitas pessoas. Será que com isso perdemos muito mais tempo tentando entender o que acontece e retemos cada vez menos do que aconteceu?
São coisas para pensar e refletir, mas não podemos esquecer a intenção deste texto: que é mostrar a importância da reflexão, da cultura pelo e para o conhecimento, saberes, práticas, questionamentos, reflexões e ações de forma integrada, interativa e interessante, constantes, conectadas de forma participativa, transparente, ética. Desta forma não é fundamentar e tornar essencial e/ou subordinada a política para haver sustentabilidade ou vice-versa e sim entender que estes temas estão essencialmente ligados em conjunto, são transdisciplinares, inter e co-dependentes, ainda que únicas. Os impactos das ações humanas devem ser considerados nas mais variadas extensões: sócio-política-ambiental-cultural-econômica-bio-física-química e que as subordinações fazem parte de preferências, interesses e situações envolvendo tudo e todos.

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