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sexta-feira, 18 de julho de 2008

A absurda impossibilidade é possível

O que há de errado em se pensar o impossível? Muitos acontecimentos históricos foram vistos como "impossíveis" de ocorrerem, no entanto... A ficção científica ao longo dos séculos foi vista como um entretenimento, uma fantasia, fruto da imaginação de seu autor, etc. Júlio Verne (1825-1905), provavelmente é o autor mais citado por ter descrito "naves voadoras" e "submarinos" em suas histórias, quando tais 'máquinas' eram projetos e sonhos de cientistas e engenheiros de seu tempo.
Cientistas que buscaram desenvolver novos métodos, técnicas e tecnologias para auxiliar a humanidade podem muitas vezes considerar impossível que seu uso para fins bélicos ou destrutivos, mas a criação e desenvolvimento das armas nucleares começou como um projeto para fornecimento de energia alternativa e abundante para a população...
Afinal de contas o que é "impossível" e "absurdo" para uns é oportunidade e desafio para outros. E quando se trata da questão ambiental, estes dois elementos foram e ainda são muito empregados. Em décadas não muito distantes havia um certo consenso que a "natureza" e seus recursos e matérias primas seriam inesgotáveis e que servem apenas como instrumento do progresso humano para o conforto da modernidade.
Ao longo do tempo a preocupação com a destruição e devastação levaram diversas pessoas a questionarem esse modelo de "desenvolvimento". Muitos alertas foram feitos sobre esse crescimento desenfreado e seus males para as gerações futuras, mas ainda assim tais declarações eram vistas como absurdos e exageros de "ecorradicais" e que pensar dessa forma prejudicaria os negócios e indústrias de um país em detrimento de outros.
Uma série de ações, estudos, eventos e projetos de diversas áreas apoiadas em Organizações Internacionais (OIs) e/ou estruturadas em Organizações Não Governamentais (ONGs) e indivíduos interessados levam a uma conscientização cada vez maior sobre a importância do ambiente em todos os aspectos e não apenas como recurso, idéia difundida e baseada em estudos que comprovam que tais recursos são finitos e que há limite para sua exploração até mesmo para que não prejudiquem as próprias indústrias que dependem de tais materiais para se manter ativa.
Foi através de um processo complicado e complexo que a questão ambiental chega ao novo milênio com grande força, talvez pela conscientização e divulgação de sua importância, talvez pelo alarme e preocupações expostos nos meios de comunicação em massa nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que temos cada vez mais informações e preocupações sobre a questão; em que a busca pela sustentabilidade parece a alternativa miraculosa para os problemas do mundo podemos notar que tais informações e divulgações são muito concentradas e superficiais o que leva a saturações e desinteresses da população em geral que se sente oprimida e perdida, incapacitada de agir efetivamente para resolver tantos problemas... É justamente a população, o indivíduo que tem papel fundamental, mas acaba sendo ignorado ou colocado em papel secundário.
Vamos refletir em um exemplo simples: é óbvio que uma indústria de tecidos poluí muito mais que um simples indivíduo e que a responsabilidade destas empresas são muito maiores na destruição ambiental, mas se pararmos para pensar, quem é o responsável por esta empresa? quem toma as decisões sobre quais processos, técnicas, materiais e máquinas serão usados nesta indústria? E mais quem vende e consome tais produtos?

Sim, indivíduos ou grupos de indivíduos!!

Não podemos achar, então, que não temos parcela de culpa na destruição causada por uma determinada empresa se consumimos seus produtos e fazemos parte desta cadeia. Infelizmente não podemos ser totalmente culpados pois existem uma série de fatores a ser considerados (preço, escolha, alternativa, oportunidade, políticas, fatores culturais, sócio-econômicos e ambientais etc etc).
Mas também não podemos deixar de lado só por achar que não há outra alternativa. Não agir ou se manifestar também é parte da culpa.
As empresas hoje em dia se tornam cada vez mais verdadeiros conglomerados, englobando diversas marcas, produtos e empresas espalhadas em diversos países que é até difícil saber quem realmente é o dono de tal marca e responsável pela fabricação de produtos, então é possível que ao comprar uma bala ou sorvete você esteja contribuindo para uma indústria bélica ou tabagista se forem do mesmo dono ou grupo.
A informação e divulgação são parte da conscientização ambiental, mas ainda que sejam cada vez maiores e mais "acessíveis", nem toda informação é vista ou tem o destaque que deveria e mesmo o interesse da população que conta com os telejornais como principal e, às vezes única, fonte de informação.
Na questão do absurdo e do impossível, o que seriam tais questões para o ambiental? Como dizer com certeza que o 'fim do mundo' pelas mãos humanas é possível ou não? Previsões, visões de catástrofes ou salvação, do messias ou do capeta. O que nos leva a uma série de questionamentos, desconfianças e até aceitação cega dependendo de seu 'ponto de vista'.

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