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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pensar o futuro e o dia Mundial do Meio Ambiente: exorcizando os demonios, conscientizando as pessoas ou mais um grande show de fumaça?

Às vezes me preocupo com o futuro. Quem não se preocupa? Você pode até pensar que não tem nada a ver com isso... Aquela velha desculpa: "Não vou estar vivo mesmo....". Mas isso é uma justificativa aceitável.
Só pelo fato de não estar mais vivo te torna menos responsável pelos seus atos? Ou pelos impactos e consequências que eles vão causar?
Outra desculpa é que não existe tempo nem para cuidar de mim mesmo, quem dirá dos outros...
E há milhares de desculpas, muitas esfarrapadas, algumas razoáveis e outras nem tanto para não termos que enfrentar nossas "culpas". Digo culpa no sentido de coisas que podem fazer mal, direta ou indiretamente a outras pessoas, nem por isso as pessoas se sentem necessariamente culpadas.
Como justificar, por exemplo, a falta de respeito e educação de uma pessoa que joga lixo em vias públicas? Seja de um papel de bala ou uma bituca de cigarro a um sofá ou armário. Mesmo que o nível do impacto seja diferente o ato em si é uma barbaridade para uns, comuns e indiferente para outros.
Provavelmente, muitas das pessoas não pensam que seus atos aparente insignificantes podem ocasionar desastres terríveis. Imaginem milhões de bitucas de cigarros em um bueiro.... ou será que pararam para pensar no destino desse dejeto descartado de forma inapropriada? Nem vamos entrar no mérito (ou na falta de) do próprio ato de fumar. Mas quando uma pessoa reclama que houve aumento em um determinado imposto relativo à limpeza urbana ou tratamento de esgoto e água, será que ela consegue relacionar com o papel de bala "insignificante"? Também não vamos entrar no mérito dos desvios e falta de competências na administração pública. Mas o quanto devemos pensar no coletivo?
Em datas comemorativas, como o dia do Meio Ambiente (5/06) por vir, o empenho e o sentimento afloram de forma surpreendente, iniciativas que não ocorrem no cotidiano, podem mudar nestes dias. Mas a questão ambiental, infelizmente para uns, não se contenta com apenas alguns dias de cuidado. Assim como deveríamos respirar e nos alimentar diariamente e ter condições decentes e de qualidade nesses processos, assim deveria ser o tratamento com o nosso entorno.
Não devemos confundir a questão ambiental como "apenas" cuidar de plantinhas e do "verde", esse é um fator importante, mas o ser humano faz parte de um ecossistema que tem na base justamente essas plantinhas, sem ela não há alimento, não há vida. Podemos substituir nossa alimentação por sintéticos? Podemos ter produtos que não dependam da natureza? Dificilmente conseguiríamos ter uma qualidade de vida decente sem aquilo que foi produzido naturalmente, através de um complexo sistema do qual também fazemos parte. Talvez, nosso maior mérito esteja na capacidade de entender um pouco melhor algumas etapas e processos desse sistema e, assim, facilitar e até controlar a multiplicação e reprodução de plantas e animais que nos alimentam, nos vestem, nos curam, nos protegem e permitem o desenvolvimento de nossas capacidades e criatividade.
A ideia de Mãe-Terra, desse ponto de vista, parece muito apropriada. A visão de que somos, então, os filhos rebeldes e ingratos, mais ainda. Retribuímos com dor e desprezo na maior parte do tempo, muitas vezes, porque damos créditos demais a nós mesmos, em coisas que não dependem tanto assim da gente.
Indo além dessa ideia, e se pensarmos que todos somos filhos da mesma mãe, então somos irmãos e vivemos em uma grande e única comunidade. Mas que entra em conflitos e desentendimentos ferozes, em busca da vã riqueza e da noção e percepção de poder, que busca conquistar os confins da Terra, sem ao menos saber o motivo dessa ganância insensata. Será que é para ser o macho alfa? O dono do mundo? O manda chuva? Ou tem mais a ver com a insegurança? O medo (da morte, do esquecimento)? A insatisfação consigo mesmo? O sentimento de frustração, ambição e angústia?
Tentar entender a complexa psicologia por trás de certas ações é uma coisa que vai além das minhas capacidades, mas não é um único fator que determina o sucesso e o fracasso.
Podemos apelar para o sobrenatural ou mesmo uma força maior, dependendo do caso para entender a sociedade moderna, a criação de mitos, superstições, religiões e crenças fazem parte do nosso imaginário, tentamos com isso explicar nossa existência e achar algum motivo e sentido para a vida. Existem diferentes visões de mundo por motivos, lugares, pessoas, contextos e tempos diferentes, que estão ligadas pela relação homem/natureza/sociedade.
Mudam-se o tempo, mudam-se as pessoas, mudam-se os problemas e as prioridades. Hoje, temos um acervo de experiências passadas que permitem pensar em coisas e possibilidades que não eram possíveis em outros tempos. Embora sempre existam pessoas consideradas "fora" de seu tempo, a preocupação ambiental vem ganhando espaço como tema importante para o futuro da humanidade. Mas ainda existe um longo caminho a se percorrer,  pois enquanto o tratamento for apenas funcional e persistirem a visão objetificando e coisificando até o próprio ser humano, provavelmente não teremos muitos avanços e sucessos.

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