Home/ Início

sábado, 22 de maio de 2010

As distorções que as discussões e defesas de interesses geram

Parece que não importa qual o motivo ou razão para defender um posicionamento, haverá sempre obstáculos, entraves e posicionamentos contrários aos seus. Essa parece ser a constante dinâmica da vida, nascemos dos encontros e desencontros, aproximações e contradições, passado, presente e a perspectiva de futuro. Tudo isso permeado de interações, visões de mundo, objetivos e interesses diversos.
O que isso significa? Primeiro temos que considerar que se estamos priorizando um determinado setor, isso quer dizer que outros estão sendo menos privilegiados? Ou é possível agregar todos os interesses e todas as opiniões sem que haja perdas?
Até que ponto essa flexibilidade dos interesses e escolhas podem ser manipuladas ou mesmo corrompidas para favorecer um grupo ou interesse específico?
Essas e outras questões fazem parte de uma questão maior que é a da lógica por trás do discurso da integração e da igualdade. A justiça social e ambiental tem por pressuposto a igualdade de condições e oportunidades para o desenvolvimento pessoal e o bem comum da sociedade mundial. Ainda que o debate seja muito mais denso e complexo, cheio de nuances e reflexões sinuosas, a justiça busca igualdade, a liberdade, o respeito, a alteridade (sim, a diferença também deve ser respeitada), a interação e integração, a paz.
Podem existir outros significados para justiça e pode parecer injusto não tratar os diversos pontos de vista sobre o tema, mas as definições acima já servem de base para entender a essência do conceito.
O que nos permite ter uma boa noção sobre o assunto, mas não quer dizer que seja uma definição tão fácil. A inventividade e capacidade imaginativa do ser humano é surpreendente a ponto de conseguir corromper ou desvirtuar valores para favorecer seus interesses. Talvez, por isso, atualmente a normatização e regulação tenha tanto destaque. 
O Direito e nossos direitos e deveres passam a ser cada vez mais esmiuçados e embasados em códigos, leis, regras, normas que nascem de costumes e práticas. Mudam ao longo do tempo e se adequam a sociedade e suas próprias mudanças.
A noção do que é justo varia de acordo com determinada socieade, cultura, economia, costumes e mudam através do tempo e de novas interpretações e visões de mundo. O que era legal no passado hoje pode ser totalmente ilegal e vice-versa.
A própria moral e ética podem ficar presas a essas convenções, o que é um risco para uma sociedade como a nossa que vem mudando em um ritmo mais acelerado do que podemos nos adaptar e entender o que ocorre. Se ontem a regra era desmatar e queimar florestas para abrigar pastos e monoculturas (sinais de progresso e desenvolvimento) hoje o processo é um pouco diferente, mas não tanto quanto muitos gostariam.
As noções mudam de acordo com os interesses e interações de diversos setores e grupos da sociedade, os "vitoriosos" parecem ser aqueles que tem seus discursos impostos ou legitimados por serem aceitos e empregados pela maioria. Isto não quer dizer que sejam mais ou menos certos do que o discurso "perdedor". O que leva a essa aceitação ou a rejeição de outros, pois, há vezes em que certo ponto de vista não foi totalmente aceito, mas  por falta de alternativas melhores e pela rejeição dos outros é aquele que passa a valer, até que uma visão mais aceita apareça e seja admitida.
Cada sociedade tem um tempo para aceitar e consolidar posições e como as mudanças são constantes a adaptação também deve ser, assim como a linguagem muda, evolui ou se tranforma por diversos fatores e influências, assim são as convenções e modos sociais, assim são os direitos e deveres, assim é a própria ciência. Uma descoberta e um ponto de vista são capazes de mudanças complexas, se para o bem de todos ou não, essa é uma outra história.

Nenhum comentário: