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sábado, 5 de setembro de 2009

Será possível uma sociedade mais justa e sustentável no Brasil? O Efeito Marina Silva

A filiação da Senadora e ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina da Silva ao Partido Verde (PV-AC) leva a um questionamento e acirra a disputa pré-eleitoral que vemos em andamento. A corrida oficial só se inicia no ano que vem, mas a filiação de Marina pode indicar grandes mudanças nesse cenário. Mas antes de ficar empolgado, queria colocar alguns pontos em pauta e tentar entender como o "fator Marina" pode contribuir para a política ambiental do Brasil e do mundo.
Primeiramente devo dizer que fico muito empolgado pela possibilidade de ter Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima como a próxima presidente do Brasil. Achei que foi de muita coragem, deixar um partido em que atuou por tanto tempo, para seguir seus ideais e difundir suas ideias. Admiro seu histórico e sua garra, com certeza é uma figura emblemática e mundial. Mas será isso suficiente para as próximas eleições? Contra o governo mais popular desde sabe se lá quando? Que conseguiu um séquito de admiradores nos últimos oito anos de governo federal, mas que ao mesmo tempo tem uma ala crescente de descontentamentos e incomodados?
Quanto ao Partido Verde (PV) tenho algumas restrições, desconfianças e dúvidas quanto a organização, eficiência e estrutura, mas que podem ser corrigidos. Os problemas serão tremendos tanto para a campanha como o próprio futuro governo se não forem tomadas medidas e ações que sanem qualquer dúvida quanto a esses problemas e devem ser feitas o mais rápido possível. A ideologia e os objetivos do PV não são tão claros quanto deveriam, não são tão transparentes quanto dizem, nem tão efetivos quanto podem. Nem vou falar das alianças políticas ou da expressão e projetos de seus integrantes, mas com certeza eles estarão em evidência nos próximos meses. Mas não sei em que ponto isso vai ser decisivo, afinal de contas, vivemos em um país em que conta muito e até para muitos o personalismo e a propaganda...
E se o personalismo imperar, Marina tem grandes chances de vencer, mas se apenas isso for levado em conta não teremos condições de estruturar um Brasil mais justo e sustentável facilmente e explico o por quê: A burocracia, o Congresso Nacional - Senadores e Deputados - são fatores principais. Isso significa que só Marina Silva torna esse projeto limitado, mas não impossível. As leis e regras da política ambiental passam por tramites burocráticos que podem levar muito mais tempo e serem neutralizados por bancadas fortes e influentes como o PSDB, DEMo (ex-PFL), PMDB.
A eleição de Lula seria bem mais difícil sem a mega coligação montada em 2003, algumas más-línguas podem dizer que o terno ajudou também, mas que seria muito mais difícil aprovar projetos e leis com tanta rapidez sem o apoio do PMDB, por exemplo, seria.
A oposição é uma coisa boa, mas quando vão além dos interesses pessoais e partidários e passam a considerar as necessidades e interesses da sociedade como um todo, caso contrário são apenas manobras para auto-promoção ou para tornar o governo uma máquina ineficiente e colocar a oposição no governo. Ou seja, um ciclo perverso e vicioso altamente prejudicial é algo a ser evitado. E para quem isso basta um exemplo muito simples e genéricos: imposto e salário mínimo. Oposição e governos divergem, não importa tanto qual partido.
E é essa lógica estapafúrdia, inútil e babaca que eu gostaria de combater. Essa é uma das intenções desse texto de hoje, pois não gostaria que o "efeito Marina" vire uma decepção como foi Lula para muitos e Obama nos EUA. Indivíduos não fazem milagres, pelo menos não constantes e não em política, pelo menos não ainda ou que eu saiba, mas esse é uma outra preocupação e medo a ser tratado outra hora. O que quero dizer é que UMA andorinha não faz verão. UMA formiga não enche o formigueiro, UMA abelha não faz mel e uma série de outros exemplos da vida animal para mostrar que nossa vida é coletiva e que cabe a todos os indivíduos fazer da sociedade um lugar mais digno, justo e sustentável. Cada um em seu modo de vida, profissão, vontade e interesses, ideias e ideais, cultura, religião, conhecimentos, saberes e práticas. Somos diferentes por natureza, por sociedade, por experiências, histórias e em diversos aspectos, mas essas diferenças e outros motivos nos tornam semelhantes, mas parece que cada vez mais esquecemos disso. Precisamos de mais solidariedade, mais entendimento, menos motivos para desconfianças e medos.
Para concluir, as possibilidades do "fator Marina" ser uma fonte de mudança na política brasileira é grande, seu histórico e perspectivas são animadores. Mas ainda assim não serão suficientes sem planos e propostas que demonstrem políticas mais transparentes e efetivas. A senadora Marina Silva tem um legado e uma potencialidade enorme, mas deve se aproximar mais do povo e convencer que seus projetos e ideias são viáveis, a propaganda deve ser cautelosa e direta, mas não enfadonha e repetitiva. Usar a mesma tecla e o mesmo tom para tudo pode ser um tiro no pé, isso vale para qualquer candidato. Ser ousado e inovador não é ser maluco, nem extremista, ser comunicativo e engenhoso não é ser enfadonho ou arrogante. Enfim, são vários os desafios, mas são grandes as oportunidades.

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