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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Será o fim da crise? O que podemos aprender com as dificuldades.

Será mesmo que estamos saindo da crise financeira mundial que se iniciou há mais de um ano? Será que vamos voltar à "normalidade"? Mas aproveito esse momento para refletir sobre essa aparente normalidade. Afinal, o que podemos esperar de melhor e o que podemos aprender com essa situação?

A crise financeira mostrou a fragilidade e a insegurança que estão presente nas negociações e investimentos em escala mundial. Mas seus resultados foram devastadores: desemprego, medo (de ser demitido, de ficar sem casa, de perder suas economias, entre outros medos), podem ser citados como exemplos dessa realidade caótica para muitas pessoas e muitos países.

Nesse momento, as preocupações mais imediatas são ter um teto sobre sua cabeça e algo para comer. Isso pode parecer exagero para alguns, mas para outros o cenário foi muito mais terrível do que se poderia imaginar. Não há como saber efetivamente os impactos psicológicos e subjetivos, mas eles existem. Afeta inclusive como refletir e pensar sobre a crise, geralmente apoiada pela experiência própria.

A questão ambiental não é diferente, dependendo do ponto de vista e da visão de mundo de cada um pode ser ora uma questão sem importância que não deve ser considerada, ora a questão para o futuro do mundo e da humanidade. Seja qual for a perspectiva adotada o que é interessante é que cada vez mais vemos a questão ambiental presente e cada vez menos questionada como fundamental. Mudam os discursos, mas são cada vez menores as críticas diretas. A palavra do dia é a chamada "compensação".

Podemos (teoricamente e tecnicamente, para muitos casos) destruir uma boa parte do ecossistema, desde que se faça um programa de preservação e conservação que possibilite a continuidade de sua existência. Isso quando não se pensa em destruir um lugar para conservar outra área. Exemplo: Vou construir uma fábrica que necessita tomar uma parte da Mata Atlântica, mas vou compensar fazendo uma reserva na Floresta Amazônica. Esse é um discurso PERIGOSO E COMPLICADO e até no último caso FALSO.

Destruir um bioma, um ecossistema complexo com características próprias em detrimento de outro é, para não dizer outra coisa, besta. O mesmo se dá para as reservas ou reflorestamentos de "eucalipto" ou qualquer monocultura. Daqui a pouco vamos ouvir gente dizendo que plantar cana-de-açúcar é uma grande contribuição para a natureza e que deveríamos considerar a cana para programas de reflorestamento...

Não que não existam pessoas defendendo o plantio de cana, assim como há pessoas que defendem o uso da energia nuclear. Esta última que fora vilã por muitos anos, vem se transformando em uma das alternativas para conter o aumento do efeito estufa, por não emitir CO2. Os discursos são tão poderosos quanto as ciências e tecnologias, o seu uso e aceitação dependem de fatores diversos.

A crise que se inicia tecnicamente no setor financeiro tem implicações em todos os setores da sociedade. As previsões de que ocorreria foi ignorada por muitos, mas sem querer tirar méritos de quem estava 'certo', há quase sempre alguém torcendo e prevendo contra. A diferença está nas bases dos argumentos e das reflexões apresentadas. Nem simples achismo, nem acúmulo de dados ou informações fazem a diferença sem apoio e desenvolvimento de ideias e uma certa lógica. Há também os interlocutores e defensores de um lado e os críticos e detratores de outro, o poder do discurso é tão forte quanto o discursante. Uma palestra motivacional seria um fracasso se feita por uma pessoa desiludida e desanimada sem o menor talento para falar em público. A não ser que a intenção real não fosse motivar ou se ele fosse tão ruim, que chegasse a ser bom o bastante para motivar as pessoas a pelo menos não ser como ele. Se por algum milagre essa palestra funcionasse poderia considerar como sorte, como deturpação dos objetivos e motivos iniciais ou como uma anomalia?

Esse momento que estamos passando nos ajuda a refletir sobre a importância das ações e dos discursos que as legitimam.

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