Home/ Início

terça-feira, 8 de abril de 2008

Educação Para que/ Para quem

A proposta da educação como forma de treinamento, formação e informação segue alguns “modelos” e “padrões”; métodos de ensino e pesquisa variam de acordo com a instituição de ensino, seus objetivos, recursos, docentes e também mobilização e interesse dos estudantes e da sociedade; além de uma série de outros fatores que transformam tais instituições em exemplos (a serem seguidos ou evitados).

Mas essa forma de ensino institucional é apenas uma das formas da educação, geralmente é a que tem mais destaque nas sociedades modernas, justamente pelo seu caráter burocratizado e padronizado de treinamento - através de provas, testes e outros tipos de exames capazes de ‘classificar’ as pessoas através de notas. De certa forma, a sociedade está em constante avaliação por parte de seus integrantes. A competitividade é altamente estimulada nas diversas atividades e, em muitos casos, recompensada - financeiramente ou através de um reconhecimento, um “status”. O ensino considerado “não-formal” é aquele que aprendemos durante toda a nossa vida e em todos os momentos, mesmo dentro das instituições; através das diversas interações e convivências cotidianas aprendemos costumes de determinado local, a cultura, as linguagens e regras, o que se tornam comportamentos “aceitáveis” ou não.

A interação entre os seres faz parte da “sociabilização” e é indispensável não só ao ensino e desenvolvimento intelectual como também é importante para o desenvolvimento pessoal, afinal o homem é um ser social e a base de sua formação está diretamente vinculada a determinada sociedade, embora existam exceções, a maioria dos indivíduos depende da convivência com outros para sua sobrevivência e desenvolvimento. Os valores compartilhados pela cultura moldam identidades e a própria sociedade (KLIKSBERG, 2001; KELLNER, 2001).

O avanço tecnológico possibilitou a proximidade e interação de diversos indivíduos, povos e culturas diferentes e o conhecimento “mais acessível”, ainda que necessitem de recursos e interesse para que a tecnologia possa ser amplamente divulgada e aproveitada. Em parte, o investimento ocorre por uma demanda específica da sociedade, por um interesse particular e até mesmo por ‘acidentes fortuitos’ - quando uma determinada pesquisa, projeto ou atividade não leva ao objetivo estabelecido inicialmente, mas seus resultados são aproveitados de forma positiva no desenvolvimento de outros projetos ou atividades.

A educação tem como base a formação do indivíduo e da sociedade. A conscientização parte da noção deste indivíduo “formado” e capacitado a pensar por si e de forma reflexiva e crítica. A conscientização e conhecimento é base para qualquer ação que possa beneficiar a sociedade como um todo. Mas se deve tomar cuidado com a “saturação”: o acúmulo de informações que leva a uma letargia e descrença na melhora da sociedade levando a um estado de desespero e angústia não é bom; manter-se em isolamento e alienado é outro extremo a ser evitado. Extremos, geralmente não levam a um resultado positivo, pelo menos não aos esperados por seus executores e dificilmente consegue um apoio efetivo da maioria. Independentemente da crença, ideologia, formação familiar, religiosa, político-social, cultural, somos todos parte da sociedade, compartilhamos o mesmo planeta, necessitamos do mesmo ar, a mesma água.


Referências Bibliográficas


ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBB, Margarida; ALMEIDA, Angela Maria de (org.). Polifônicas Idéias: por uma ciência aberta. Porto Alegre: Sulina, 2003.


BURSZTYN, Marcel. Ciência, Ética e Sustentabilidade: desafios ao novo século, 2ª. ed., São Paulo:Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


CARVALHO, Edgar de Assis. Enigmas da Cultura. São Paulo, Cortez, 2003.


CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. vol. 1, 9ª. ed. Revisada e ampliada. São Paulo, Paz e Terra, 2006.


________. A Galáxia Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.


FLORIANI, Dimas. Conhecimento, Meio Ambiente e Globalização. Curitiba: Juruá, 2004.


KELLNER, Douglas. A Cultura da Mídia – Estudos Culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.


KLIKSBERG, Bernardo. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


LEFF, Enrique (coord.) A Complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.


MORIN, Edgar. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Cultura e Política no Mundo Contemporâneo: Paisagens e passagens. Brasília: Ed. UnB, 2000.


SACHS, Ignacy. Sociedade, Cultura e Meio Ambiente. Palestra Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, Paris, França. Revista Mundo & Vida. Vol. 2(1), 2000. Disponível em . Acesso em 21/05/2007.


SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso sobre as Ciências. São Paulo: Cortez, 2003.

Nenhum comentário: