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quinta-feira, 20 de março de 2008

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Olá a todos os futuros leitores desta humilde página. O objetivo principal é colocar em debate a questão ambiental como um todo, desde seu aspecto mais citado e debatido - o meio ambiente; como uma série de fatores envolvidos com o tema: educação; cultura; sociedade; política; economia; fatores subjetivos; as conjunturas e diversos outros temas envolvidos e que se tornam cada vez mais necessários nesta nossa sociedade "moderna".
A internacionalização do debate ambiental pode ser vista a partir de 1902 com a Convenção para Proteção dos Pássaros Úteis à Agricultura em Estocolmo na Suécia (KISS, SHELDON apud KÜTTING, 1997). Embora é a partir da década de 1960 que se inicia um movimento constante tanto por parte dos governos como da sociedade civil. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano em 1972 em Estocolmo pode ser considerado marco da importância que o tema alcança no Sistema Internacional e que inspirou uma série de estudos e ações tanto nacionais quanto internacionais.
A constatação de que o debate deve ser feito de forma global segue a premissa de que os problemas ambientais são transfronteiriços, ou seja, não se limitam a um único país ou Estado. Os exemplos mais evidentes são as tragédias nucleares como é o caso do vazamento de Chernobyl em 1986 na Ucrânia que condenou não só a região a um "deserto radioativo" como se espalhou por diversas partes da Europa provocando consequências catastróficas em muitos casos ainda visíveis (um aumento de doenças e mutações genéticas na região e seu entorno). Embora as afirmações de que as tecnologias atuais tornem o que aconteceu com Chernobyl praticamente impossível e que se inicie um debate em defesa da energia nuclear como fonte não emissora de CO2 - a nossa "praga moderna", o caso de Chernobyl sempre será lembrado por aqueles que preferem o desenvolvimento de outras fontes como a energia solar; eólica; das marés e outras.
Isso nos mostra que o debate ambiental não pode ser visto sem considerarmos a dimensão histórica, social, política e econômica.... Ao longo do tempo a "Natureza" que antes era vista como sagrada e venerável foi transportada a categoria de "instrumento" para o desenvolvimento humano. O respeito se tornou indiferença e desprezo para a maioria e ficou relegado a um grupo muito reduzido que iniciaram a questionar e entender a relação homem/natureza nas diversas áreas do conhecimento. A evolução e a visão da ciência e da tecnologia contribuem para que o diálogo se torne mais acessível, seja pela comunicação midiática em massa, ou outros processos como a Internet que possibilita que a interação entre indivíduos em diferentes locais do globo praticamente instantâneas, dadas as condições básicas para isso: acesso à tecnologia, conhecimento, informação, recursos e vontade são alguns destes elementos.
A crise ambiental que vivemos é também uma crise do conhecimento (LEFF, 2003). O aumento dos atores envolvidos gera ampliações de argumentos sobre como 'proceder' em relação ao ambiente. São diversas as nomenclaturas encontradas para definir tal ação: desde os estudos ecológicos mais definidos por Haeckel; as noções geocêntricas e antropocênticas; o Darwinismo e a noção demográfica de Malthus; a Natureza/Gaia de Lovelock; a ecopolítica; o ambientalismo; o ecodesenvolvimento - Desenvolvimento Sustetntável e Sustentabilidade; a Sociologia Ambiental; a Complexidade e o Saber Ambiental são alguns exemplos das inúmeras teorias que podem ser aplicados nos estudos sobre o Ambiental. A cautela, precaução e a conservação dos ecossistemas disputam espaço com necessidades socioeconômicas, biológicas, culturais e são usadas como discursos políticos, a sustentabilidade se apresenta como a necessidade de preservar para gerações vindouras, nos dizeres do Relatório Brundtland (1987).
Enquanto o discurso em prol do ambiental sofre cada vez menos repreensão explícita, a descategorização deles busca diminuir o alarde e o impacto de certas declarações apontando seus exageros e fundamentalismos (denominando-as até como ecoterrorismos) ao invés de negar a existência de problemas como ocorriam em décadas passadas; hoje são a falta de "provas irrefutáveis" e científicas o escudo de muitas indústrias e empresas consideradas poluidoras. A difusão da informação e do conhecimento faz com que o acobertamento de muitas questões seja dificultado, o que não significa por outro lado que a informação se torne mais confiável. É preciso também um senso crítico e uma reflexão antes de se aceitar qualquer declaração de qualquer um dos "lados" apresentados. O cientificismo é uma das formas de se buscar provas e consensos - através de análises e modelos teóricos e estatísticas para afirmações de um ponto de vista - são cada vez mais comuns, o aumento da divulgação e métodos de coleta e análise destes dados deve ser acompanhado de uma conduta ética, responsável e transparente.
O objetivo desta página é iniciar um pensamento abrangente sobre a questão ambiental e os diversos temas que envolvem esta temática, principalmente a partir de uma visão transdisciplinar buscaremos abordar temas que são e devem ser preocupações de todos, afinal de contas o mundo é um só e todos vivemos neles; muitos dos nossos antepassados já nos alertavam sobre a importância de pensar o mundo como um só e as pessoas como irmãos e irmãs de uma mesma causa - a sobrevivência dos seres depende da sobrevivência do planeta e para vivermos devemos respeitar uns aos outros e respeitar a natureza que nos abriga e alimenta.
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