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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Uma cultura várias cabeças, um ambiente várias culturas. Notas sobre o medo incerteza insegurança

Se pensamos que hoje é tudo que importa, não é todo errado - pelo menos segundo uma grande massa de seguidores do carpe diem (simplificado como aproveitar o tempo e o dia) - ainda mais se pensarmos que o futuro não existe, a não ser como conceito e percepção de um tempo que não vai chegar. Mas isso não significa que uma preocupação sobre o tempo que virá é inútil, talvez seja um lembrete que não é a única coisa que deve permear nossos pensamentos. A questão ambiental passou muito tempo em evidência por suas preocupações com o futuro do planeta, do mundo e principalmente pela sobrevida das próximas gerações e todas as formas de vida em geral.
O agora também é motivo de indagação, preocupação. Não podemos cair na falácia do imediatismo. O agora é fruto de um contexto, de uma história e uma série de fatores e peculiaridades que moldaram e continuam a interferir no tempo e espaço, a natureza, a paisagem, a sociedade, a cultura, a educação, a economia e diversos fatores incomensuráveis ou imperceptíveis em sua totalidade. Assim é impossível a um único indivíduo, ou mesmo grupo, conhecer todas as variáveis que resultam neste agora. Mesmo que fosse possível conhecer e saber todos os fatos que ocorrem no mundo seria um movimento constante e infinito que faria com que a análise e interpretação, além de um problema logístico para separar e catalogar tudo, poderia ser tarefa inútil.
A maioria de nós, pobres mortais e humanos, vivemos e nos baseamos em uma representação da realidade, filtramos acontecimentos, eventos, notícias e conhecimentos que sejam mais relevantes e marcantes para cada um, ou seja, está inserido em um contexto – social/ econômico/ político/ cultural/bio/fisio/químico/histórico - uma conjuntura e outros pequenos fatores que moldam e fazem parte do cotidiano. Mesmo uma pessoa que nunca esqueça nada do que aprenda ou tenha visto não teria condição de saber tudo que acontece no mundo em seus mínimos detalhes o tempo todo sem acarretar em algum problema sério. Para começar não é possível estar em todos os lugares o tempo todo, mesmo que houvesse câmeras em todo lugar do mundo, temos apenas dois olhos e dois ouvidos... Nosso cérebro não foi feito para o conhecimento total e absoluto, pelo menos não nas formas descritiva e detalhista imaginadas acima. Nem um conhecimento total e absoluto minimalista – o que é um absurdo e contraditório. Mas não vou me estender nesse argumento não é intenção questionar a possibilidade ou não da onisciência e onipresença do indivíduo, mas só para fechar o argumento com algumas reflexões: mesmo que fosse possível saber de tudo o que ocorre, o que fazer com os “pensamentos”? Será que não importam tanto como as ações? As ideias deveriam ser ignoradas? Devemos distinguir ficção de delírios e ambos de realidade? Realidade é a mesma para todos? ...
Acho que podemos extrair o argumento mais importante desta loucura toda: a formação de uma cultura passa e é permeada por várias destas indagações e muitas outras mais profundas. De certa forma são as formas de interpretações da realidade seguida por uma aceitação e adoção de costumes para explicar de forma inteligível o que é perceptível e vão surgindo determinados espaços e tempos - únicos e singulares marcam uma cultura, moldam a sociedade e todos os outros processos de nossas vidas. Talvez esse pensamento possa voltar a origem da vida em nosso Planeta, uma sequência de eventos que tornou possível a nossa própria existência ainda não foi plenamente compreendida e conhecida pelos seres humanos. Essa “incerteza original” faz parte da ‘humanidade’.
Para explicar nossa origem recorremos às mais diversas teorias, ideias, ideais, religiões que vão do racional, evolucionista, lógico, místico, absurdo, ilógico e irracional. Isso serve para sentirmos mais seguros, confortáveis, entender de onde e o porquê ou porquês da existência. Enfim, as diversas configurações de mundo, sociedade cultura e política que existem hoje têm por trás dele todo um processo, história e contextos que não podem ser ignorados, mas que não é necessário saber os mínimos detalhes para compreendermos como chegamos a essa configuração. Isso implica em fatores e acontecimentos chaves, um destes fatores que não podem ser ignorados são as relações estabelecidas pela dinâmica ambiente, sociedade/ natureza, indivíduo.
E a dinâmica que existe hoje foi alterada com o tempo e sofreu diversas mudanças desde sua configuração espacial e física (construções, invenções, tecnologias de comunicação e transporte), como pelas percepções e visões de mundo (humanos como parte da natureza, compartilhando-a com outros seres, passa até hoje em muitos aspectos a ser vista como ferramenta, como algo a ser dominado). Isso não significa que todos os seres humanos devem ser considerados como uma forma única, fechada, homogênea e rígida, nem a natureza e o ambiente da qual fazem parte, pelo contrário, a flexibilidade e imprevisibilidade dos atos e consequências desta dinâmica é parte constante da nossa realidade.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A incerteza e a certeza caminham juntas! O ambiental deve ser tratado com cautela...

Não estou tentando confundir ou ser abstrato o suficiente para que as afirmações possam depois serem aplicadas a torto e a direito. Nem pretendo ser arrogante o suficiente para que seja usado para algo além do que montar um mapa mental próprio, mas como aqui é um espaço de propagação de ideias e indagações, os resultados, implicações e repercussões do que pode ocorrer depois que saem do controle e do espaço separado pela caixa craniana é múltipla, complexa e praticamente imprevisível. Nesta geração que nos encontramos ao final da primeira década do século XXI, em muitos aspectos visualistas, bombardeando informações, "hits", manias, marcas, modismos, sobreposições superficiais e na maioria passageiras.
Isso leva a uma situação de incertezas constantes na sociedade, a necessidade de adaptações e atualizações se torna exigência profissionais e padronizada. Os próprios produtos tem um limite temporal de uso até se tornar ultrapassado ou obsoleto (comentado em 29/11/2008 sobre a questão do consumo). A própria noção de tempo e espaço viram questões de profunda reflexão e preocupação (o livro de David Harvey "Condição Pós-Moderna" de 1993 é uma ótima referência; também diversos outros pensadores em linhas e percepções diferentes:
Edgar Morin, Enrique Leff, Boaventura de Souza Santos, Dimas Floriani, Manuell Castells, Gustavo Lins Ribeiro, Nestor Canclini e tantos outros) tornam cada vez mais difícil sustentar afirmações ou defender certos pontos sem que haja críticas, ponderamentos e refutações.
Posições contrárias são produtivas e necessárias para o debate atual e são importantes para desenvolver, discutir, enriquecer e ampliar ideias e pensamentos para entender a sociedade. O que fundamenta uma ideia pode perder parte da validade se ocorre uma mudança de perspectiva ou um entendimento diferente. É complicado dizer o que é certo ou o que pode ser "mais certo" ou até "menos errado" para ser explicativo. Talvez podemos arriscar em dizer qual seria a adequada, mas ainda assim com ressalvas.
Arriscar é importante, principalmente quando estamos falando de cautela, não por parecer um movimento contraditório e só por isso importante, mas por que deve nos levar a pensar e repensar todo o processo que nos levou a sociedade atual, considerando ganhos e perdas, analisando impactos de decisões e descobertas e daí para onde vamos é quase um jogo de adivinhações. Quebrar com o modelo, padrões ou ideias que vivemos, aceitamos e nos é dado e até imposto, mesmo sem o uso de força que fica internalizado e enraizado é uma atitude que exige um desprendimento e uma dose de audácia que também leva a inquietação e até um certo desespero, afinal é quase um salto para o abismo. Não é o fim do mundo, mas pode ser o "fim do mundo como o conhecemos" (como é traduzida uma passagem da letra de música do R.E.M.).