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terça-feira, 15 de abril de 2008

Para Refletir

CComeça o dia e para muitos ele já parece certo... ir trabalhar, para escola ou ambos ou nenhum. Andamos de um lado para outro nos nossos inúmeros e, às vezes, monótonos afazeres e "deveres", de certa forma buscando sentido e justificativas para nossas vidas. Interagimos com as pessoas, às vezes fazendo amigos, às vezes apenas de forma superficial (muitos chamam tal situação de apenas o necessário - como os caixas de supermercados, bancos, correios, lojas e outros serviços). Com a tecnologia se desenvolvendo e se expandindo você é capaz de passar dias, semanas, meses sem contato direto com um ser humano que não seja algum tipo de entregador...
Isso leva a diversos questionamentos, principalmente até que ponto esse distanciamento é proveitoso? Talvez o cotidiano banalize o que não deveria ser banal, capaz de tornar temas importantes e urgentes em "apenas" mais um a ser tratado.
Para outras pessoas, o dia traz surpresas, nem sempre agradáveis, nem sempre são novidades, mas é a forma que a pessoa encara o dia que torna isso possível. Não significa estar fora da realidade, ou se iludir e cria um mundo a parte, mas que sua percepção não se limita a um pessimismo ou simplismo de que a rotina é imutável. Que não aceita simplesmente uma situação por considerar que é "muito complicado e trabalhoso" uma mudança positiva.
Uma nova visão é capaz de gerar uma série de questionamentos, medos, discussões, refutações, enaltações, exaltações e outra série de emoções que fazem parte de nós, seres humanos, ao nos depararmos com o "novo", mas esse novo é realmente inédito? Ou não passa de uma adaptação de pensamentos antigos? Ou foi apenas uma nova "interpretação" dos fatos e das leituras?
Cada um possui um referencial (familiar, educacional/acadêmico, religioso/espiritual/dogmático, sócio/político/econômico/cultural/etc), em que um fator está sobreposto e circunscrito sobre outros em uma amálgama que muitas vezes coloca um pensamento em diversas categorias, ou que acaba criando novas categorias para poder ser explicado ou entendido. O referencial é importante para nossas ações sejam em gestos cotidianos ou em casos extraordinários. Com isso, não podemos dizer que somos imutáveis em nossa própria consciência e que somos os mesmo a vida inteira, ou será que podemos?
Nossa própria família, nossa cidade, nosso Estado, nosso país são mesmos nossos? O que realmente sabemos desses elementos que nos envolvem e que estão gravados no subconsciente/no coração/na "alma"? São estes elementos essenciais para nos definirmos como cidadãos? Como pessoas? Como humanos?
Muitas são as questões e muitas as respostas possíveis...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Educação Para que/ Para quem

A proposta da educação como forma de treinamento, formação e informação segue alguns “modelos” e “padrões”; métodos de ensino e pesquisa variam de acordo com a instituição de ensino, seus objetivos, recursos, docentes e também mobilização e interesse dos estudantes e da sociedade; além de uma série de outros fatores que transformam tais instituições em exemplos (a serem seguidos ou evitados).

Mas essa forma de ensino institucional é apenas uma das formas da educação, geralmente é a que tem mais destaque nas sociedades modernas, justamente pelo seu caráter burocratizado e padronizado de treinamento - através de provas, testes e outros tipos de exames capazes de ‘classificar’ as pessoas através de notas. De certa forma, a sociedade está em constante avaliação por parte de seus integrantes. A competitividade é altamente estimulada nas diversas atividades e, em muitos casos, recompensada - financeiramente ou através de um reconhecimento, um “status”. O ensino considerado “não-formal” é aquele que aprendemos durante toda a nossa vida e em todos os momentos, mesmo dentro das instituições; através das diversas interações e convivências cotidianas aprendemos costumes de determinado local, a cultura, as linguagens e regras, o que se tornam comportamentos “aceitáveis” ou não.

A interação entre os seres faz parte da “sociabilização” e é indispensável não só ao ensino e desenvolvimento intelectual como também é importante para o desenvolvimento pessoal, afinal o homem é um ser social e a base de sua formação está diretamente vinculada a determinada sociedade, embora existam exceções, a maioria dos indivíduos depende da convivência com outros para sua sobrevivência e desenvolvimento. Os valores compartilhados pela cultura moldam identidades e a própria sociedade (KLIKSBERG, 2001; KELLNER, 2001).

O avanço tecnológico possibilitou a proximidade e interação de diversos indivíduos, povos e culturas diferentes e o conhecimento “mais acessível”, ainda que necessitem de recursos e interesse para que a tecnologia possa ser amplamente divulgada e aproveitada. Em parte, o investimento ocorre por uma demanda específica da sociedade, por um interesse particular e até mesmo por ‘acidentes fortuitos’ - quando uma determinada pesquisa, projeto ou atividade não leva ao objetivo estabelecido inicialmente, mas seus resultados são aproveitados de forma positiva no desenvolvimento de outros projetos ou atividades.

A educação tem como base a formação do indivíduo e da sociedade. A conscientização parte da noção deste indivíduo “formado” e capacitado a pensar por si e de forma reflexiva e crítica. A conscientização e conhecimento é base para qualquer ação que possa beneficiar a sociedade como um todo. Mas se deve tomar cuidado com a “saturação”: o acúmulo de informações que leva a uma letargia e descrença na melhora da sociedade levando a um estado de desespero e angústia não é bom; manter-se em isolamento e alienado é outro extremo a ser evitado. Extremos, geralmente não levam a um resultado positivo, pelo menos não aos esperados por seus executores e dificilmente consegue um apoio efetivo da maioria. Independentemente da crença, ideologia, formação familiar, religiosa, político-social, cultural, somos todos parte da sociedade, compartilhamos o mesmo planeta, necessitamos do mesmo ar, a mesma água.


Referências Bibliográficas


ALMEIDA, Maria da Conceição de; KNOBB, Margarida; ALMEIDA, Angela Maria de (org.). Polifônicas Idéias: por uma ciência aberta. Porto Alegre: Sulina, 2003.


BURSZTYN, Marcel. Ciência, Ética e Sustentabilidade: desafios ao novo século, 2ª. ed., São Paulo:Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


CARVALHO, Edgar de Assis. Enigmas da Cultura. São Paulo, Cortez, 2003.


CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. vol. 1, 9ª. ed. Revisada e ampliada. São Paulo, Paz e Terra, 2006.


________. A Galáxia Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.


FLORIANI, Dimas. Conhecimento, Meio Ambiente e Globalização. Curitiba: Juruá, 2004.


KELLNER, Douglas. A Cultura da Mídia – Estudos Culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.


KLIKSBERG, Bernardo. Falácias e Mitos do Desenvolvimento Social. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.


LEFF, Enrique (coord.) A Complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.


MORIN, Edgar. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Cultura e Política no Mundo Contemporâneo: Paisagens e passagens. Brasília: Ed. UnB, 2000.


SACHS, Ignacy. Sociedade, Cultura e Meio Ambiente. Palestra Ecole des Hautes Etudes em Sciences Sociales, Paris, França. Revista Mundo & Vida. Vol. 2(1), 2000. Disponível em . Acesso em 21/05/2007.


SANTOS, Boaventura de Souza. Um Discurso sobre as Ciências. São Paulo: Cortez, 2003.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Cientificismo, Conscientização e Práticas

Os temas tratados são necessários para entender a questão ambiental de forma mais ampla e complexa. Alguns autores colocam como ponto de partida para reflexão o “patriarcalismo”, ou seja, a noção do homem como ‘chefe de família’, responsável pelo bem-estar de todos. Tal noção substitui o respeito e importância dado às genitoras da vida, as mães sagradas e sábias ao longo do tempo se tornam "submissas e secundárias" na história social. Essa é uma das principais críticas do movimento feminista que contestam a legitimidade do poder exercido por sociedades “machistas” (V. Almino, 1993/2004).
A ciência moderna acumula conhecimentos usados desde a antiguidade grega, melhorados com o avanço de instrumentos e teorias para comprovarem ou negarem as afirmações de teóricos antigos. Mesmo que o átomo seja hoje uma denominação para uma partícula não tão indivisível como se pensava a importância histórica de seu nome parece ser mais forte do que o conhecimento adquirido. Assim como os índios nativos do Brasil foram, à época do descobrimento, confundidos como nativos da Índia, onde os navegadores portugueses achavam que se encontravam. São hoje considerados índios de uma forma “politicamente correta” pela sociedade, pois os viventes na Índia serão vistos como indianos.
A nomenclatura é então grande parte do conhecimento e início de muitas teorias, a palavra tem força, seja para o entendimento mútuo, para efeitos diminutivos e pejorativos ou para expressar intenções profundas e às vezes confusas. O conhecimento não deve, nem pode ser separado da crise ambiental (LEFF, 2003). Não podemos esquecer que a ciência segue a certos propósitos e interesses sejam bio-sócio-políticos, econômicos ou culturais, coletivos, empresariais, individuais. Cada um com suas nuances, seja nos objetivos buscados, na ética e responsabilidade de seus executores.
O processo de desenvolvimento das diversas tecnologias de comunicação permite que informações sejam trocadas de forma praticamente instantâneas de partes distantes do globo. A divulgação de notícias se espalha com recursos cada vez mais acessíveis à população em geral, mesmo assim os noticiários da televisão aberta brasileira conseguem transmitir as mesmas notícias, onde o diferencial maior é a ordem da notícia. Isso nos faz questionar o que ocorre com um país de aproximadamente 184 milhões de habitantes para que emissoras diferentes transmitam as mesmas notícias?
A televisão é o principal veículo de informação e entretenimento da população; a Mídia como um todo se torna cada vez mais uma instituição de poder na sociedade moderna, capaz não só de informar, como formar opiniões e interferir no cotidiano da população.
A reflexão deve ser cotidiana e parte indispensável da atualidade, procurar por informação não deve ser feito sem uma reflexão crítica que o momento exige, não é só necessário uma cultura de informação, mas uma cultura de conscientização de forma cada vez mais dinâmica, participativa e transdisciplinar para além do senso comum (MORIN, 2003; LEFF, 2001/2003; SANTOS, 2003; SORRENTINO, 2002).
As diversas teorias sobre como “solucionar” o “problema ambiental” passam por tais processos descritos acima e variam de afirmações messiânicas com futuros imaginários teóricos de caos e/ou salvação da natureza e da humanidade; grandes movimentações de grupos, organizações e instituições; até práticas pessoais de simples gestão e reflexão sobre o uso e consumo. Esses são alguns exemplos de possíveis ações, mas não podemos esquecer que seja o desenvolvimento de uma teoria ou a gestão de organizações são praticas feitas em sua maioria por seres humanos.
Em outras palavras, todas as grandes estruturas abrigam estruturas menores e quando falamos na organização da sociedade há sempre o envolvimento dos indivíduos neste “sistema”. O indivíduo que pode ser afogado pelas vozes das massas, pelas ações arbitrárias e ditatoriais, pelas mazelas e conseqüências que ocorrem também sem a interferência humana, mas ainda assim indivíduo e por mais estranho que pareça – único. Afinal de contas as experiências, ou melhor, as percepções das experiências que, um ser humano tem ao longo de sua vida basicamente definem algumas premissas desta pessoa: sua visão de mundo, comportamento e atitudes.
Um exemplo acentuado e hipotético: dois irmãos podem compartilhar boa parte, ou a vida inteira juntos, como se estivessem ligados (gêmeos congênitos, talvez “siameses”), seja por viverem juntos e passarem pelas mesmas experiências de tratamento familiar, escolares e cotidianas. Lembramos que isso se trata de um exemplo acentuado, mas mesmo com esses mesmos tratamentos a interpretação de cada um será diferente. Um deles pode achar que está tendo uma atenção diferenciada ou que o outro está sendo privilegiado em uma determinada esfera de relações. Além disso, por mais que se pareçam, suas idéias, raciocínios, interesses e atitudes podem, e o mais provável é que se diferenciem ao longo do tempo: como torcer por um time de futebol, ter mais facilidade em se expressar ou para fazer cálculos, entre outras.
Isso leva a outra questão: é o meio social que nos “formam” como indivíduos? Nossas experiências nos “definem” como pessoas? Há algo realmente que nos define? O que fazemos? O que dizemos? O que pensamos? E por que pensar para além do indivíduo, então?
Essas entre outras são algumas questões que devemos tratar ao longo do tempo e que tem importância fundamental para o debate ambiental.

Referencias Bibliográficas

ALEXANDRE, Agripa Faria. A Perda da Radicalidade do Movimento Ambientalista Brasileiro: uma contribuição à critica do movimento. Blumenal: Edifurb, Florianópolis: Editora da UFSC, 2000.

ALMINO, João. Naturezas Mortas: A filosofia política do ecologismo. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 1993.
__________. Naturezas Mortas: A filosofia política do ecologismo. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora; Barléu Edições Ltda, 2004.
ANDERSON, Alison. Media, Culture and the Environment. New York: Routledge, 1997.

BURSZTYN, Marcel (org.). Ciência, Ética e Sustentabilidade: desafios ao novo século, 2ª ed. São Paulo/Brasília: Cortez/UNESCO, 2001.
CARVALHO, Edgar de Assis. Enigmas da Cultura. São Paulo: Cortez, 2003.

FERREIRA, Leila da Costa. Idéias para uma sociologia da questão ambiental – teoria social, sociologia ambiental e interdisciplinaridade. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente n. 10 p. 77-89, Editora UFPR: Paraná, 2004. Disponível em . Acesso em 21/03/2007.
FLORIANI, Dimas. Conhecimento, Meio Ambiente e Globalização. Curitiba: Juruá, 2004.

LEFF, Enrique (coord.). A Complexidade Ambiental. São Paulo: Cortez, 2003.
_______. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder. Petrópolis: Ed. Vozes; México: Pnuma, 2001.
MORIN, Edgar. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.

RIBEIRO, Gustavo Lins. Cultura e Política no Mundo Contemporâneo: Paisagens e passagens. Brasília: Editora UnB, 2000

RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001 a.
_______. A ordem ambiental internacional. 2ª. ed, São Paulo: Contexto, 2005.